quinta-feira, abril 5

Os calos do trabalho romperam as 'meias' ao Benfica

Para quem apregoa que o trabalho compensa, muito tem que ouvir da equipa do Benfica depois da eliminação, nos quartos-de-final da Champions League, frente ao Chelsea. Os encarnados foram a Stamford Bridge discutir a eliminatória com dois centrais adaptados, um defesa esquerdo e um trinco habituais suplentes, e ainda tiveram que disputar mais de 50 minutos com um elemento a menos. Ainda assim, contra todas as adversidades, foram sempre a equipa que mais quis vencer e a que empregou mais qualidade aos jogos. Ao Chelsea 'bastou-lhe' envergonhar a intensidade do futebol britânico para vergar as águias. Haverá maior insulto ao brio?

Jesus tinha avisado e cumpriu, foi a Londres para discutir a eliminatória com um Chelsea que levou um golo de vantagem (Kalou) para a 2.ª mão. Mas antes de avisar e cumprir, o técnico teve que se haver com um surto de lesões no sector defensivo tendo por isso de adaptar dois 'corpos estranhos' ao lugar de defesa-central. Javi Garcia e Emerson (o patinho feio da Luz) foram os eleitos e as unhas que se roíam nos minutos que antecediam a partida muito tinham a ver com essas adaptações.

Mas como de costume sempre que se 'adivinham' massacres, a montanha pare um rato. Isto porque do outro lado estava uma equipa totalmente desinteressada do jogo. O Chelsea ostentou, desde início, uma postura displicente e empregou um nível de intensidade ao jogo que não passou do zero. Com isto a lição que Jesus deu aos seus jogadores - jogar sempre com certeza, de pé para pé, tentando nunca partir o jogo - tornou-se algo insuficiente para um domínio tão esclarecedor. Já o nível que o Chelsea exibia não aproveitava uma previsível má coordenação na defesa do Benfica, que, diga-se, não chegou a acontecer.

Assim, os blues, aproveitando a folga que a Lei do Trabalho meteu na passada quarta-feira, chegaram ao golo sem nada fazer por isso. O penálti (bem assinalado) convertido por Lampard dava um ar de grande injustiça mas, como se não bastasse, à equipa de Di Mateo ainda lhe foi oferecido outro brinde. Maxi Pereira, que já havia visto um amarelo por razões desconhecidas, entrou de 'pitons à mostra' e o árbitro ficou ofuscado pelos 'placards' da Uefa que dizem Respect! Não leu o jogo, seguiu a máxima à letra e reduziu a dez a equipa que mais trabalhava para dar qualidade ao jogo.

Mais uma contrariedade a que o Benfica respondeu com... trabalho. Entrou na segunda parte a querer (finalmente) marcar na eliminatória, mas - como já avisámos - a Lei do Trabalho havia metido folga. Cardozo e Aimar que o digam, quando viram os seus bons remates não entrar na baliza de Cech. Jorge Jesus não desistia e trocava o calculismo da primeira parte pela velocidade de Nélson Oliveira, Djaló e Rodrigo. E desta feita foi mais um improvável a assustar os blues. Por três vezes, Yannick, esteve bem perto de marcar. Na última, com uma excelente cabeçada, obrigou Cech a ceder o canto que haveria de dar o empate ao Benfica. Javi Garcia (85') saltou mais alto que toda a gente e, à boca da baliza, cabeceou para uma igualdade que fazia, de novo, o Benfica sonhar com a passagem às 'meias'.

Com pouco tempo para jogar, o jogo, finalmente, partiu e a intensidade subiu. Mais uma vez, foi um Benfica reduzido a 10 que mais tentou e trabalhou, mas... que se entenda de vez uma coisa: a Lei do Trabalho estava de folga! E a prova disso foi a 'cavalgada' e excelente remate de Raúl Meireles (90+2') no segundo golo dos blues. Caiu assim por terra a Paixão de Jesus que, por mais que 'escondesse', queria seguir em frente na Champions como pouca coisa quis na vida. Mas este Benfica de Jesus ganha toda a legitimidade para ressuscitar - não no domingo de Páscoa mas na próxima segunda-feira - frente ao Sporting. É que se este percurso na Liga dos Campeões não der moral, o que dará?

5 comentários:

Tasqueiro Emigrante disse...

Parabéns à equipa portuguesa...que passou.

Pedro disse...

"É que se este percurso na Liga dos Campeões não der moral, o que dará?"

Nem mais.

Peyroteo disse...

Foi uma boa campanha do Benfica, deu boa imagem de si e do futebol português.
Este Chelsea não é o de Mourinho, funciona mal como equipa, mas ainda assim tem jogadores de enorme qualidade e era uma tarefa muito complicada.
Quanto a 2ª feira, é um derby, o que por si só já motiva. E acaba por ser importante para os dois, ainda que, infelizmente para o meu clube, lutar pelo 4º lugar não seja tão apelativo como lutar pelo 1º.

LDP disse...

"Quando o fanatismo é maior que a coerência..." Quem disse isto?

Terá sido o gajo que disse também "Parabéns à equipa portuguesa...que passou."?

Sobre o post, Marco, agradeço-te pela eloquência no explanar da visão sobre o que se passou. Abraço

Anónimo disse...

É o melhor blogger portista e esta é só mais uma prova disso mesmo.

Abraço