quinta-feira, fevereiro 21

San Siro fechou a eliminatória a cadeado

A maioria, mais uma vez, morre enganada. É defeito delas que, raramente, acertem. Antes, a 'certeza' de que o 'Todo-Poderoso' FC Barcelona esmagaria o AC Milan, para depois se abrirem as bocas de espanto. Em todos os desafios recentes entre as duas equipas é vendida a sensação de que o Barça se vingará do penoso 4-0 orquestrado por Savicevic, em Atenas. Em 1994 caiu o 'Dream Team' e 19 anos volvidos a melhor equipa da história corre semelhante risco. O facto de não ter conseguido marcar em San Siro pode ser indicador de desgraça para uma formação que tem sofrido golos em quase todos os jogos. Uma diferença que seria fatal para todas as equipas do Mundo pode ser a confirmação absoluta do projecto iniciado por Pep Guardiola, ou o seu enterro. Em Camp Nou se verá o desafio mais transcendental para o modelo catalão. Até lá nenhum 'cartaz' será tão bom.

O primeiro sinal foi dado bem cedo. Ao minuto 2, Valdés prepara-se para bater um pontapé de baliza, mas, antes, aponta ao meio com os braços. Nesse momento a restante equipa não foi filmada mas percebem-se momentos de alguma indecisão, pois Victor é forçado a fazer o mesmo gesto duas vezes. Antes de bater, o guardião faz ainda cara de 'confiem em mim, é melhor assim'. Pela direcção da cabeça de Valdés o seu gesto foi para a lateral direita, ou para Dani Alves ou para... o banco catalão. Pormenores que provavelmente nunca saberemos, mas que davam um 'jeitão' para discernir o porquê do Barcelona abdicar da sua filosofia de 'sair a jogar' constante.

Como sabemos, foi uma ordem que Pep Guardiola incutiu. Saindo-se a jogar, sempre, ganham-se várias coisas. A bola é redonda mas nem sempre chega nas melhores condições ao meio-campo adversário. Saindo a jogar desde a baliza o Barcelona consegue na esmagadora maioria das vezes fazer a bola chegar onde mais lhe interessa bem 'redondinha', fácil de dominar. A simplicidade do processo pode também fazer uma de duas coisas. Ou chama o adversário para pressionar, desprotegendo-o atrás, ou relega-o para o último terço onde sofrerá inúmeros golpes até cair.

Ontem quando Valdés abdicou disso - talvez pelo estado da relva ao pé das balizas - o Barça abdicou do real controlo do jogo. Bater para o ar é bater para o adversário e talvez por isso a tão afamada 'posse catalã' não tenha chegado perto dos 75% que Pep, e agora Tito, tanto gostam.

Depois há o Milan. O 'cadeado' italiano continua bom e recomenda-se. Ninguém o faz tão bem porque ninguém é tão despreocupado com estética. Foram várias as vezes que pudemos ver duas linhas de cinco homens, focados essencialmente com dois momentos do jogo. Tentem fazer isto noutra cultura e verão várias vezes os atletas fugirem do seu lugar, stressados com a constante falta de bolas e de ataques. Mas no AC Milan não. A muralha não se desfaz tanto quanto não se desfaz o 'tiki-taka' catalão. E depois há o pormenor das transições (o outro momento de jogo que o AC Milan esperava tranquilamente). É que defendendo com todos, há a hipótese de depois não ter ninguém para  atacar (veja-se a Académica na Luz). Mas no Milan, não. Os atacantes cheiram a transição e quando ela é obtida (contra o Barça as transições obtêm-se, não acontecem) já eles estão em posição de criar ataque perigoso.

E assim correu o mais sofrível e angustiante jogo desde que Guardiola aperfeiçoou o modelo. Diziam que qualquer um os treinava e chegou Tito. Hoje Tito não está, por razões bem mais importantes que futebol, e o mito de que até sem treinador este Barça joga cai por terra. Faltou pulso, faltou evolução, faltou ideia nova. O 'tiki-taka' reinventa-se todos os jogos, transcendendo o anterior. Mas sem líder, sem ordem, sem Tito, o Barcelona não criou oportunidades em San Siro e acabou por sofrer dois golos que o deixam à beira do abismo. Jordi Roura é um bom rapaz, com historial blaugrana, mas não tem esse perfil. Nem todos treinam o Barça, nem ninguém 'com uma perna as costas' ganharia a Champions. Dizer isso é ter falta de respeito pelo futebol, ter falta de respeito pelo colosso Milan, pela sua filosofia e pelo seu território. Basta dizer que este 'fraquinho' AC Milan ganhou ao Barça como nunca o Real de Mourinho ousou fazer. Sem espinhas!

50 comentários:

Tasqueiro Emigrante disse...

Tirem-lhes e Xavi, Iniesta e o Messi e vão ver onde pára o Barça.

Marco Morais disse...

Logo três?! Agora imagina que ficávamos sem o Moutinho, o Lucho e o James. Assim, todos de uma assentada...

Pedro disse...

O que mais admiro no Barça até é algo que pode ser perfeitamente "copiado" por qqr equipa: o posicionamento em campo dos seus jogadores. Principalmente no momento defensivo é assombroso. A forma como pressiona o adversário sem bola é asfixiante. E isso não resulta de nenhuma qualidade técnica individual mas sim de táctica e treino, logo qqr equipa pode ter aquele modelo e postura. O que o Barça faz com bola aí sim, já depende dos Xavis, Iniestas e Messis desta vida. Por isso defendo que sem eles o modelo pode ser igual mas o sucesso será diferente.

A pressão que o Barça faz sobre o adversário quando não tem bola obriga a q este use o chutão para a frente "com medo" de perder a bola em zona defensiva. Ontem o Milão fez tantas e tantas vezes isto após cortar ataques do Barça. Não saía a jogar mas sim o importante era tirar a bola dali que ía parar aos pés dos defesas do Barça e lá vinha nova onda ofensiva.

Por vezes o chutão funciona e nem sempre as coisas no Barça correm de feição. E os moços já não vão para novos...

Tasqueiro Emigrante disse...

Porto e Milan foram os únicos que venceram os jogos em casa realizados.

J. disse...

Grande Marco, excelente post!!!

Mas cheira-me que estamos aqui a sobrevalorizar a vitória de ontem do Milan.
Aquele primeiro golo é uma vergonha!!! Que árbitro valida aquilo? Nem os benfiquistas aqui lhe chamariam uma "proença".
Depois sim faltou pulso no banco e o Bara desestabilizou-se.
Mas acho que isto pode muito bem mudar na segunda volta...

LDP disse...

O Barça tem um grande problema dividido em três partes: Villa e Alexis e quem entrará para o lugar de um destes na próxima época.

Não fazendo parte do seu orgânico, porque o seu estilo de jogo priveligia uma outra linguagem, parece-me ainda assim inconcebível que no plantel do Barcelona não haja um pinheiro.
Ontem foi mais do que evidente que o Barcelona não entrava na área do Milan (e já todos vimos outras equipas defenderem ainda mais atrás que os italianos ontem) nem á lei da bala, e acabaram com Pique a ponta de lança bem ao estilo de Rui Patrício contra os Estoris desta vida.

Ou porque o relvado é mau, pela chuva ou pela neve, ou porque algum Manchester United decide jogar como a Académica, não poucas vezes tenho visto o Barcelona depender unica e exclusivamente de Messi e dos seus 4 golos de cada vez ao Logrones ou ao Real Oviedo. Recordes que ficam mais fáceis de bater, porque quando se joga "a sério", Messi tem apenas dois golos no curriculum em mais de 10 jogos contra equipas italianas e pasme-se, são dois penalties. Por exemplo...

Sobre o Barcelona pode-se ficar horas e dias a falar, e se há jogo que me irrita desde há anos é o seu, ainda assim vejo-o como um fenómeno de estudo.

Aplicando a filosofia ao futebol, e sem mencionar os grandes mestres do jogo, deixo-vos um exercício:
"tirem-lhes Rijkaard, Gullit e Van Basten e vão ver onde tinham ido parar."
"tirem-lhes Zidane, Del Piero e Trezeguet e coiso e tal."
"tirem-lhes Hugo Sanchez, Butragueno e Buyo e rebéubé."
"tirem-lhes Kluivert, De Boer e Van der Sar e cada macaco no seu galho."

e por aí fora. São os génios incompreendidos da nossa praça.

LMGM disse...

Já agora, se não for pedir muito, metam lá o Moutinho, o Iniesta e o Falcão na Académica e vamos lá jogar à Luz outra vez...

O que faltou à Académica foi qualidade a sair em contra-ataque, de resto, cá como lá, a chave para definir o placard foi igual, o critério do árbitro...

LDP disse...

"O que faltou à Académica foi vontade a sair em contra-ataque..."

Acho que era isto que querias dizer.

Anónimo disse...

LMGM, não podia discordar mais de ti.

Já vi centenas de adversários "pequenos" na Luz. Já vi dezenas de Académicas na Luz. Já vi a Académica vencer, muito recentemente, até.

O que a Académica fez, ofensivamente, foi ultrajante. Não houve a mínima vontade em atacar. Já todos vimos a Académica a atacar.

O Emanuel bem que se desculpou com "nós quisémos mas nada nos saíu bem". É mentira. Não quiseram.

O árbitro teve um critério equilibrado no anti jogo da Académica. Podia perfeitamente ter dado muitos mais amarelos (foram dois, apenas).

Quanto ao critério no lance do penálti, acho que não devemos censurar um árbitro que cumpre as regras. Não é uma questão de critério.

O único momento em que não concordei com o critério foi quando considerou que o Cabral cortou um lance com a mão (penálti claro) e ele considerou "bola na mão".

Quanto ao post, mais um excelente capítulo do Marco.

Acredito que o Barça vai dar a volta. Têm tudo para tornar o jogo simples.

LMGM disse...

LDP, pensava que eras um homúnculo só a opinar mas afinal também o és a achar. Longe e distância...

Luis, dizes que não quis eu digo que não foi capaz, não tem/teve qualidade e capacidade para o fazer. Mas assim que o Boateng, o Touré e o Tevez chegarem vais ver como elas mordem...

Anónimo disse...

Se o Benfica tivesse feito um jogo bastante acertado e até com alguma intensidade, ainda comia essa.

A estratégia da Académica é lícita. Aliás, no post que fiz referi que nunca recorreram em excesso à agressividade. Foi antes uma estratégia de ocupação de espaços. No seu próprio meio-campo, apenas.

Em Coimbra, apesar do roubo que nos fizeram, sempre se viu a equipa a subir, a contra-atacar, apesar do perigo nulo dessas investidas, em especial na segunda parte. É a mesma equipa.

Unknown disse...

Percebo o post, mas ontem cheguei ao fim do jogo com uma sensação totalmente oposta.

Como já tive a oportunidade de escrever noutro blog, devo dizer, como ponto de partida, que não gosto particularmente do Barça (Clube).

Por isso mesmo ontem, no início do jogo, até acharia piada a uma vitória do Milan.

Mas depois do jogo invadiu-me uma sensação muito estranha.

Vamos ser sérios. O Milan, um dos maiores colossos europeus, que até já espetou quatro batatas ao Barça numa final europeia, jogou no seu estádio, perante o júbilo dos seus adeptos, como não sei se o Pampilhosa jogaria contra os grandes do futebol português numa qualquer eliminatória da Taça de Portugal.

O que aconteceu ontem, apesar de ter sido uma derrota, apesar do Barça ter rematado apenas 2 ou 3 vezes, foi o reconhecimento mais cabal da superioridade futebolística do próprio Barça.

É que, com o devido respeito, eu até perceberia isto num Galatasaray, num Málaga, num Shalke, num FCP, num Valencia.

Até perceberia se, tal como aquela célebre eliminatória com o Inter, fosse uma estratégia a seguir depois de um bom resultado na 1ª mão e fazendo face a uma precoce expulsão de um jogador.

Mas... porra! O Milan AC? No seu próprio estádio? Na 1ª mão dos oitavos de final? Com os adeptos a aplaudir esta estratégia como se tivessem ganho a própria Champions?

Haverá, de facto, maior prova de reconhecimento à superioridade da outra equipa???

Julgo que não.

E de repente, numa derrota, num jogo sem sumo, fiquei a gostar ainda mais do Barça (equipa), porque de facto eles são, cada vez mais e reconhecidamente, os melhores.

Pedro disse...

Mas Dina, ninguém tira o valor ao Barça. Os adeptos, naturalmente, querem é vencer.

Se o Milan afastar o Barça com esta estratégia não deverá haver um único adepto preocupado por ter sido desta forma.

Marco Morais disse...

Divã Leonino,

Compreendo os argumentos, mas acho que lhes foge da equação a questão cultural.

O que vimos ontem é jogar à Milan. Com maior ou menor submissão, com maior ou menor qualidade, não é estranho para o AC Milan, ou para a maioria das equipas italianas, fazê-lo.

Aliás, ninguém o sabe fazer tão bem como eles. As leis permitem-no, como permitem ao Barça fazer jogo passivo com bola. É legítimo e chama-se estratégia. Gostar ou não, divertir ou não, é irrelevante.

As equipas dependem de resultados e esta é a forma 'mais fácil' de fazerem frente a quem treina melhor, a quem joga melhor. Mas, repetindo, não é culturalmente italiano querer roubar a bola ao Barça.

Há várias técnicas de luta que usam a força do adversário contra ele. Comparo o 'cattenacio' do Milan, de ontem, a essas técnicas.

A minha preferência recai pelo futebol do Barcelona, do qual sou adepto há 20 anos. Adoro todo o 'modelo Guardiola' mas tenho imenso respeito pela cultura italiana e por outras formas de abordar o jogo. O futebol não se deve esgotar só numa.

Tasqueiro Emigrante disse...

Imagino os jornais espanhois nestes dias todos AZIADOS!

Terça foi o Málaga...ontem o Barça...

Imagino as capas "Barça Robado en San Siro"


Tomem rennie que isso passa!

Unknown disse...

E agora vou mandar outra posta de pescada, que me parece clarinha como água:

Se o Barça for eliminado o fcp torna-se um dos principais favoritos a ganhar a champions.

E digo-o por uma simples razão:

É que o tal jogo de "posse" do fcp só é superado por uma equipa neste momento, chamada Barça, e, obviamente, contra esta o fcp dificilmente teria hipóteses.

Já em relação a todos os outros (com reservas relativamente ao Bayern) parece-me que o jogo de "posse" do fcp seria bem sucedido.

Além disso, ninguém imagina um Milan AC a entrar em campo contra o fcp como entrou contra o Barça...

Ou seja, também o papel de "outsider" pode funcionar muito a favor do fcp.

Além disso, não nos esqueçamos que ou o Man Utd ou o Real vão à vida, e que o sorteio dos quartos também pode ditar boas surpresas...

De facto, com o Barça fora, a meu ver, as hipóteses do fcp aumentam de uma forma brutal.

É claro que tudo isto depende da manutenção desta forma e da ausência de lesões, sobretudo daquele que muito me custa que jogue de azul e branco, Moutinho.

Com o Barça fora, e se nada de anormal acontecer, o fcp tem boas hipóteses... se tem...

Marco Morais disse...

Aproveito também para abordar a questão que aqui tem sido discutida, relativa ao Benfica-Académica.

Por diversas vezes apareço aqui a criticar o estilo de jogo das equipas que se deslocam aos estádios dos grandes.

Somos portugueses, não somos italianos. Temos nos genes dos jogadores o toque e a posse de bola. Mas temos, também, nos genes dos treinadores, os modelos ultra-defensivos.

Não acho a abordagem da Académica a ideal. No máximo dar-lhe ia um ponto. O que elogiei no Milan foi também a capacidade de defender com todos e mesmo assim soltar transições. Não me parece que a Académica não o conseguisse fazer, se assim entendesse. Preferiu não partir o jogo e abdicar de atacar.

Com os números que obteve, em 100 jogos não ganharia um. Em mil, também nem um para amostra ganharia. Compreendo, por isso, quem diz que 'envergonha' o futebol.

Mas é estratégia e só quem lá está, sujeito àquela pressão, é que tem de escolher entre as estratégias possíveis.

Pedro disse...

É Divã e não Dina, como é óbvio!!
:)

LDP disse...

Marco, eu diria antes o 'modelo que Guardiola limou e deu ao mundo'.

De facto o Barcelona de há uma década para cá merece que lhe façam um documentário ao mais alto nível cinematográfico. Mas isso seria oferecr muitas deixas aos adversários para: a)copiar a cultura orgânica do clube a nível de futebol; b)ensinar, sempre aos adverários, como bater mais vezes os catalães.

É que o modelo de Guardiola tem muito mais de modelo holandês do que parece. Não foi á toa que a entrada de Rijkaard deu ao clube algo que quase tinha perdido. De 1999 a 2004 passaram anos de seca e foi Rijkaard que devolveu os títulos e consolidou os processos de formação copiados do Ajax. Depois foi só alimentar a máquina ano após ano, desde as escolas ( p. ex. Messi entrou lá com 13 anos ou algo assim), e esperar. Não esperar para ganhar, mas esperar ganhando.

Mais do que uma escola, o Barcelona é hoje uma Universidade de Futebol. Uma das provas é a equipa de topo (ao nível de processos e movimentações com e sem bola) que apresentaram recentemente quando o Benfica foi a Camp Nou: uma data de putos que antes ainda de serem jogadores de futebol são já jogadores 'do Barcelona'.

Como disse antes, ainda que me irrite o tiki-taka, poderei passar horas e horas a discutir o Barcelona num mais ou menos restrito grupo de homúnculos, mais ou menos ignorantes também.

Marco Morais disse...

Divã,

Já fiz algumas conjeturas nesse aspecto, mas nenhuma me põe totalmente confiante.

O jogo de posse do Porto ainda não foi provado fora de casa. Está a léguas do Barcelona, nesse sentido. Com perseverança pode caminhar para algo bom, mas nunca àquele nível.

Quando as dificuldades surgem, ainda não há crença para aguentar o modelo. Veja-se Paris, por exemplo.

Que a conjuntura já me lembrou a de 2004, isso já. Mas primeiro, Málaga. O que vier a seguir, é ouro sobre azul.

Unknown disse...

Marco, percebo a questão cultural.

Sei o que é e o que foi o cattenacio, mas aquilo ontem foi muito mais do que isso, e tem precisamente a ver com o brutal respeito que existe pelo estilo de jogo do Barça, o qual, como sei que tu reconheces e valorizas, marcará para sempre a história do futebol.

Ninguém coloca em causa a legitimidade do Milan em fazer aquele tipo de jogo. Como dizes e bem, tudo é estratégia, e o que fica para a história são, essencialmente, os títulos.

Agora para um apaixonado pelo futebol como sou, ver um emblema como o Milan, que até tem mais títulos europeus que o Barça, a reconhecer, desde o primeiro minuto, que só julgando ultra defensivamente, na sua própria casa, teria hipóteses de conseguir qualquer coisa, é algo que, para mim, ainda engrandece mais este Barça.

Unknown disse...

Pedro, não há problema. Percebi.

SL

Marco Morais disse...

LDP,

É uma boa discussão.

Parece-me claro que o Guardiola é o criador deste modelo. O jogo de Rijkaard, apesar de ter preceitos parecidos, não segue as mesmas linhas.

Obviamente Guardiola foi beber a outros lados, para criar a sua ideologia. Toda a gente o faz, é quase tão linear como dizer, à garoto, que 'o ar é de todos'.

Tarantino criou Kill Bill. Inspirou-se em 50000 filmes, utiliza 50000 símbolos já usados, mas aquele estilo é, claramente, dele. Pegou em tudo, 'mesclou' e inovou.

Guardiola, parece-me, fez o mesmo.

Marco Morais disse...

Divã,

A superioridade do Barça tem sido tão evidente, que torna o catenaccio ainda mais catenaccio.

Eles não se importam, acredita. A nós faz-nos confusão porque temos outra cultura.

Mais importante que gostar ou não gostar, é tentar perceber porque eles o fazem, porque eles amam aquilo.

Se somos apaixonados pelo futebol, temos forçosamente de amar aquilo também.

Faz-me lembrar aquela rapaziada que diz que ama mulheres, mas aparece-lhes uma feia e fogem. Feio ou bonito, tudo é futebol, desde que dentro da lei. Já o Milan, não tem problemas estéticos =)

LDP disse...

Talvez em termos tácticos sim, Guardiola. Mas o que se esconde atrás das cortinas da formação parece-me que foi Rijkaard a impulsionar mais do que os seus predecessores. Primeiro a impulsionar botando na terra importantes sementes (jogadores e estratégias de know-how), depois a regar deixando Guardiola recolher os frutos.

Porque é isso que sustenta o Barcelona: a formação.

Para mim é esta a grande chave. E quando Guardiola pegou na equipa a formação já estava formada, passe a expressão. Aliás, o próprio modelo de formação criou Guardiola e agora Tito.

Unknown disse...

Marco,

Em relação ao fcp, o jogo de posse hoje está muito mais consolidado do aquando da fase de grupos.

Além disso a ida de Izma para o fcp (mais um atentado dos meus pares!) dá uma coisa ao fcp que ele não tinha - mais liberdade de acção a Moutinho, que pode assim recuperar bolas mais à frente pois sabe que pode contar com Izma a fechar os buracos.

Isto no Sporting acontecia muitas vezes e eles jogaram juntos muito tempo e como tal é natural que as trocas sejam muito mais fáceis e intuitivas do que com Defour, por exemplo.

Acho mesmo que o golo de Moutinho contra o Málaga é já reflexo disso.

É claro que tudo isto é muito sensível, até porque o plantel está no fio da navalha.

Mas olhando para os outros clubes, e considerando o factor surpresa (é que uma coisa é uma equipa estar preparada para o jogo de posse de um Barça, outra é ser surpreendida por um jogo de posse de um fcp...) creio mesmo que as hipóteses do fcp aumentam muito com o Barça fora de competição.

SL

Marco Morais disse...

A possível eliminação do Barcelona abre maiores possibilidades a todas as equipas. Se o Real Madrid cair também, então isto vai ser só outsiders com Man Utd à cabeça.

Se o Porto passar e apanhar o vencedor do Schalke-Gala, aí podemos começar a pensar em chegar a uma meia-final supermotivados para jogar em qualquer campo.

A Champions é uma competição que não poupa quaisquer tipo de erros. E Paris, não me convenceu. Málaga tirar-me-á a dúvida =)

Anónimo disse...

Também acho que Málaga servirá para vermos do que é este FCP capaz. Para já é aquilo tudo que tem sido dito, pese embora não tenha defrontado ainda um colosso.

Mas o FCP foi campeão europeu a defrontar clubes como o Deportivo e o Mónaco por isso é lícito que os portistas acreditem em defrontar Galas e Shalkes.

E até digo mais: se forem todas as equipas eliminadas, o FCP nem tem de jogar.

"então isto vai ser só outsiders com Man Utd à cabeça"

Mesmo com o Bayern desta época ou o Milão em prova? Acho que o ManU é menos favorito.

Tasqueiro Emigrante disse...

coitado do luis...anda a defrontar colossos pela Liga EUropa fora

Marco Morais disse...

Luís,

Também eu acredito que o Porto de 2004 se fez Campeão Europeu, jogando com equipas de menor 'craveira'.

Apanhando um Schalke ou um Galatasaray nos 'quartos' poderíamos chegar às meias em condições de defrontar os tão perigosos Bayern e Milan. Isto se ainda estiverem em prova :P

O Manchester United é para mim o mais forte candidato caso o Barcelona fique pelo caminho. Chegando às meias ficaria mais contente de ir a Munique ou a Milão que a Old Trafford. Se lá chegarmos explico-te porquê, até porque não sou perito em futurologia.

Aliás, se lá chegarmos e eles lá chegarem esta opinião vai ser consensual.

Marco Morais disse...

E nem posso explicar melhor. É que o feeling (o mero feeling) que tenho em relação a um Milan-Porto, ou um Bayern-Porto, pode descredibilizar o post que hoje escrevi.

São jogos diferentes mas não me meteriam em sentido como um Manchester-Porto.

De qualquer das maneiras, parecem-me hipóteses remotas. Barcelona e Real podem muito bem seguir em prova.

Pedro disse...

Se há equipa que pode espetar 4 ou 5 a qqr outra equipa em qqr estádio, essa equipa é o Barcelona..

Tasqueiro Emigrante disse...

Desde que não jogue com a equipa C

Hugo disse...

Convem lembrar que so apanhamos o Depor em 2004 porque estes se lembraram de dar a volta a uma derrota de 4-1 em Milao.
De resto esta aqui uma boa discussao sobre o Barca ao contrario de blogs como o entre dez onde impera o fanatismo .

Unknown disse...

Marco,

Voltando ao tema do post, a tua comparação com as mulheres é extremamente feliz, sendo que eu tiraria umas conclusões ligeiramente diferentes... :)

É que um gajo gosta de mulheres, mas gosta mais de umas que outras, e no que toca ao prazer, então...

Um gajo até pode gostar de uma gaja menos boa, casa com ela, tem filhos dela, ama-a. Quererá sempre que ela seja feliz, independentemente das curvas, mas tesão tem é pela vizinha podre de boa, ou não é assim?

Marco, de facto a bola é como as gajas, e de facto a estética faz toda a diferença...

Daí as minhas conclusões do jogo de ontem. É que os adeptos do Milan amam a sua equipa. É deles e de mais ninguém. Vão sempre querer ganhar, mesmo que a sua equipa seja feia. Mas o que lhes dava mesmo tesão (embora não o digam!), era ganhar a jogar como joga o Barça, pois essa equipa é que ficará para a história.

E com as gajas é a mesma coisa. Até podes ter um milhar no teu registo, mas aquela mesmo boa, que todos cobiçam mas só tu foste lá, é que fica para a história, é que será sempre tema quando um gajo se juntar para comer uma francesinha e mamar uns finitos!

P.S.: Isto foi um pouco brejeiro e temo o folllow up, mas era difícil passar a mensagem por outras palavras... (podia ter sido pior, acredita! :))

SL

Anónimo disse...

E o Mónaco eliminou o Real Madrid, também com um reviralho.

Impressionante essa sequência.

abraço

Marco Morais disse...

hahaha, muito bom, Divã Leonino!

Eu sei que é assim e eu não fujo à regra. Todos temos preferências mas o que quero realmente sublinhar, é que não somos verdadeiramente apaixonados por futebol se não amarmos o que Milan fez ontem. É que aquilo, é futebol!

O verdadeiro amor é incondicional e ama também jogos aborrecidos, porque são, isso mesmo, futebol. Obviamente parecerá inteiramente impossível alguém amar todas as mulheres e todos os tipos de futebol. E é aí onde quero chegar.

Seremos mesmo amantes do futebol, quando vemos o Barça jogar e dizemos que é entediante? Quando vemos a Itália e dizemos que é um atentado? Quando vemos o Arsenal e dizemos que não pode sofrer tantos golos? Quando vemos a França e dizemos que são arrogantes?

Isso no meu entender não é amar, não é considerar algo bom. É ir, exactamente, pelo contrário.

Eu quero perceber o que o Milan fez ontem. Eu quero perceber o que o Barcelona faz. Tanto quando quero perceber quando alguém me diz que quer comer aquela gaja avantajada (gorda, vá)

Mas isso é que é difícil. Conceitos de bom e mau estragam tudo. Imaginemos, num acto de loucura, que tudo é bom. O que estará em nós errado para acharmos mau? Compreendes?

Unknown disse...

Compreendo claro... começo é a achar que a comparação com as gajas não foi muito feliz...

É que, precisamente por amar tanto futebol, até sou gajo para seguir até ao fim, pela internet, um St. Mirren - Kilmarnock (em juniores!) e encontrar qualquer coisa de interessante. Já chafurdar com a gorda de buço... digamos que seria preciso mais qualquer coisita do que amar mulheres, não? :)

Abraço!

LDP disse...

"Mas o que lhes dava mesmo tesão (embora não o digam!), era ganhar a jogar como joga o Barça, pois essa equipa é que ficará para a história."

Permite-me discordar ligeiramente, Divã.

O Inter de Mourinho que eliminou o Barça é recordado quase todos os dias. E porquê? Porque fez aquilo que o Milan ontem fez...

Na história ficam os Barcelonas mas também aqueles que, uma vez ou outra, lhes batem o pé. Porque é impossível não ficar na história ao eliminar a equipa que para muitos é a melhor e mais completa de sempre.

Marco Morais disse...

2004 foi um ano de 'loucura'. Barcelona e Bayern não 'existiam'. O Real foi surpreendido e o United não deu a devida atenção a um Porto que cresceu, cresceu, até se tornar gigante.

O Porto foi mesmo a melhor equipa da Europa nesse ano. Já no anterior tinha um nível muito elevado, mas na Champions foi passo a passo e quando eliminou o 'Adamastor' julgou que tudo era possível.

Foi um ano onde a prepotência foi castigada e onde o Porto só enfrentou um enorme adversário. Não poderemos saber o que seria se os colossos continuassem em prova e se os dragões os enfrentassem, mas má figura não fariam de certeza.

É legítimo pensar que se o Mónaco eliminou o Real Madrid, o Porto também seria capaz. É legítimo pensar que se o Corunha eliminou o Milan, o Porto também seria capaz. Se aconteceria, não sei. Mas depois de Manchester, medo não haveria de certeza. Foram duas caminhadas, seguidas, apaixonantes. Dificilmente repetíveis.

Marco Morais disse...

Divã, não precisas de chafurdar com elas para as amares.

Podes ver um Lardosa-Valverde sem tomar partido =p

Está-se a tornar uma 'discussão' semântica. Eu sei que compreendes o que quero dizer e eu percebo onde quiseste chegar.

Com certeza tens preferência por estilos mas não odeias outros.

Hugo disse...

Bolas deve ser das raras vezes que concordo com o LDP

Anónimo disse...

Esta caixa está a ficar demasiado consensual e, até, um bocado sentimental.

Querem que eu estrague a coisa ou o Tasqueiro ainda vem aí?

Eu seria incapaz de ver um jogo da segunda divisão inglesa (tenho amigos que são capazes).

Eu gosto de futebol, adoro as emoções que despoleta, adoro jogar, como nenhuma outra coisa, mas como em tudo, fazem-se divisões, sempre relacionadas com a qualidade, esse conceito abstracto. Ou não.

LDP disse...

luis, se quiseres posso explanar toda a minha teoria sobre gordas. Sem buço mas com um considerável (não exagerado) excesso de peso e de forma...

Unknown disse...

Marco,

Tal como o teu raciocínio sobre as gajas, as discussões semânticas não deixam de ser discussões, e não deixamos de as amar,certo? :)

Estou a brincar, como é óbvio. Foi uma boa discussão. E sim, foi sobre estilos e não sobre amor, até porque sou sportinguista e sei bem o quão difícil é explicar o amor... :)


LDP,

Não podemos comparar esse jogo do Inter. Aliás, no meu comentário inicial refiro o mesmo.

Trata-se de uma segunda mão (recordo que na 1ª mão o Inter ganhou 3-1 e não fez um jogo ultra defensivo...), na casa do adversário, perante 100 mil adeptos, e com um jogador a menos desde os minutos iniciais.

São circunstâncias totalmente diferentes, que o tornaram num jogo heróico por parte do Inter, e, claro está, que será relembrado para sempre, um pouco à semelhança do Chelsea no ano passado.

Mas repara que esses jogos serão recordados para sempre porque essas equipas acabaram por se sagrar campeãs, e perceberam que, provavelmente, o obstáculo mais difícil nessa gloriosa caminhada não foi o jogo da final, mas sim terem ultrapassado o Barça naquelas circunstâncias...

Claro que isso será sempre recordado, e é legítimo.

Agora este Milan-Barça dificilmente será recordado, a não ser que o Milan a partir de agora, e precisamente por causa deste jogo, se transforme numa super equipa e vença a champions, o que não me parece...

mas posso estar enganado, é claro...

Hugo disse...

Luis nunca viste e jogaste jogos da segunda divisao de macau como eu...
LDP por mim explana a tua teoria

Marco Morais disse...

Amo toda a boa discussão, claro! Semântica, gorda ou feia :D Já gajas, é mais Adriana Lima =) fosse eu mais alto... haha!

Regressando ao futebol acho que o Inter fez o melhor jogo que alguma equipa já fez contra 'este' Barcelona. Foi esse 3-1, onde foi fortíssimo em todos os aspectos.

Acho que devemos chamar para a discussão o ser 'obrigado' ou o 'querer'. No jogo da 2.ª mão era totalmente impossível ao Inter jogar de outra forma.

Ontem o Milan poderia ter escolhido outro estilo. Escolheu aquele, ganhou e eu acho que foi uma bela vitória que nada tira ao futebol. Muito pelo contrário. Foram abnegados, guerreiros e não abdicaram de atacar. Foi puramente estratégico e teve um enorme valor.

LDP disse...

Hugo, é melhor não...

Pulha Garcia disse...

Boa análise, Marco. Faltou posse de bola e frescura física a este Barça, mais curto de soluções do que parece.

Mesmo assim vejo a eliminatória muito aberta. O Milan ainda não é o favorito. Diria que está 50/50.

Pedro disse...

Conheço um gajo que se às 4 da manhã ainda não tivesse engate feito aviava a primeira que aparecesse, tivesse buço, 120 kgs ou algo do género. Sem pinar é que ele não ía para casa... :)