quinta-feira, julho 4

Diz-me como perdes dir-te-ei quem és

O presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, fez um balanço da época 2012/13 na sua rubrica da Revista Dragões, tendo dirigido elogios a três elementos dos principais rivais: Jorge Jesus, do Benfica, e Jesualdo Ferreira (agora no Sp. Braga) e Rui Patrício, do Sporting.

"Glória aos vencedores - FC Porto (Supertaça e campeonato nacional), Vitória de Guimarães (Taça de Portugal) e Sporting de Braga (Taça da Liga). Glória aos responsáveis dos três clubes, aos seus técnicos e aos seus jogadores, que nos relvados conseguiram materializar os sonhos dos seus dirigentes e as estratégias dos seus treinadores. Glória ao Paços de Ferreira, que após uma época excecional conseguiu surpreendentemente a qualificação para a Liga dos Campeões, sob o comando de Paulo Fonseca", escreveu o líder dos dragões.

Pinto da Costa, a cumprir o 31.º ano e 13.º mandato na presidência do FC Porto, tendo celebrado o 27.º título de campeão nacional dos portistas, deixou um desejo face às descidas de Moreirense e Beira-Mar: "Que voltem depressa."

"Ao Sporting, que não foi além do sétimo lugar e que não conseguiu sequer a qualificar-se para as eliminatórias da Liga Europa. O trabalho do Jesualdo Ferreira (um grande senhor do futebol) e a brilhante época de Rui Patrício não mereciam tal descalabro. Finalmente o Benfica, que nos deu imensa luta fruto de um plantel valioso e numeroso, e sobretudo pela capacidade da atual grande figura do clube - Jorge Jesus. Estes foram para mim "Os Gloriosos" vencedores e "Honrosos" vencidos", completou Pinto da Costa. (Diário de Notícias)
É algo que defendo: um grande Benfica fez do FC Porto um grande campeão. E seria assim, também, se o desfecho desse a vitória à equipa da Luz.

A dúvida é se PC teria este discurso se fosse ao contrário, mesmo que em consciência soubesse que assim tinha sido.

É algo que os dirigentes têm de perceber e interiorizar: rivais mais fortes em nada prejudicam. Fica a ganhar o futebol, a Liga e o próprio clube, que assim se vê obrigado a transcender-se. E se se transcende jogará melhor também na Europa e representará melhor Portugal.

Ora, voltando ao segundo parágrafo, se PC não reconhecesse um grande Benfica, na hora de uma suposta derrota do FC Porto, não estaria também a dar o melhor exemplo aos adeptos (que criticariam certamente tão nobre gesto), que em nada aprenderiam com a derrota e que viam o seu ódio ao rival ser intensificado. É o tal efeito bola de neve que os dirigentes não sabem parar a tempo de os pais poderem levar os seus filhos ao futebol sem temores.

(Tudo o que escrevi, aplica-se também a Luís Filipe Vieira e ao 'menino' que quer que os adversários "tenham medo" das vitórias do seu clube)

5 comentários:

Anónimo disse...

Porra, mas bebeste quantos litros de ingenuidade, hoje, Marco?!

O que tu pretendes, que é o mesmo que todos nós pretendemos, não existe, e não existirá, enquanto os actuais dirigentes do nosso futebol continuarem a desempenhar os seus papéis.

PdC é o rosto principal do nível baixo a que chegámos.

PdC sabe muito, mas já todos nós percebemos como funciona o seu pensamento.

Faz-me lembrar os agora "especialistas políticos", ex-políticos de então, que surgem todos os dias nos ecrãs de TV, como salvadores, como iluminados e, pior, como inocentes na construção da actual miséria que se vive neste país.

São os culpados da desgraça.

Que se fodam todos eles, mais as palavras mansas e hipócritas de PdC.

Marco Morais disse...

Não bebi, daí as minhas 'dúvidas' apontadas no post. Achas que se o desfecho fosse ao contrário, o PdC elogiaria o Jesus e o Benfica.

Já agora, achas que perderia alguma coisa se o fizesse?

Anónimo disse...

Claro que não perderia, mas isso seria a forma como nós desejamos que fosse o futebol (não tão romantizado, mas pelo menos, cordial nos momentos importantes).

O problema é que a génese de PdC não é essa. A génese da nossa classe dirigente, não é essa.

Acho que não há lugar a dúvidas neste tema, foi apenas isso que quis transmitir.

Peyroteo disse...

O que o Pinto da Costa possa dizer de elogioso sobre Benfica ou Sporting não tem um pingo de sinceridade, por isso nem ligo. Basta ouvir as escutas para perceber que, para ele, o ideal era ver Lisboa a arder...

Marco Morais disse...

Peyroteo, não dúvido. Por isso condeno.