domingo, julho 14

Josué, o senhor do triângulo invertido

A questão central do FC Porto de Paulo Fonseca é também uma 'média' questão. Embora o sucessor de João Moutinho esteja já, na minha cabeça, encontrado, a questão principal não se baseará tanto nos intérpretes mas sim na disposição táctica dos dragões no centro do terreno. Fonseca chegou conotado com o 4-3-3, esquema em que o FC Porto tem jogado nos últimos anos, mas o 'seu' Paços diz-nos que a aposta num 'duplo pivot' é do seu agrado. Ora, esta subtil diferença no esquema táctico pode provocar uma enorme diferença na forma como a equipa recupera a bola. Disse Jorge Jesus que o 4-3-3 é esquema de equipa pequena e, sem me custar muito - quando esse 4-3-3 contempla 'duplo pivot'- concordo inteiramente com ele.

Uma questão de triângulos pode provocar enorme diferença. Imaginemos o FC Porto de Vítor Pereira quando perde a bola. Imaginemos Moutinho e Lucho no meio-campo adversário e imediatamente 'em cima' da bola. Um triângulo invertido - à Barcelona - é importante não por razões estéticas mas porque coloca mais jogadores, e ocupa mais espaço, junto da baliza adversária. As transições defensivas saem sempre a ganhar e, quando bem feitas, prendem o adversário atrás. Era reconhecidamente o ponto mais forte do Porto de Vítor Pereira e isso devia-se ao seu triângulo invertido, que possibilitava à energia de João Moutinho e à inteligência de Lucho fazer uma pressão deveras notável.

Em Paços de Ferreira, Paulo Fonseca apostou  num 'duplo-pivot' que, a meu ver, não permitiu à equipa dar um salto qualitativo nos jogos contra equipas mais fortes. Com a sua dinâmica e ideias, o Paços foi mais forte que Braga, Estoril e Sporting mas nunca conseguiu sequer assustar Benfica e Porto. Nesses jogos, esse 'recuo' do meio-campo impediu a equipa de se estabelecer e de se assumir no meio-campo adversário. É diferente organizar com 5 elementos ou com 4, pelo que o excesso qualitativo de médios de nada pode valer ao FC Porto se o seu treinador decidir jogar como uma (isso mesmo...) «equipa pequena».

Para já o alarme ainda não soou pois o que se viu não foram mais que algumas experiências. Um '4-2-3-1' (coisa que não existe pois em futebol só há defesa, meio-campo e ataque) experimentado à saída de bola (aí sim dá jeito) mas que não se revelou no momento da perda mais à frente no terreno. Fernando, Josué e Lucho souberam dar linhas de passe quando a equipa saiu a jogar desde a sua baliza mas também souberam estar em cima do adversário quando a perda ocorreu mais à frente. Depois outras experiências foram feitas e toda a gente pensa já em Herrera (um jogador rotinado em 'duplo-pivot) como substituto natural de João Moutinho, mas quem encanta naquela posição é o bom rebelde de seu nome Josué Pesqueira. Um senhor jogador que à enorme garra alia uma qualidade de passe e uma meia-distância que, caso haja aposta séria, irão fazer esquecer João Moutinho. Obviamente não lhe peçam para ficar de perfil com Fernando, a atrapalhar o brasileiro e a ver os adversários passar por ele já embalados. Peçam-lhe o que João Moutinho fazia no Porto e vejam uma evolução técnica que a Selecção Nacional irá, com certeza, agradecer.

13 comentários:

Gonçalo disse...

Vamos ver, mas espero que tenhas razão nas 2 coisas. o Fernando (jogador absolutamente chave que tem que se arranjar forma de manter) não precisa de companhia e o puto rebelde cresce mais em zonas mais adiantadas. O novo treinador tem que ter agora mentalidade de equipa grande e isso significa assumir o jogo.

Marco Morais disse...

Olá Gonçalo =)

Ele assumir gosta de assumir, mas a meu ver os dois trincos não dão as soluções para a ideia que ele já disse pretender para o Porto.

Mas não vale a pena entrar já em 'zona de alarme', foram dois jogos em que ele testou soluções.

O meio-campo Fernando-Josué-Lucho parece-me excelente. E ainda podem jogar lá Izma e Quintero (que há partida irão começar nas alas). O plantel está mais completo e ainda falta... Bernard.

J. disse...

Então e o Herrera, não entra aí?

Marco Morais disse...

A escolha entre Herrera e Josue vai determinar o triângulo que Fonseca vai escolher.

Eu tenho clara preferência pelo Josué.

J. disse...

E o Defour, o Castro, o Carlos Eduardo, o Tiago Rodrigues?
Parece-me claramente que o Porto tem opções a mais para esses lugares. O que por vezes pode não ser assim tão bom.

Para extremos já tem Varela, Kelvin, Izmailov, Iturbe, Licá, Ricardo, o Quintero segundo dizes e ainda se fala em Bernard.

E outros com tão pouco.....

Marco Morais disse...

Parece-me difícil que Defour fique -não aceitará o banco. Tiago Rodrigues e Carlos Eduardo também não têm permanência certa. Com as saídas ficará equilibrado.

E há meio-campo para um plano b com losango.

Tem fé no Sporting, pá! Às vezes é quando ninguém espera...

Peyroteo disse...

Com tão pouco?

Gonçalo disse...

E o Lucho dificilmente aguenta a época toda. Isto bem feito é também aproveitar-se para fazer a transição do posto de comandante...

Em relação às soluções que existem tenho gostado do que tenho visto, mas é verdade que começa a ser gente a mais para os lugares disponíveis. No entanto reforço que a minha maior preocupação chama-se Fernando.

J. disse...

Até já dizem que o Reyes pode jogar a trinco.....mais um para a lista.

Marco, vê a lista de avançados que o Sporting leva para o Canada e depois diz-me qq coisa.

Gonçalo disse...

o sporting está em construção. esperar mais que o 3º lugar parece-me irrealista, mesmo que surpreenda muito. deixo duas perguntas: quem é que vai ser o melhor marcador da equipa? vai ter mais de 10 golos?

Peyroteo disse...

Freddy Montero: 35 golos

Marco Morais disse...

Não percebo a dispensa do Viola.

Gonçalo disse...

Mas esse já está contratado?