segunda-feira, julho 22

Laboratórios sem Lucho não criam explosões de Iturbe

Segue a 'Série Fonseca' com um resultado expressivo, mas sem escapar a um pequeno susto. O resultado final revela a qualidade das primeiras opções do FC Porto que, contra uma equipa com pouco valor, puderam passear a sua classe. Nas 'manchetes' estão inscritos os nomes de Iturbe, Lucho e Jackson mas pelo pincípio - mais concretamente na primeira-parte - sobra a rasteira que Paulo Fonseca pregou às segundas opções. 

Lembram-se de Iturbe? Lembram-se certamente. Antes de ser o menino dos belos golos de pré-época já era comparado a Lionel Messi, o que por si só é já uma tentativa de homicídio à carreira. Isto porque qualquer qualidade que o 'Juanito' possa ter, ela nunca será, nem de perto nem de longe, comparável à do maior astro do futebol mundial. Assim por mais que faça, a esse nível, Iturbe será sempre um 'flop'. Isto para quem o persegue por uma história que pela América do Sul já tem barbas brancas. No Brasil eram os novos 'Pelés' ou os 'Pelés Brancos'. Na Argentina todos os 'pibes' com mais valor já eram a encarnação do génio de Maradona. Perguntem, por exemplo, a Aimar. Por agora, sem surpresa, eles são todos 'Messis'. Mas dizia eu que todo o 'buzz' à volta de Iturbe foi suficiente para o limitar. Mas nem só a maldosa (sim, não se faz isso a ninguém) comparação o travou.

Vítor Pereira nunca foi um fã de corredores de fundo. Ir à linha e cruzar não faz parte do manual do 'Guardiolismo' e por isso Atsu e Iturbe, assim como Kelvin antes de se confirmar talismã contra o Braga, nunca foram os preferidos. Legítimas opções de um técnico que se sagrou bi-campeão mas que tinha o hábito de rasteirar os sócios e adeptos com um truque, velho conhecido, da malta do futebol.

Não estarei em erro se disser que no FC Porto - como em todas as equipas dignas desse nome - há um núcleo central. Como ainda ontem se viu, quando Danilo, Lucho e Jackson entraram toda a equipa pareceu outra. Ninguém pensa sem cérebro e no caso das equipas, o cérebro é a rotina que é emprestada e criada pelos jogadores de maior qualidade. O tal núcleo duro que Juan Iturbe, por exemplo, nunca experienciou. Quantos minutos jogou Iturbe com Lucho? Quantos minutos jogou Iturbe com o núcleo duro em campo?

Dizia eu acima que Vítor Pereira tinha o hábito de, em jogos com menor grau de dificuldade, mudar toda uma equipa lançando miúdos ao ar sem rede. Kelvin, por exemplo, foi capaz de virar o jogo com o Braga e foi capaz de oferecer o título ao FC Porto quando - isso mesmo (!) -  entrou para oferecer outras soluções ao núcleo duro de VP. Antes, entrava para se mostrar e confirmar aos adeptos que não servia. Pudera...

Ontem, na Venezuela, Paulo Fonseca repetiu a brincadeira. Sem referências, foi possível ver os jogadores, por várias vezes, a gesticular à procura de soluções. O mapa para os golos estava no banco e chegou a ser confrangedor ver o FC Porto jogar na primeira-parte. Que impressão se pode tirar de Carlos Eduardo, de Ghilas, de Iturbe, se até Fernando, Defour, Fucile, Mangala e Varela - que já são velhos conhecidos  - pareciam uns 'aleijados'?

Dirão os mais cépticos que se um jogador é bom até com 'bidons' joga, mas, pedindo perdão por ofender as famílias visigóticas, informo que não sou da opinião que os jogadores ganham campeonatos e jogos sozinhos. Iturbe, por exemplo, só poderá ser avaliado quando for integrado no núcleo duro. Até lá fica a promessa para uns e o 'flop' para outros. Para mim fica na retina alguém capaz de desequilibrar no um para um, ganhar a linha ou de fazer as tão preciosas diagonais que rasgam defesas. E, medindo pela segunda-parte de ontem, se for Lucho a assistir...

10 comentários:

LMGM disse...

Devias era ter "perdido" o teu tempo a ver o Sporting B :)

Marco Morais disse...

Não deu, não deu =) Olha lá, o Viola vai ser emprestado, o que achas disso? Fiquei surpreendido, sempre o achei um dos melhores do ataque.

J. disse...

Em relação ao Viola, acho que será um pouco o que aconteceu com o Iturbe.

Em ano de adaptação ao futebol europeu, apanha o pior Sporting de sempre onde era cada um por si.
Com Jesualdo chegou a ter um maior protagonismo (até se chegou a comparar o seu futebol com o de Lisandro) e naquela que se esperava ser a sua época de afirmação, é recambiado para a Argentina.
Quero pensar que tenha sido apenas por questões financeiras...

Gonçalo disse...

Para variar mais uma excelente análise caro Marco. Estou a gostar bastante do que estou a ver deste FCP de Paulo Fonseca.

O problema em manter o núcleo duro na pré-época é que não deixa espaço para as experiências e ensaios que se devem fazer para fechar o plantel. No final até pode ser como tu disseste e alguns jogadores podem ser beneficiados/prejudicados em função dos colegas que tiveram em campo. A presença do Iturbe ontem durante os 90 minutos é um bom exemplo disso e de um jogador que parece ser uma aposta do PF.

Tasqueiro Ultra-Copos disse...

o que mais irrita é ver as "brincadeiras" e facilitismos na defesa nestes jogos a feijões, não pode ser há que se jogar a sério e aplicados

LMGM disse...

Marco, como diz um amigo pessoal, engenheiro de profissão, "A pressa é inimiga da perfeição".

O Sporting é recorrente neste erro de urgências, como somos um clube rico e de ambição desmedida damo-nos ao luxo de queimar jogadores (leia-se recursos) a um ritmo ainda superior aquele com que queimamos treinadores.

Qualquer jogador que entre de novo em Alvalade tem que, de imediato, ser titular (de caras!!!!) e render como se fosse um veterano.

Se assim não for, é uma besta, um inútil e um podão, e de certeza que não preciso de te enunciar o rol de bestas que saíram de Alvalade para brilhar nas Antas.

Em Alvalade, não há tempo para crescer ou calha seres um fenómeno (tipo Moutinho, etc.) ou és queimado na fogueira (tipo Capucho) ou sobrevives milagrosamente (tipo Patrício).

Não adianta relembrar, quanto tempo de banco e adaptação tiveram, por exemplo, Di Maria, Cardozo, Falcão, Lizandro, etc, etc. Ou ver os exemplos também recorrentes de sul americanos que só rendem na segunda época em território nacional...

Viola vai engrossar, um lote muito vasto e Labyad, Adrien, Cédric, André Santos, etc, vão pelo mesmo caminho.

Pior que a falta de dinheiro, é mentira que exista e a divida absurda é a maior prova, sempre existiram fundos. O que não existe em Alvalade é tempo, paciência e juízo.

J. disse...

Há cerca de 2 anos atrás, escrevia isto:
http://sectorb32.blogspot.pt/2011/07/um-onzemilionario.html

Se bem que depois disso, conseguimos realizar algumas vendas com estes jogadores, o principio está lá.
A gestão desportiva e financeira do Sporting é altamente deficitária.

Este ano já podemos fazer uma parecida quase...

Marco Morais disse...

Gonçalo, eu ainda tenho dúvidas. Nada que preocupe, mas o desenho do meio-campo não me deixa seguro. Quando a equipa tiver de recuperar a bola, pode ser apanhada em desequilíbrio.

LMGM,

São questões de dinheiro mas depois há contratações duvidosas. Viola é um excelente jogador que teria nesta uma época de afirmação. Mas há mais jogadores e o futebol não acaba nele. Apenas me surpreendeu pois apostava nele como referência para o ataque leonino. Mas se calhar é só o meu ego que está 'mordido'.

O Sporting precisa de tempo, tranquilidade e discursos nesse sentido. A história do 'estamos de volta' não augura nada de bom.

LMGM disse...

Marco, provavelmente perdi-me em filosofias... mais concreto e directo.

Tu dizes que Viola é um excelente jogador, eu não chego a tanto mas do pouco que vi dele no ano passado tem todas as características para evoluir para um titular indiscutível.

O problema é que na bancada ou na comunicação social já é um flop...

Pode ser que ainda tenham algum tino, mas é muito raro em Alvalade deixar um jogador ir crescendo aos poucos como fez o Porto com James.

Marco Morais disse...

LMGM, não comentei as 'filosofias' porque, para mim, estão completamente certas.

O Sporting precisa de tempo. E isto não é ser mauzinho mas era uma boa altura para uma parte dos adeptos - e dirigentes - tirar férias do clube.

Depois vinham gozar os dividendos da 'paragem', com a habitual 'pressa' e já toda a gente lhes dizia: alto!

Vês LMGM, isto é que é alguém a perder-se em filosofias :D

Abraço!