quarta-feira, abril 8

You´ll never walk alone

Já aqui o tinha dito, as grandes campanhas de equipas portuguesas na Europa têm um factor em comum: a ausência de medo e complexos.

Os orçamentos portugueses, ao contrário dos espanhóis, italianos, ingleses e alemães, não se podem dar ao luxo de campanhas retraídas que com um pouco de sorte, juntamente com a qualidade individual dos jogadores que o dinheiro pode comprar podem até dar em longas caminhadas na Champions. Nós não temos essa sorte. As nossas equipas têm que andar na penumbra arranjando jogadores com um potencial tremendo, lapidá-los e têm necessidade de serem muito fortes onde os tubarões se podem dar ao luxo de ser mais fracos.

O que poderia equilibrar um Futebol Clube do Porto ao campeão da Europa? O jogar descomplexado, levar na bagagem ideias para contrariar um ambiente e uma pressão que ao mínimo deslize podem ser avassaladoras e, sobretudo, nunca descurar aquilo que os levou a Old Trafford: a intenção de jogo da equipa. Seja ela, contra-ataque, seja ela posse-de-bola, seja ela defender com 11, o ADN de uma equipa que chega aos quartos-de-final de uma competição nunca pode mudar e assim lá tivemos um Porto à imagem de Madrid que aproveitou o facto de apanhar um Manchester (muito) mais fraco que o habitual para ver as suas competências resultarem em igual número que na capital espanhola.

Era importante entrar forte, mostrar que não iamos a Inglaterra prestar vassalagem aos Red Devils desde o primeiro minuto. Olhando para um onze que continha O´Shea, Evans, Fletcher e Park não havia razão para medos. O Porto, jogando o que sabe, tinha argumentos para contrariar uma equipa que de Campeã mostrou muito pouco. Certo que faltava Ferdinand, certo que Scholes esteve apagado, certo que a entrada de Giggs e Tévez impulsionou o United e certo também que Ronaldo (assim como Hulk) não foi decisivo e é com isto que temos de contar para a 2ª mão.

Fomos grandes em Old Trafford, mas estarei também certo que teremos de ser ainda maiores no Dragão. A teoria dá-nos a vitória, pois o Manchester ainda não ganhou fora nesta edição da liga milionária, mas o que é a teoria? a teoria dava a vitória ao Manchester em casa. Teremos que estar preparados para um Manchester que foi capaz de ir a S. Siro vulgarizar o Inter de Mourinho, teremos que estar preparados para as nossas competências resultarem menos que lá, teremos que estar preparados para a matreirice de Fergusson. Em suma, repetindo-me, teremos de ser maiores do que fomos ontem. É pedir muito, eu sei! Se já ontem foi brilhante, aqui arrisca-se a ser épico, mas é isso que o Porto persegue sempre e já demonstrou ser o clube certo para o conseguir.

O desafio da próxima Quarta é provavelmente o mais difícil e importante jogo na história do FCP. Todos os seus contornos indicam isso, mas esse desafio não pode amedrontar. Ao invés, terá que impulsionar. Falo para os jogadores e falo para os adeptos. O estádio terá que estar ao nível que a equipa teve em Old Trafford ou alguém acha que o silêncio do Teatro dos Sonhos não ajudou Lucho e companhia? À equipa e aos adeptos: teremos que ser enormes, a melhor equipa e o melhor público da Europa! Aceitam o repto? É que é fácil pedir quando é aos jogadores e que tal sermos nós também? Acreditem, conta muito.

Ainda assim, depois disto tudo teremos de subir (ainda mais) um novo patamar. Teremos também de ser realistas pois o jogo do Dragão contra o Atlético, provavelmente, não chegará, é também importante não cair nesse erro. Entrar em campo com discurso de vitória mas os jogadores não perceberem bem se queremos marcar se não queremos sofrer pode dar em desilusão. Professor seja explicito (acredito que o vai ser) e procure a vitória do primeiro ao último minuto, só assim ela virá. Boa sorte Campeões!


"That´s a shame"

O Minuto 89 em Old Trafford continua mágico. Sensação de deja-vu incrível, pena não se ter decidido lá.

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