domingo, julho 19

Onde Langdon encontra Descartes

Noite de bola com os três grandes para ver. Para mim tanta parra deu pouca uva, visto que dos três jogos só vi 15 minutos da segunda parte do Sporting x Feyenoord, a primeira parte completa do Porto x Mónaco, e uns lampejos, com obstáculo (parte de uma alquitarra que tapava a tv) do Benfica x Olhanense. É conversa mais que batida que as pré-épocas poucos ou nenhuns indicadores nos fornecem sobre quem vai, realmente, ganhar alguma coisa. Esta não é diferente, e o rasto que deixa é ténue, mas já põe mesas de esplanada, ou de restaurante a tentar decifrar. Uns verdadeiros Robert Langdons de bancada.

Ora eu não sou diferente e nem as limitações que a pouca assiduidade a ver os jogos de pré-época me trazem, me travam de tentar decifrar o código.

Pois bem, e em ordem cronológica com os jogos de hoje, começo pelo Sporting. Como já disse, não vi a 1ª parte. Vendo só 15 minutos da 2ª parte, apanhando o pior período dos leões, não poderei tecer grandes críticas, ou pelo menos diferentes das de outras épocas. O primeiro golo do Feyenoord é originado mais por falha de marcação do que pela jogada em velocidade de
Wijnaldum. Quer isto dizer que a jogada era resolvida se De Guzman não tivesse desacompanhado. Assim não foi, e minutos depois ainda deu para ver Abel a ser papado em velocidade - coisa normal - e de seguida, na sequência de um canto, Patrício e Caneira às aranhas. Este último foi mesmo envergonhado duas vezes por Makaay antes do segundo golo. Ora, esta derrota não quer dizer absolutamente nada para as contas do campeonato, nem tão pouco fico contente com ela, mas realmente parece-me que a falta de método no Sporting é evidente. É que quando oiço dizer que o Sporting fez uma boa primeira parte, lembro-me, inevitavelmente, de 10 a 15 minutos de alguns jogos de outras épocas em que o Sporting pratica o melhor futebol de Portugal. Agora, a pergunta é: surgirá esse futebol pelo trabalho de Paulo Bento, ou pela qualidade dos jogadores que tem à disposição? Parece-me que se fosse pelo trabalho do técnico leonino esses 10 a 15 minutos (umas vezes mais outras vezes menos, outras zero) seriam alargados para muitos mais minutos. Alguém me sabe dizer qual o estilo de jogo do Sporting? o que é que P. Bento quer da equipa?

De seguida, lá consegui ver na net uma parte do Porto x Mónaco e o que me saltou à vista é que o trabalho continua a lá estar. Não esfreguem as mãos, que não falo da arbitragem, mas sim do método (bom ou mau, como quiserem) do prof. Jesualdo. Esta continuidade de um plano que já deu três campeonatos pode alegrar qualquer portista. Estiveram lá as transições defesa-ataque da praxe, a defesa à zona que pelos espaços que "concede" tantos calafrios provoca a quem vê mas que se tem revelado eficaz e a potência fisica da equipa, que é de facto impressionante. Este parece-me o maior trunfo do Porto, pois as contratações vêm ajudar ao tal método que já há três anos dá alegria aos portistas. O sonho agora seria Belluschi dar maior posse de bola à equipa, Álvaro Pereira ser ainda mais desconcertante no ataque e eficaz na defesa que Cissokho, Maicon ser mesmo um novo Pepe, etc, etc. Mas isto sou já eu a sonhar, o que me parece é que a equipa, pelo menos no campeonato, pode render o mesmo que a antiga vinha rendendo. Deverá até fazer mais visto que os jogos em casa trouxeram muitos empates que não espelham a diferença de qualidade do primeiro para o segundo lugar.

Chegados ao Benfica até tenho medo de falar, não apareça por aí um comentário do Jorge Jesus a perguntar quem sou eu, o que já ganhei e o que é que eu percebo de bola? Mas enfim, da equipa do Benfica- que hoje não vi, mas que vi contra o Shaktar e Bilbau - noto um "upgrade táctico" que se poderá chamar de "intenção". Assim, a equipa de Jesus gosta de estar subida no terreno, gosta de ser protagonista no jogo e de pressionar imediatamente a zona onde perde a bola, fazendo o campo curto. Chamo para aqui este aspecto porque vi a equipa fazer isto cada vez que perde a bola e como há repetição pode-se chamar de método. Ter a bola e trocá-la também, é agora intenção do Benfica, mas neste aspecto, talvez pelas condicionantes da pré-época e do pouco tempo que Jesus está à frente da equipa, ainda não tem afinação. Outro aspecto bastante importante - este Jesus não poderá controlar, ou pelo menos não tanto como os outros - é que o Benfica vira os jogos. Já virou dois, tem golo, tem ataque, tem perigo, ainda aos repelões mas tem. Venham mais jogos para se avaliar o método do "Rei da Táctica".

Obviamente deste post, não pelas derrotas do Sporting que não querem ainda dizer nada, depreende-se que Porto e Benfica são para mim os favoritos à conquista da Liga. É que se só a intenção bastasse hoje em vez do Beluschi estava lá eu, mas o método conta muito.

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