quinta-feira, outubro 4

O génio de um Bandido que rouba identidades

Não me parece especialmente justo que se diga que o Porto tenha feito, esta quarta-feira contra o Paris Saint-Germain, um grande jogo. E não me parece justo, principalmente, porque eu vi o jogo também. Há grandes diferenças entre uma exibição de gala e o que foi visto contra os novos-ricos parisienses e não há razão alguma para, desde o fim do jogo até este momento, eu ter sido bombardeado com as palavras 'identidade', 'controle', 'posse', 'pressão', 'superioridade inequívoca' e 'competência'. Daí até essas palavras serem totalmente engolidas por mim, o Porto teria mesmo que ter tido mais 'pressão', que desse maior 'controle' no último terço e que sobretudo se traduzisse mais cedo e por várias maneiras em mais golos. É que se não fosse a superior (e genial) finalização de James e toda a 'lengalenga' não seria mais que um 0-0.

Ganham e ainda criticam. Deve estar a pensar quem ficou extremamente satisfeito com a exibição portista, ao ponto de também lhe chamar 'de gala'. A exibição, meus amigos, não foi 'de gala' e é isso que faz escrever estas linhas. Se querem saber, também, a mesma não foi horrível, nem deprimente, mas parece-me claramente exagerado que se 'embandeire em arco' e que se entre no tom que o treinador do FC Porto trouxe consigo à 'flash' da Sporttv. Ora, o Porto enfrentou um Paris-SG que não quis jogar e que nunca criou problemas para o domínio que tanto Vítor Pereira gosta de evidenciar nas suas declarações. A luta pela posse foi também diminuta e as suas investidas atacantes reduzidas ao máximo por uma estratégia há muito vista pelos espectadores do Dragão quando treinadores italianos e 'italianos' o visitam. Aí, seria o mesmo que Tito Vilanova se viesse gabar de ter tido mais posse de bola na Luz.

E se estamos a falar de organização ofensiva poderemos dizer que ela raramente foi eficiente como apontam. O Porto insiste em controlar sem depois pensar no último terço, o que dá a ideia de que controla por controlar. Ou seja esse controle, tanta vez apregoado, traduz-se só na estatística e não permite que um PSG seja completamente empurrado para as cordas ao ponto de se ver que a sua estratégia 'Ancelottiana' poderia sair da Invicta com três ou quatro golos na bagagem para a cidade-luz. Não era difícil, bastava querer-se. Mas não se quis e enquanto isso se ia traduzindo na tímida transição defensiva portista (pressionar com os olhos) o relógio ia avançando dando razão a quem veio ao Porto jogar daquela maneira.

Sejamos sinceros, Carlo Ancelotti escolheu jogar assim porque sabia que isso lhe ia trazer vantagens. O estudo ao adversário não é feito ao acaso e a inconsequência portista decerto estava no seu bloco de notas. Inconsequência atrás de inconsequência, metade pressão metade contenção, e o resultado, no fim, tinha tudo para lhe dar razão. Isso se não estivesse em campo, um dos poucos jogadores no Mundo capazes de decidir, daquela maneira, o lance que resolveu o jogo.

Depois do excelente trabalho de Moutinho, Fernando desvia a bola dos defensores do PSG e a bola sobra para James. E ainda bem que foi para ele, porque, fosse outro, e a recepção era inevitável para depois se ver mais uma finta pela linha que daria um pontapé de canto ou cruzamento (que poderia ser inconsequente ou não). Mas James vê ouro onde os outros vêem entulho. E já depois de ter levantado os braços, o alquimista, quando vê a bola chegar já tinha visto o buraco da agulha por onde a sua superioridade técnica haveria de decidir o jogo. Sim, foi James que o decidiu e não o Deus externo (que aparentemente decide as coisas a seu bel-prazer sentado num qualquer lugar no Céu) que Vítor Pereira escolheu beijar a seguir ao golo do colombiano. Quem merecia, realmente, esse carinho e esse (porque não?) protagonismo, era um jogador que raramente vê do seu técnico a tão afamada 'liberdade total' que ele dá a outros com metade do génio do miúdo.

Pelas palavras do seu técnico, o seu talento a '10' não dá, a 'extremo' também não, se jogar com 'só' dois médios a equipa fica desequilibrada devido ao seu... talento. Pois parece que o miúdo não é médio (2+1=3) e que o seu talento desequilibra. Pois bem, é isso que nós queremos. Que 'El Bandido' continue a desequilibrar e a roubar as ideias ao seu 'mister'.

15 comentários:

Hugo disse...

Portanto mais uma vez o VP nao tem merito nenhum que e todo dos jogadores .
Mas se tivesse corrido mal ja todos lhe apontavam o dedo.
A escola do MST tem muitos seguidores

Marco Morais disse...

Hugo, mesmo correndo bem eu estou-lhe a apontar o dedo.

O Vítor Pereira tem muita incongruência. Engraçado é que ele venha utilizar, ao fim, todo o vocabulário futebolístico quando tudo se resumiu ao génio do jogador que ele mais 'maltrata'.

Eu gostava era de ver se tivesse ficado 0-0, onde estaria a exibição de gala.

Mas isto é só uma visão e mesmo a visão dos seguidores do MST (como tu lhes chamas) também tem direito de existir. Podes concordar ou não, só isso.

Abraço.

Hugo disse...

Se tivesse ficado 0-0 dizia que tinhamos feito um bom jogo e que mereciamos mais .
Abraco

Marco Morais disse...

São visões. Justiça no futebol não me parece que exista. Nem resultados mais merecidos ou menos merecidos. O meu indicador são todos os recursos que podem ser utilizados.

Como vês pelo texto, a meu ver, não foram. Uma equipa que tenha a displicência de vir jogar ao Dragão como o PSG tem de ser empurrada, encostada às cordas. E eu não vi esse desejo sequer, muito por culpa de outro desejo. O do controle, da posse, o da estatística. Não fosse o miúdo e a estatística dava mesmo esse 0-0.

cc disse...

já li comentarios injustos a exibições de uma equipa A, B ou C.
Mas francamente, esta é duma injustiça atroz.
E mais sabendo que quem a faz é adepto(?) do Futebol Clube do Porto.

"Ora, o Porto enfrentou um Paris-SG que não quis jogar e que nunca criou problemas para o domínio que tanto Vítor Pereira gosta de evidenciar nas suas declarações"

Extraordinario. Eh pá, os gajos não quiseram nada com o jogo e ui que sorte o James ter acertado...

Com franqueza: Vai badamerda!

O dominio e pressão do Porto foram evidentes para quem viu o jogo. Pressão, troca de bola, paciencia, e oportunidades suficientes para não basear esta vitória num remate fortuito/genial do James.

Porque não referes que o falhanço do Moutinho, no inicio do jogo, podia ter resolvido cedo o que com paciencia, acerto, método e critério o James resolveu aos 83? Ou o falhanço do Silvestre? em que categoria entra?

Cada vez mais me convenço que escreves aqui neste blog para agradar aos donos da "tasca"

És um Pétain e fazes gosto nisso...

Anónimo disse...

Estás lixado ó Marco.

Esta malta está mesmo muito mal habituada, não suportam uma opinião contrária. Pior, tecem considerações sobre gente que nem conhecem. E acham-se certos, nunca perdem tempo a pensar que podem estar errados.

Ele "cada vez mais se convence que". Hilariante.

Isto é apenas futebol, tudo o que nos move, aqui, é escrever sobre bola, sem preconceitos, como adeptos. É assim tão difícil entender isto?

cc disse...

"Isto é apenas futebol, tudo o que nos move, aqui, é escrever sobre bola, sem preconceitos, como adeptos. É assim tão difícil entender isto?"

Isto é estraordinário!

Luis, se me permitires, quando eu constatar que o tatamento ao Futebol Clbe do Porto neste blog, de gente como o Pedro, Peyroteo, tu mesmo e mais alguns outros, que não envolvam palavras como "corruptos", "porcos" e quejandos, largo os meus preconceitos.

Até lá, diverte-te com a pandilha.

Quanto ao Petain, ele é crescidinho o suficiente para se defender, não?

cc disse...

extraordinrio*

cc disse...

extraordinario*! dassss, tá dificil :)

Anónimo disse...

Aqui não escreve nenhum Pedro. Tens que ir lá ao blogue dele pedir justificações.

Não me recordo do Peyroteo referir-se assim ao FCP. Se tiveres aí exemplos, chuta, posso estar enganado.

Quanto ao resto, o que tu não admites é que a opinião do Marco seja aquela. Porque é diferente da tua. Era disso que estavamos a falar. Não baralhes as coisas.

E o Marco é um exemplo de desportivismo e claro que não precisa que eu o defenda. Os textos dele fazem isso muito bem. Já tu, limitas-te a tentar ofender o mensageiro só porque não concordas com o que ele diz. Eu acho que isso é fraquinho, mas tu é que sabes.

mago disse...

"o tatamento ao Futebol Clbe do Porto neste blog"

Quando ja' ouve escribas Benfiquistas que foram chantageados a abandonar este blog por se referirem de forma menos correcta a um comunicado desse mesmo clube... Memoria curtinha, heim?

Marco Morais disse...

Nem sei por onde começar...

Sinceramente não posso achar que o post diz tudo. Seria estúpido da minha parte. Sabia que corria esse risco (que é pouco importante) de ser mal-entendido.

A exibição do Porto é pouco mais que os serviços mínimos. Da maneira como eu entendo, faltou muita coisa e o golo de James trouxe um resultado que agradou.

Não escrevo para agradar a ninguém. Escrevo o que acho baseado na ideia que o meu clube me ajudou a criar. Não foi o Benfica, não foi o Sporting. Foi o Porto que me ensinou a ver assim o futebol.

Outros portistas poderão, ou não, concordar. Mas eu quero mais! Não quero chegar a casa depois de um jogo convencional a tentar ser 'lavado' por uma ideia de jogo que não é SUFICIENTE para o meu clube.

Isto se 'bom' para o meu clube é não ser eliminado na fase de grupos ou nos 'oitavos'. Não fui assim criado, desculpa cc, mas eu quero mais.

Quero ideia que permita que 'brincadeiras' como aquelas que o PSG veio fazer ao Dragão sejam pagas bem caro. Desta vez correu bem porque há - nem a propósito - um génio. Não houvesse e, olha, 'toda a lengalenga não dava mais que 0-0'.

Tens é que perceber que não escrevo para atacar, nem Benfica, nem Sporting, nem Porto. Escrevo porque quero MAIS. Não me agradou e há muito que não me agrada porque tudo somado vai dar em mais do mesmo. Evolução=zero!

Marco Morais disse...

E já agora, comparar o(s) remate(s) do Moutinho com o golo de James é (para não seres só tu a dizê-lo) extraordinário.

Foi James quem decidiu um jogo que não ia lá com 'identidades' e 'posses' para dizer que as temos. A ideia para este Porto é fraca. Tu, pelo que leio, dizes que é forte.

Ideias diferentes. E respeito porque não quero ganhar guerra nenhuma. Quero é futebol.

jamsilva disse...

A mim parece-me q fizemos um jogo bastante bom. do outro lado estavam vários jogadores "brutais" e ver o porto a aguentar sem grande problemas, ter algumas oportunidades e no fim ganhar com um golo daqueles só me enche de alegria.
Não vi a primeira parte mas gostei muito da segunda. Exceto um remate perigoso do Lavezzi(acho) nao vi o psg fazer nada de especial.
Nao sou um fiel admirador do VP mas também acho que no fundo no fundo o homem tem cumprido. Nao é um mourinho nao é um VBoas (nao é facil encontra-los que o diga o scp e o slb) mas tem feito um trabalho que, do meu ponto de vista, merece que o deixem continuar a fazer....
só nao deviam permitir que va à entrevista no fim.

Marco Morais disse...

Jamsilva,

Nunca foi minha intenção dizer que o jogo do Porto foi mau. Só tentei justificar que ele não foi excelente. Foi o treinador, foi a imprensa, foram os adeptos.

Eu não achei. Acho até que, em algumas alturas, andou bem longe disso. E contra um PSG que veio cá para o empate.

Um Porto a sério dava três ou quatro. Assim, não fosse James e o 'controle' ia-nos valendo o tal empate. Depois, é arriscar já quando não houver tempo para controle emocional. Não fosse James e Kléber entraria por Fernando aos 85'. Só para dizer que fez...

Desculpem mas não gosto. Quando gostar, é porque algo mudou.