terça-feira, outubro 30

O sportinguismo não morreu!

Partindo de um fantástico comentário do JN S no post anteior, é exactamente esse o sentimento que eu tenho. Somos de uma geração em que ser sportinguista não foi/não é nada fácil. Mas, de facto, apesar dos resultados serem praticamente os mesmos do final da década de 80/início de 90, já não temos as mesmas referências, o clube descaracterizou-se, perdeu identidade, tendo em conta que o futebol é fundamental, é vital para o Sporting e dele dependem, inclusive, as restantes modalidades.

Ainda assim, temos uma massa adepta enorme e o Sporting continua a ser um clube apetecível. Veja-se nas últimas eleições com 5 candidatos. E se houvesse eleições agora, tenho a sensação que teríamos uns 10 candidatos. Como é que isto se explica? Pelo simples facto de que o sofrimento, longe de separar, é um vínculo a mais. A indignação dos sportinguistas com o actual estado do clube só demonstra que o amor pelo clube não diminuiu, muito pelo contrário.

Precisamos pois de pegar nessa cólera e transformá-la em algo positivo para o clube, que o faça entrar nos eixos e que volte a fazer sentido o lema do clube que, como bem sabemos, é “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória”.

O caminho do Sporting só pode ser um: apostar definitivamente na formação. Temos uma das melhores escolas do mundo e essa devia ser a base da nossa equipa principal. Se temos a melhor Academia do país, se essa é a nossa vantagem sobre os rivais, porquê insistir em contratar dezenas de jogadores, a maioria deles com um conhecimento quase nulo do clube e da sua realidade? Claro que criar uma base com jogadores formados no clube obrigará a mais paciência, a mais algumas épocas a penar em termos de títulos até a equipa se consolidar.

Mas aí os sportinguistas saberão com que contar e serão necessariamente mais compreensivos porque o clube estará a ir ao encontro da sua identidade e mais perto de títulos, que são muito mais fáceis de conquistar se o caminho estiver traçado e for seguido, sem desvios.

13 comentários:

kovacevic disse...

"O caminho do Sporting só pode ser um: apostar definitivamente na formação"

Não é preciso escrever mais nada, Peyroteo.

J. disse...

Lembro-me do que eramos com Paulo Bento e Soares Franco. Davamos lucro, iamos ganhando qq coisinha, íamos á Champions, tinhamos 4/5 da formação na equipa inicial, e era os sócios do SPorting descontentes com os caminhos que o clube seguia pq nao conseguiamos ganhar ao Porto da fruta.

Agora arrependemo-nos de ter seguido a via Bettencourt e Godinho.E voltamos a querer o mesmo que tinhamos á 4/5 anos atrás.

Qdo digo que o sportinguismo morreu, é pq já estou cansado do debate eu sou mais do Sporting que tu, sinto mais o clube, então bora treinar ou dirigir o Sporting.
Eu não quero esse clubismo.
Quero o clubismo da competência, de fazer as coisas bem, de tentar por um pouco de ordem nas coisas sem ligar á contestação externa ou ás primeiras derrotas.

E acima de tudo estou cansado de ouvir um Dias Ferreira ( do Futre a director desportivo) ou do cirurgião ( das assembleias gerais que marca mas que dps nao vai por razoes profissionais).
Estou cansado desse sportinguismo.

kovacevic disse...

Mas a contestação faz parte, J.
Vem com a função. Até o Mourinho é contestado em Madrid...

Concordo contigo: falta estabilidade e competência, desde o primeiro dia de JEB.

Não concordo com o exemplo que dás, do Soares Franco e do Paulo Bento.

O Paulo Bento teve um caminho, que deu frutos e chegou ao fim. Deixou de ser a solução e passou a ser o problema. Tão simples como isto.

Quanto a Soares Franco, saiu porque quis.

Se os sportinguistas agora desejam voltar a esses tempos, é porque ninguém no Sporting -- nem JEB nem Godinho nem os seus funcionários -- soube fazer a transição para uma nova era. Que podia ser igual ou diferente, mas não podia ser o desastre que tem sido.

É preciso notar que não estamos a falar de perder o campeonanto. Estamos a falar de uma vitória em sete jogos de campeonato, depois de destruir Domingos, Sá Pinto e Oceano.

Para isto não vale a pena ter investidores internacionais nem jogadores estrangeiros de selecção.

ana disse...

"O Paulo Bento teve um caminho, que deu frutos e chegou ao fim. Deixou de ser a solução e passou a ser o problema. Tão simples como isto."

O Paulo Bento passou a ser o problema a partir do momento em que se foi embora, mas é. Nunca mais acertámos uma. Agora já não nos gozam por sermos segundos e ganharmos umas tacinhas. Gozam por sermos quartos e não ganharmos nada. Tivesse o Paulo Bento tido os meios que todos os treinadores a seguir a ele tiveram... Acusam o homem de ser teimoso, mas não se reconhecem a si mesmos o mesmo defeito quando não são capazes de admitir que foi o melhor que lá tivemos de há uns bons anos para cá. E, não gostando do JEB em muitos aspectos, no que diz respeito a treinador foi quem teve mais tomates ao manter a sua aposta até ao fim. Não foi ele quem mandou o treinador embora, foi o treinador que quis ir. Desde ele que os adeptos estão como gostam: a contestar tudo e todos e a voltarmos ao fado da queima dos treinadores. É vê-los a passar por Alvalade à média de dois/três por ano. Assim é que é bom!

Tasqueiro Emigrante disse...

E formação no Sporting é o que mais existe...foi o Sporting que comprou o clube da minha terra...e não faltam bons jogadores por aí fora.

J. disse...

Obviamente que o mérito de PB e Soares Franco saiu agora reforçado com o demérito de Bettencourt e Godinho.
Quis dar-se um passo para a frente e lutar com os adversários com as mesmas armas, mas afinal deram-se 3 passos atrás. E agora já nao lutamos com o Porto, o Benfica subiu lá para cima e temos o Braga como a equipa que nos tira a Champions.

Mas tão ou mais importante que isso, são as perdas acumuladas de JEB e Godinho. Bem mais de 100 milhões de euros....

Há-que parar, pensar, reformular e voltar ao caminho de antes.
Nunca em Alvalade a expressão "less is more" fez tanto sentido.

Anónimo disse...

Mas os sportinguistas estão preparados para um decréscimo de competitividade que os mande para o meio da tabela durante alguns anos?

E a nível dirigente? Há sportinguistas com coragem para propor um caminho de zero títulos e aposta exclusiva, ou quase, na formação?

Eu também acho que será o caminho a seguir. E se calhar, esperar que SLB e FCP acordem um dia na penumbra e que tudo volte a ficar nivelado. Por baixo, claro.

Vercauteren é o treinador certo?

J. disse...

Acho que por muito mal que ande a coisa nunca andaremos pelo meio da tabela.
O Braga consegue-se aproximar da luta com o Benfica e com o Porto e tem muitos menos recursos que o Sporting.

Acho que é legitimo ambicionar que podemos pelo menos fazer a mesma coisa.
Não é uma questão de ter ou não os recursos do Benfica e do Porto, trate-se hoje em dia de fazer muito mais com aquilo que se tem.

Com a formação sim, mas não só.

Peyroteo disse...

É possível que essa baixa de competitividade nem se note nos primeiros tempos. E, diga-se, será possível fazer pior do que agora? Veja-se que, na época em que o Sporting mais perto esteve de ganhar o campeonato, 2006/2007, a equipa base tinha Caneira, Nani, Moutinho, Veloso e Djaló. Custódio, Carlos Martins e Pereirinha eram muito utilizados. Patrício já estava no plantel.
Ou seja, num curto espaço de tempo o Sporting deveria ter mais de 10 jogadores da formação na equipa principal. E tem ali na equipa B material para trabalhar.

Anónimo disse...

As coisas não são lineares, nem para um lado, nem para o outro.

No contexto actual, julgo que não resta outra coisa ao SCP que não apostar nos jovens que forma.

O problema é assumir isso como política principal porque, como sabem, não vai ser possível lutar com equipas com jogadores feitos e experientes.

Se me perguntares se é preferível ter um Zé do Boné ou um Emerson, sabes qual é a minha resposta. Mas o problema é se em muitas posições só tens Zés do Boné...

Eu acho que o SCP precisa de ter sempre uma equipa competitiva porque é um Clube com uma história feita de vitórias. E o caminho da formação não as vai trazer, pelo menos no contexto futebolístico actual (e que durará mais alguns anos, com certeza).

Peyroteo disse...

E poderá ter uma equipa competitiva através da formação. É preciso é ter paciência. Nem todos a têm mas olhamos para o plantel e o que vemos? O jogador mais antigo do plantel é o Pereirinha...

Anónimo disse...

Não acredito que essa política alguma vez vingue num clube da dimensão do SCP.

Só se for por extrema necessidade.

Se decidires apostar em jovens, vai ser difícil recrutar jogadores-chave que tenham experiência e qualidade, pois não vão interessar-se pelo projecto (que passará por não vencer nada).

Pedro disse...

Assumindo, claro, que a formação é capaz de dotar o Sporting de um plantel capaz de competir com os outros...

O caminho não é bem por aí. A formação tem que servir para ocupar os espaços que hoje são ocupados por jogadores que custaram muito dinheiro e tem pouca qualidade. As verbas disponíveis têm que ser canalizadas para comprar um ou dois jogadores de qualidade indiscutível e/ou segurar os valores que despontam da formação.

E é este o caminho que eu queria que o SLB tomasse.