quarta-feira, fevereiro 10

Largos dias têm (quase) três anos

Até os românticos, como Julio Velásquez, têm dificuldade em discernir as vitórias das derrotas. "Vivemos numa sociedade resultadista", garantiu o técnico do Belenenses numa entrevista dada ao blog Futebol Táctico. Todo o sucesso do modelo, até aos olhos do técnico salmantino, passa por ganhar. E sendo que são os resultados que aguentam, ou não, os técnicos no seu lugar, faz (muito) sentido que as fórmulas a arranjar sejam, no caso do Belenenses, mais vitoriosas que perdedoras. Já no caso dos grandes elas terão que ser altamente vencedoras. Acabando aqui o ponto prévio sobre um técnico que, com a sua filosofia, trará aos azuis do Restelo mais vitórias do que derrotas, lembro de novo que até um romântico - aquele que acha a ideia o ponto principal em futebol - tem dificuldades em fugir mentalmente à dualidade vitória/derrota. Daí que, para um técnico, muitas vitórias lhe darão possibilidade de agarrar em todas as garrafas de água que quiser durante a partida ou de (re)citar todos os clichés que quiser. Rui Vitória, por exemplo, poderia entrar para o Clássico da próxima sexta-feira vestido de noiva, que, ganhando, faria moda. Desde que na bagagem haja vitórias, pouco se mete em questão. São as vitórias, portanto, que fazem a 'indumentária'. 


Daí tão pouca investigação sobre como se ganha. Se o importante é ganhar, o fim justifica o meio. Jorge Jesus, recorde-se, incluiu dois reforços de inverno no seu plano habitual e fez entrar mais dois para tentar desfazer o empate que o Rio Ave impunha em Alvalade. E se, ainda que com muitas oportunidades concedidas na primeira metade, é factual que não perdeu por Coates (vai ser um caso sério) e por Zeegelaar, já a entrada de Barcos deixa muito a desejar em relação ao passado recente com Montero. Fredy poderia nem sequer marcar, e o jogo poderia ter igual desfecho, mas olhando para as características do reforço argentino - que substituiu o criativo cafetero - seria muito difícil que essas se complementassem com um Islam Slimani em (recente) baixa de forma. Jesus terá pensado que, a ganhar, ganharia, também, novos jogadores para a longa (e sofredora) jornada a que se propôs. Não o conseguindo gerou dúvidas leoninas onde antes não as havia: no futebol.

Isto porque, hoje por hoje, a perda de pontos tem consequências que num passado recente não tinha. A pressão para o FC Porto, maior exemplo vitorioso na última década, pura e simplesmente não existia, porque os adversários escorregavam em quantidades devastadoras. A oposição feita por Sporting e Benfica era, sem grandes dúvidas, uma oposição de brincadeira que revelava as grandes fragilidades dos rivais da 2.ª Circular, e seria sempre facilmente contornada por um FC Porto que criava, a cada título nacional, um monstro sedento de vitórias. Os dragões são, aliás, o exemplo mais notório do extremo a que se é capaz de chegar neste campo: só a vitória interessa. Como chegar lá? Confia-se em Pinto da Costa. A enorme maioria - que vai a votos ainda este ano - vai confirmar a ideia. A falta de oposição fará o resto. E os 'poucos', que sabem que para se ganhar no presente a ideia tem de ser superior à dos rivais, esses batem e baterão em tudo o que mexer. A Norte, o ambiente é insustentável. E a birra de Maicon é uma brincadeira de crianças ao lado da mimalhice e do berreiro em que se tornou o Estádio do Dragão.


O FC Porto pode perder. Julgava-se que não, mas, como todos os outros, pode. Até os mais populares do 'ciclo' um dia terão cabelos brancos (isto se tiverem cabelo) sendo que a falta de transcendência toca-nos a todos. Mas julgar que iriam ser eles que mais iriam vingar na vida (real) é quase tão de doidos como dizer que as estruturas são as principais responsáveis pelo sucesso dos clubes. Claro que para esta(s) estrutura(s) passarem incólumes outros valores mais altos se terão que levantar. Estou certo, por exemplo, que Maicon não abandonaria (daquela maneira) o campo se o FC Porto estivesse a vencer por 3-0. Estou tão certo, até porque o mesmo central aguentou uma entorse gigante aquando da vitória caseira frente ao Chelsea, mostrando os destroços só ao fim. Estou certo também que Jorge Costa não atirou a braçadeira de capitão num bom momento dos dragões, como estou certo que as vitórias escondem toda a insatisfação do Mundo.


Para a Luz, isso é o que o FC Porto tem de perceber. Que o que joga do lado de lá são as vitórias. Toda a confiança do Benfica é de barro, como em tempos foi a sua. Percebendo que a auto-estima é um sentimento interior e as vitórias são o seu reflexo exterior, o FC Porto perceberá porque é que venceu o Benfica na Supertaça 10/11 e porque é que continuou durante três épocas a ser o seu maior pesadelo. Era mentalmente superior e não 'resultadistamente' superior. Era-o porque veio de baixo, sem título e sem vitórias, para lhe roubar a coroa. Que os adeptos não percebam isso - e que se achem no direito de ganhar só porque sim - admito. Que a tão profissional estrutura e equipas técnicas não o percebam - que não percebam como se opor a este Benfica como AVB o fez brilhantemente há quase cinco anos em Aveiro - isso já não se pode admitir. Porque é desse esquecimento que provém o jejum. E é desse jejum que o menino Dragão se queixa. Sendo o alimento, nesta metáfora, o bom futebol, e sendo o bom futebol independente dos adversários, resta a hipótese que o FC Porto já não sabe como levar a colher à boca. Ou não sabe ou está tão decrépito que não consegue fazê-lo sem tremer e deixar cair a sopa.


E a solução seria sempre bastante difícil caso o FC Porto não tivesse ganho, já neste contexto, três campeonatos seguidos. Com a mesma 'estrutura', com jogadores sem anos de casa e sem mística e com a (co)missão sempre bem presente nas cabeças. Isolar a equipa disso tudo e fazê-la confiar nessa Lei Universal é tarefa hercúlea. Mas a sede e a confiança são tão grandes do outro lado que (só) resta ao FC Porto virá-las a seu favor. Haverá forças para outro minuto 70 depois de o Benfica perceber que não é realmente mais forte, que o seu modelo é anulável como foram os melhores modelos de JJ? Que é esse modelo - quando neutralizado - que deixa um dos seus melhores intérpretes de sempre sem aparecer? Não, não é Jonas que é fraco (como podia?). É o modelo que não é assim tão bom! Mas se o FC Porto não der mostras de saber como o fazer, é bom que se despeça do Campeonato parabenizando quem soube, mais uma vez, ser melhor do que ele. Só assim se achará o rumo e só assim se distinguirá um bom treinador sem achar que a estrutura está acima disso.

PS1: Imagens: jogodirecto.blogspot.com, referentes à Supertaça 10/11





38 comentários:

Mike Portugal disse...

Penso que a vitória ou não do FCP na 6ª feira terá apenas 50% a ver com tática. O resto será mental. Os jogadores mesmo quando as equipas estão em baixo superam-se mentalmente nos jogos grandes e isso irá contar muito para o jogo.

Na 6ª feira sou do FCP desde pequenino. looool

Marco Morais disse...

Não iria por percentagem. Há muitos factores, que se podem unir em torno da palavra que escolheste: mental. Mas até podes ir com toda a confiança do Mundo que se vires que o plano não funciona - se perdes o controle do jogo em relação àquilo que treinaste - vais abaixo.

Os dois sistemas são anuláveis. Depois há a descaracterização normal nestes jogos. E ainda há eficácia e tantas outras coisas.

Espero que no post dê para perceber que, independentemente, do resultado, resta ao FC Porto provar que se pode bater com o Benfica das goleadas. Se vai ganhar ou perder, é outra história

Peyroteo disse...

Não vi o jogo do Porto mas, seja como for, não me surpreende a época que o Porto está a fazer. Porque nunca fui na conversa do "plantel fabuloso" e acho que o Porto tem limitações em todos os sectores (principalmente meio campo e centro da defesa). E, para piorar, o mercado de Janeiro só serviu para baixar a qualidade do plantel. O que é estranho.
Para o Sporting seria bom que o Porto pontuasse na Luz. Mas será que pode aspirar a mais que um empate?

Peyroteo disse...

O Benfica-Porto da época passada foi dos piores jogos dos últimos anos. Táctica, táctica e mais táctica. Ninguém arriscou um milímetro. E nessa altura o Porto também precisava de arriscar...

Marco Morais disse...

O plantel não é fabuloso, mas dá para fazer mais. Nisso acho que concordamos. Na época passada aquilo não foi um jogo. Lopetegui pensou em não perder - pensou nele, portanto. A perder, seria despedido.

Dois treinadores diferentes darão um jogo diferente. Já por si, os jogos do Porto com Peseiro têm sido 'partidos'. Ele espera que se partam no meio-campo do Benfica. É esperar para ver - como nisso do empate, vitória ou derrota. Caso Peseiro consiga algo parecido ao que o Porto fez no Estoril (compacto, rigoroso e perigoso com bola), acho que estão as três em aberto. Claro que o lado mental joga e de que maneira.

Mr. Shankly disse...

"independentemente, do resultado, resta ao FC Porto provar que se pode bater com o Benfica das goleadas."

Claro que pode. O Benfica das goleadas não existe contra adversários da mesma valia. Isto já acontecia com JJ.

Marco Morais disse...

Golear adversários da mesma valia sempre foi difícil e, por isso, pontual. Resta saber se o que o Benfica tem feito (a evolução que tem sofrido) serve para ganhar um jogo contra uma equipa de valia semelhante.

Resta saber também se este Porto mentalmente e tacticamente destroçado é de valia semelhante ao bicampeão.

Traço quase sempre cenários de superioridade. Mas o jogo pode ser partido, emotivo, emocional e incerto. Não torço por esses jogos. O que quero dizer, sobretudo, é que o Porto tem oportunidade de provar o que vale. Manobras têm sido feitas - nomeadamente pelo Benfica através da BTV - de galvanizar os adeptos, fazendo-os acreditar. Isto que aqui tentei, é 1% do que o Porto já devia ter feito, sabendo-se do bom historial na Luz no passado recente. O Porto, por várias vezes, fez cair o Benfica do seu pedestal. Fosse este um jogo como o de há dois anos e eu recusaria sequer posts destes. Mas não é, parece-me. É bem possível que o Porto atinja um nível bom. Não é é tão provável como atingir um nível medíocre. A ver vamos.

Ricardo disse...

Óptimo, como sempre. "Pena" seres do Porto; se fosses benfiquista, convidava-te para o Ontem:) Espero que ninguém no teu clube tenha esta lucidez. Abraço.

Marco Morais disse...

Não retribuo por gentileza mas por achar que o Ontem é uma referência, muito por culpa dos teus textos. É sempre um prazer lê-los, Ricardo! E mesmo não fazendo parte da equipa do Ontem, continuarei sempre a ir lá com agrado. Acho que no meio das 'clubites' há muito por onde pegar. Ver que compreendes um texto que pede um Porto forte na Luz - e que não é de todo simpático para o Benfica - deixa-me esperançoso de que no futebol pode vingar a ideia e não a cor, sendo que há imensos pontos de contacto entre adeptos de diferentes clubes. Depois que ganhe o melhor e que a Liga fique nivelada por cima.

Grande abraço!

Ricardo disse...

Verdade,Marco. Tenho em mim a mesma esperança; é cansativo o clubismo doentio, não há pachorra. Entretanto, escrevi sobre Vitória e o jogo de Sexta. Prevejo um jogo muito difícil para o Benfica.

Marco Morais disse...

Está óptimo, como de costume. Sexta se provará (talvez) quem é o pessoal que sofre de alucinações. Assim como o real mérito de RV, na recuperação do campeão.

Acho que se o Benfica ganhar a Liga é porque alguém viu o que tinha de ser corrigido. Tu és um desses e o Marquês teria de ser quase todo para ti.

Ou então somos desconfiados e gostamos de cabalas contra um mister que goleia. Podemos ser agarrados à opinião que sempre tívemos desde início. Fevereiro trará respostas. Independentemente do resultado das mesmas estás de parabéns porque assumes o que pensas. Isso é mais importante que qualquer goleada. Já eu, não gosto do RV porque sou azul :)

Pedro disse...

Por acaso fico com a sensação que tb não percebeste pq é que AVB ganhou essa supertaça. Mas, não percebeste tu nem, infelizmente, percebeu a grande maioria dos benfiquistas e isso é que é mais grave para mim. Felizmente esse problema já lá vai.

Há um forte desejo, dos rivais, de que a confiança do SLB seja de barro. E, assumo, não sei se não é. Esta onda lembra-me o ano de Fernando Santos e acima de tudo o segundo ano de JJ onde tivemos 18 vitórias seguidas para depois sermos humilhados da forma que todos se lembram. Mas há notórias diferenças: este actual Benfica joga mais apesar de ter menor qualidade individual e, muito importante, nunca, nessas duas épocas, esteve em primeiro. Andou sempre atrás do prejuízo. Desta vez a situação é diferente e isso pode ter muita influência.

O jogo de amanhã irá ser uma prova ao real valor deste Benfica. Ganhar é importante mas não será determinantes para aferir desse real valor. A postura, a atitude, o jogo, serão esses os factores que irão definir se temos um Benfica real candidato ou não. Acredito que o resultado final será consequência desses factores.

Sobre Vitória neste momento vejo o mesmo que vi em JJ, vive do que os jogadores conseguem fazer. Em sua defesa isso tem sido suficiente o que impede uma avaliação às suas capacidades como treinador. Não me importo que assim seja até ao fim pq será sinal de que a equipa vai ganhando bem e com tranquilidade. Espero por aquele momento em que Vitória terá que intervir para ajudar a equipa e aí sim ver o que se pode esperar dele como treinador. E é aí que pretendo que ele mostre ser superior ao anterior treinador que foi sempre medíocre nesse momento de acção. Tem a enorme vantagem de não ser parvo, de não ter um ego nada condizente com o seu currículo e de ter conseguido unir o plantel, qualidades que o outro nunca teve nem terá. Resta aguardar.

O jogo amanhã pode ser decisivo. Se o Benfica ganhar bem acende-se uma Luz ao fundo do Túnel do Marquês.

Marco Morais disse...

Pedro gosto sempre de te ver por aqui, até porque me dás sempre oportunidade de esclarecer pontos de vista mais polémicos.

O que eu me esqueço é que nas épocas de JJ para ti era tudo por decreto. Com RV provavelmente ganhavas aquela Supertaça e não 'levavas' cinco no Dragão. O que faltou ali foram duas ou três frases feitas.

Pouco importa se há o desejo dos rivais ou o desejo dos benfiquistas. Se isto fosse por desejos não tinha piada nenhuma. O que importa é o que se vai passar, e isso nenhuma antevisão te consegue dar. Podem roçar, podem alertar, mas pouco mais. Ontem, por exemplo, não sabia que o Chidozie teria de ser titular, como hoje não sei do que ele será capaz. Se vamos por desejos, olha, que se imponha que o Porto bem precisa de um central de jeito. Também Mikel entrou bem contra o Benfica.

Mas lá estou eu a falar do Porto e sei que isso pouco te interessa.

Ora, não te vou mentir: formei uma imagem mental do RV técnico do Benfica em junho. Essa imagem foi construída através do que vi no VSC e no Paços. Previ que as coisas iam ser difíceis pela falta de qualidade no seu modelo. Mas, ao contrário da maioria dos benfiquistas, percebi enormes mudanças quando se dizia que RV estava preso ao modelo de JJ. Hoje, um dia provo-o com imagens, o modelo de RV é praticamente igual, ao do seu antecessor, no posicionamento em todos os momentos do jogo. Até nos pequenos pormenores (exemplo: lateral posicionado no meio, quando o Benfica está a atacar do outro lado, para evitar transições perigosas). Concordo que no último terço é mais directo, mas como já te li, por aí, a dizer que "os cruzamentos são um mito", lamento não poder elucidar-te mais.

Ainda não chegámos ao ponto em que um assinante SportTV ou BTV pode ter acesso a todos os jogos transmitidos em todas as épocas. Por isso continua a falar-se de cór.

O Benfica está melhor, isso é óbvio. Está mais compacto e utiliza outros espaços para que no último terço seja mortífero. Sobre as falhas, já sei que incomodam. Mas sei também que basta uma derrota clara - como foi a do Atlético Madrid em casa - para te dissipar as dúvidas. Se é o Porto que as vai demonstrar? Duvido. Já escrevi que é mais provável que o Porto não aguente e que, por consequência, não divida o jogo, do que encha o campo e impeça o Benfica de mostrar a sua valia ofensiva.

O Porto muito dificilmente será campeão, e isso pesa. Já o Benfica, com enorme mérito, encontrou forma de ser bastante regular - o que não quer dizer que não haja falhas no modelo. Daí as fotos da Supertaça: o Benfica parte na condição de favorito e vai ter que assumir o jogo, desde trás. E tem enormes falhas nesse momento. Para que te lembres: é enorme a diferença quando jogas contra equipas que te pressionam a saída-de-bola, do que quando jogas contra alguém que se recolhe com medo dos espaços que pode abrir atrás. Filosofias.

O que sei é que RV é, como a maioria dos treinadores, hipócrita. É hipócrita porque referiu como factor determinante (no 0-3 infligido pelo Sporting na Luz) que os golos surgiram nas três primeiras oportunidades. E isso é o que o Benfica tem vindo a fazer na maior parte dos seus jogos desta série brilhante. Tem mérito, como o Sporting teve nesse jogo. Não o reconhecendo, Vitória enaltece o seu Benfica (com exemplo mais flagrante em Braga) e desculpa-se com azar noutras instâncias. Daí que não esperes dedo de mágico. Porque o que ele tem feito é o mesmo que fez, quando chegou à Luz, nas bolas paradas defensivas: no Vitória defendia ao homem e no Benfica manteve a zona de Jesus. Estendeu a reprodução a todos os momentos. Isso para mim é um facto, porque conheço bem o modelo de JJ.

Para que fique claro: Tu hoje defendes uma fotocópia do modelo que criticaste durante 5 anos - se foram 6 não sei, porque na altura do 1.º título pouca gente criticou (talvez em Liverpool).

Marco Morais disse...

Hoje li isto no Posse de Bola. Como é óbvio não fui eu que escrevi, nem sei se o 'entrevistado' é azul, verde ou vermelho. O que sei é que há mais gente a achar o mesmo, independentemente de desejos clubistas:

« Como explicar que o Benfica, sabendo-se que o processo ofensivo não é de qualidade excepcional, seja a equipa com mais goleadas até ao momento na Liga? Pensas que no final serão o melhor ataque?

É verdade que o processo ofensivo do Benfica não tem grande qualidade, mas é um processo mais direto e incisivo que quando enfrenta defesas mal organizadas e/ou com fraca qualidade individual acaba por dar algum rendimento porque está também aliado a uma boa qualidade individual. Portanto, acho que o rendimento do ataque se deve sobretudo ao adversário (contexto) e à qualidade individual do Benfica do que à qualidade do seu processo ofensivo. Desconfio que o Benfica terá sempre grandes dificuldades em jogos com equipas bem organizadas e com qualidade individual razoável.»

Marco Morais disse...

Para terminar, outro apontamento que acho interessante:

O Porto está 'sem' centrais. O Benfica passou, e passa, por uma situação muito parecida. No último jogo, face às ausências, Peseiro optou por alterar demais (retirou Layún da esquerda e começou logo a perder por aí) e é quase certo que o fará de novo. Ao recuar Danilo, Peseiro mexe em dois sectores. Já Rui Vitória lançou, sem medo, Lindelöf às feras. Parecendo que não, isto pode fazer uma diferença enorme.

Anónimo disse...

Concordo com o Pedro quando sugere que o sucesso do Benfica tem pés de barro. Tem. Porque a equipa continua a mostrar dificuldades no controlo do jogo (emotividade) e porque o processo defensivo é deficiente (disfarça com Fejsa).

Agora, durante anos, com JJ, aqui discutimos o mesmo. Era um Benfica speedado, emocional, incapaz de gerir ritmos de jogo. Lembro o jogo em casa, em que demos a volta, contra o FCP. E perdemos 3-2, porque em vez de procurar essa estabilidade no jogo da equipa, JJ preferiu dar mais pau na bola.

A defesa à zona foi inventada por JJ? É que assim como dizes parece que sim, e que RV é um copião.

O modelo de JJ permitia encarar jogos contra equipas fortes com tranquilidade era? Epá, andei a ver mal durante 6 anos. O Benfica na Europa, não evoluiu com JJ.

Foi grande, cá dentro, mas não deu salto qualitativo nenhum.

Houve bons momentos, claro. Jogámos futebol muito bom. Mas entretanto houve alguém que venceu competições europeias e 3 campeonatos.

Voltando a RV, acho como vocês que amanhã pouco se perceberá. Porque um Benfica-FCP é sempre complicado de se avaliar (há muitas condicionantes nestes jogos).

Não posso com o discurso do RV, e sobre o de JJ já escrevi tudo durante 6 anos.

JJ terá de ir lá para fora para realmente provar que o seu modelo é espectacular. Mas parece que ninguém lhe pega...

Pedro disse...

Não percebi o tom dos primeiros parágrafos mas pode ser falha minha.

"Toda a confiança do Benfica é de barro, como em tempos foi a sua."

Esta frase é tua à qual eu respondi que "Há um forte desejo, dos rivais, de que a confiança do SLB seja de barro.". Ou para ti a confiança do SLB ser de barro é um facto real? Para mim parece-me uma opinião tua...opinião que eu reconheço que vocês desejam ser realidade. Agora se é ou não parece-me difícil, nesta fase, ela o ser. Mas, assumindo que a aches mesmo real espero que me dês a mesma oportunidade de eu achar realidade algo que tu consideres opinião.

Mais uma vez a palavra "decreto". Em todos os comentários que faço sobre o tema expliquei muito bem o pq de achar o que acho. Já justifiquei milhentas vezes a opinião que tenho sobre os motivos de JJ ter perdido o que perdi. Trazer esse termo é, na minha opinião, falta de capacidade argumentativa. Espero que não fiques ofendido mas é a opinião que tenho perante tais comentários. Já ando aqui há algum tempo para saber o que a casa gasta.

Tenho a convicção que poucos treinador do mundo perderiam o "elan" que o SLB trazia naquela pré época mudando tacticamente o que tinham mostrado no defeso e perdendo a oportunidade de derrotar um adversário que estava fragilizado. Provavelmente não te lembras mas antes da supertaça já AVB estava a ser posto em causa devido a uma má pré época onde AVB já se refugiava em árbitros e afins. Como ganhaste talvez não te lembres mas eu lembro-me bem dessa altura. Sobre os 5-0 nem é a chapa 5 que está em causa, pode acontecer a qqr um, é sim o que JJ inventou e pq é que inventou para aquele jogo. É isso que nunca nenhum defensor de JJ se chega à frente para comentar. Mas já lá vai e, repito, já não é problema meu.

Sobre RV. Não sei o que pretendes dizer com tudo isso. Nunca me viste a defender RV, nunca me viste dizer que é um grande treinador, nunca me viste a dizer que vai ter sucesso. Viste-me e verás a ser coerente com ele e a reconhecer o contexto com que se teve que deparar. E vês-me a elogiar o actual Benfica pq de facto estamos a jogar muito bem. Em momento algum me viste dizer que vamos ser campeões ou sequer que vamos vencer o fcp. Terás lido que se vencermos o fcp podemos ganhar o bost final de confiança que faltará à equipa (e adeptos).

Todas as falhas do SLB me incomodam. Bolas, andei 5 anos a discuti-las. Claro que incomodam. Sou coerente, incomodam hoje como incomodavam ontem. Mas sou justo e não posso comparar contextos que não têm comparação e isso terá sempre peso na análise ao trabalho de um treinador.

" a dizer que "os cruzamentos são um mito""

E irás continuar a ver-me dizer isso por aí. Pq de facto são um mito. Ontem, hoje e amanhã. São um mito no sentido de o jogo do SLB ser isso, apenas cruzamentos. É falso, sempre foi. E o mais curioso é que o scp do grande JJ que tanto defendes joga tanto ou mais com o recurso a cruzamentos que o SLB. E isso foi demasiado evidente quando trouxeram a discussão dos cruzamentos para a ribalta o que fez reparar mais nos cruzamentos feitos nos jogos do grande mestre. E eram às carradas e muitos sem qqr nexo. Basta ver muitos dos golos do scp este ano. Mas já sei que os cruzamentos do JJ são sempre mais melhores que os cruzamentos de qqr outro treinador. Adiante.

"Tu hoje defendes uma fotocópia do modelo que criticaste durante 5 anos"

Diz-me onde é que eu faço essa defesa. Por dizer que o SLB está a jogar bem? Por dizer que nunca vi o SLB a ser tão pressionante? Consideras isto defesa de um modelo?
ò Marco...és capaz de muito mais.


Pedro disse...

Luis, cuidado, eu não sugiro que o sucesso do SLB tem pés de barro. Admito a possibilidade de o ter e será nestes desafios de maior dificuldade que isso se irá ver. Ou melhor ainda, será na resposta a um possível desaire, que se verá se o "sucesso" é de barro ou de aço.

"Agora, durante anos, com JJ, aqui discutimos o mesmo."

Exacto.

"O modelo de JJ permitia encarar jogos contra equipas fortes com tranquilidade era? Epá, andei a ver mal durante 6 anos. O Benfica na Europa, não evoluiu com JJ. "

Tranquilidade e jogos grandes? Com JJ? LOLOLOL

"JJ terá de ir lá para fora para realmente provar que o seu modelo é espectacular. "

Ele não vai a lado nenhum...

Peyroteo disse...

"Ele não vai a lado nenhum..."

Ainda bem acrescento eu. Olha, os jogos grandes esta época foram dos jogos mais tranquilos do Sporting... Limpou ambos com relativa facilidade.

Pedro disse...

Meu caro Peyroteo, no scp ele ate pode ser campeão europeu que me é totalmente irrelevante. Importa-me o que fez no SLB, somente isso.

Pedro disse...

E o não ir a lado nenhum é em relação ao estrangeiro ...pq por cá és capaz de ter uma desilusão em breve. Será giro ver as reacções nessa altura.
:)

Peyroteo disse...

"Tranquilidade e jogos grandes? Com JJ? LOLOLOL"

Eu levei isto como uma generalização e não apenas no caso do Benfica. O treinador é o mesmo...

Se ele for para o Porto? Dependeria das circunstâncias. Se o Sporting porventura o dispensasse, de que me poderia queixar? Só mesmo do clube, não do treinador.

Pedro disse...

É possível que o scp o queira dispensar mas não sei se terá €€ para isso. E é essa a resistência que tenho em acreditar que vá para o fcp pq alguém teria que pagar ao scp o restante contrato que JJ tem com o clube. Foi só mesmo para picar.

:)

Eu analiso e critico JJ como treinador do SLB. Ele agora até podia ficar melhor que Mourinho que não anulava os seis anos de SLB que é o que me "toca".

Anónimo disse...

JJ é, até ver, melhor treinador do que RV. Tem mais 20 anos de experiência, viveu num clube gigante, com as melhores armas ao seu dispor, e esteve seis anos por lá. Aprendeu (pouco), cometeu erros, ganhou, perdeu, evoluiu. Este ano tem ainda mais uma vantagem que é conhecer o plantel do Benfica.

O RV está bem atrás.

Mas pelos vistos JJ só foi campeão porque o Benfica é um clube corrupto o que acaba por retirar o mérito desportivo ao treinador. Estou confuso!

LDP disse...

Não vejo qualquer problema em algumas situações de jogo apresentadas (e executadas) pelo Benfica, actualmente, serem iguais ou parecidas ás de JJ.
Primeiro porque muitos dos jogadores são os mesmos. Luisão, Gaitán, Salvio (não ainda), Adré Almeida ou Jardel, jogam juntos há quê? Quatro, cinco anos? Há movimentos que fazem de olhos fechados e, se calhar, isso é mais deles do que JJ.

Segundo, alguém por acaso sabe (ou lembra-se) como foi o primeiro ano de Allegri na Juve depois da saída de Conte? Foi como se Conte ainda lá andasse mas sem peruca. E sabem quantos elogios da imprensa e dos adeptos (de outros clubes até), ele recebeu? Imensos. E não só no fim do campeonato já com o caneco na mão, mas durante.
Basicamente manteve a máxima "em equipa que ganha não se mexe", e ele não mexeu. E ganhou o campeonato. Conscientemente não mudou. Não quis. E as equipas de Conte são muito diferentes das de Allegri. Sempre o foram.

Para esta época resolveu mexer. Vendendo jogadores e escolhendo ele as contratações para adaptar, finalmente, o seu modelo táctico na Juve. Resultado, nas primeiras 10 jornadas ganhou se calhar 2 jogos e á rasca contra os Livornos da vida. Foi protegido pela direcção e está agora em segundo. Mas num campeonato sem Milan, Inter e Roma e se tivesse repetido as opções do ano passado estaria agora com 10 pontos de vantagem sobre o Napoli.

Não estou a comparar Allegri a Rui Vitória, nem o Benfica á Juve, mas o futebol é feito também de paciência e de remodelações a muitos níveis, e que levam tempo. Muito tempo.

Marco Morais disse...

Luís e Pedro,

Devo ter percebido mal e não encontro o desacordo. Também não acho Jesus a última Coca-Cola do deserto, como também reconheço que é o melhor em Portugal - sobretudo porque os dois últimos campeões já não moram cá.

De resto limitei-me a fazer uma análise àquilo que eu penso ser o futebol do Benfica. Dentro dessa análise poderá caber, ou não, um Porto em falência e com 3 semanas de novo treinador.

LDP e Pedro,

Concordo em absoluto. É como a conversa dos cruzamentos. Nunca quis dizer que golo de cruzamento é falta. O que tento explicar é que é uma solução com menos probabilidade de sucesso. O que faz confusão no Benfica, é que uma solução com menor probabilidade tem dado um aproveitamento, diria, histórico.

O Sporting faz cruzamentos? faz. Muitos? Em relação às duas épocas passadas, não diria. Mas o que me faz 'batalhar' aqui é a dependência. E isso, ou ando muito desatento ou, o Sporting é bastante menos do que o Benfica. Tenho bem presentes os primeiros jogos de RV, como tenho bem presente esta série de vitórias. A dependência é enorme. O que me faz julgar que com oponentes superiores, o aproveitamento vai ser reduzido.

Mas ei, é só uma teoria. O Benfica até pode ganhar a Liga e ir vencer o Zenit com três ou quatro vindos de um cruzamento qualquer. Parece-me é mais improvável do que aquilo que tem acontecido na Liga. Acho que estaremos de acordo.

Quanto ao modelo e ao aproveitamento feito por RV em relação ao passado recente, volto a utilizar a mesma teoria (daí a resposta conjunta ao Pedro e ao LDP). Nada impede RV de o fazer e de tirar dividendos disso. É até uma solução que pode ser vista como inteligente. Só acho que as cópias, por mais perfeitas que sejam, nunca são tão boas como o original. Mas quando vir o Benfica chegar ao nível que chegou com JJ (por mais incompetente que tenha sido em vários jogos) eu penitencio-me. Eu era, aliás, dos que pedi o despedimento de VP na 1.ª época. Não me vai custar nada assim que lhe reconhecer brilhantismo (mas parece-me tão búzio, tão mas tão búzio...)

Pedro disse...

Uma pergunta apenas: Se os deuses do futebol permitirem e este Benfica actual, demolidor, durar até ao fim do campeonato e sagrar-se campeão, ultrapassará/igualará o nível do SLB de JJ (na tua opinião)?

Marco Morais disse...

Não tem nada a ver com isso. Era o Porto do Jesualdo melhor do que aquele Benfica que perdeu aos 92 minutos?

Nível futebolístico é diferente de títulos. Há muitos runner-ups a quem eu atribuo nível (são bons porque realmente o tiveram - e não porque eu o atribuo ou porque ganharam alguma coisa). Olha, esse Benfica que perdeu tudo, era um excelente Benfica. Não sou muito velho, nem muito novo, mas não me lembro de muitos Benficas melhores.

Marco Morais disse...

E para que fique esclarecido: não me custa admitir o mérito de RV na procura do futebol vertical que tanto desbloqueia jogos. Aliás, o Benfica tem todo o mérito nesta caminhada vitoriosa dos últimos (10? 12?) jogos. Só tenho dúvidas (não são desejos, esses não contam para nada!) que haja dedo do treinador quando a equipa precisar de mais.

Agora, que encontrou um software (o que eu gosto desta palavra) que lhe tem permitido ser demolidor, isso encontrou! e é de enaltecer. Se, por acaso, eu fizesse análises fim-de-semana a fim-de-semana sobre o Benfica (o que não tem acontecido aqui - e que aliás nunca aconteceu) irias ler-me sobre esse mérito. Deixaria sempre o parêntesis aberto para as dúvidas (muito por o futebol do Benfica ter alguns handicaps) e sublinharia as parecenças (agora sim, são bem evidentes) com os anos passados.

Pedro disse...

O ênfase não é no título mas sim no "actual Benfica, demolidor". Mas já percebi que achas que este Benfica actual é vertical logo "pior" que o SLB de JJ. Ok.

"Só tenho dúvidas (não são desejos, esses não contam para nada!) que haja dedo do treinador quando a equipa precisar de mais."

Tens tu e tenho eu. Essa é a minha dúvida. E era a minha certeza com JJ. JJ não ajuda a equipa quando esta precisa de mais. Sempre foi essa a minha grande batalha.

Anónimo disse...

Marco, viste os jogos com o Fejsa? Não foram os melhores? A mim pareceu-me. É o sérvio o único capaz de estar no sítio certo, e defensivamente compensa os devaneios do Renato. Já o Samaris, gosto muito dele mas parece me sempre às aranhas e o que tem de voluntarioso falta-lhe em posicionamento.

De qualquer das formas, na segunda parte contra o Estoril, Moreirense, nacional e Arouca acho que fomos muito parecidos com os melhores tempos de JJ. Pressão alta, defesa subida e sempre com linhas de passe (nestes jogos houve belíssimos golos). E os adversários sem qualquer hipótese.

Quanto ao resto, não deve haver um benfiquista que não esteja desconfiado. Hoje até acho que não será o melhor jogo para aferir a qualidade do jogo do Benfica, por uma enorme quantidade de factores. Hoje importa a ambas as equipas vencer. Apenas.

Mike Portugal disse...

Eu acho que estes gajos é que usam a melhor tática para ganhar jogos:

"É impossível não ficar chocado ao ver estas imagens de jogos do Canelas 2010, equipa onde jogam vários elementos dos Super Dragões, incluindo Fernando Madureira, o líder da claque. Aparentemente, são cenas comuns nos jogos em que participa esta equipa...

...A história foi levantada no último domingo pelo Record, numa reportagem de duas páginas de leitura obrigatória, onde são apresentados vários depoimentos de dirigentes de clubes que disputam a Divisão de Honra da AF Porto. Treze dos dezasseis clubes fizeram queixa à AF Porto pela violência usada pelo Canelas, referindo a incapacidade das forças policiais e das equipas de arbitragem em reagir em conformidade. 90% dos árbitros da AF Porto recusam-se a arbitrar jogos do Canelas. Várias equipas já registaram falta de comparência em partidas contra o Canelas, e outras entram em campo evitando qualquer contacto físico, pois não têm capacidade para pagar os 750 euros de multa pela falta de comparência. Mas, aparentemente, a AF Porto ainda não tomou qualquer medida para resolver o problema."

https://www.youtube.com/watch?v=7tnL-rpVu70

Ricardo disse...

Marco, as bolas paradas defensivas. É era de que tenta copiar o outro mas com resultados diferentes. Tu podes tentar introduzir no treino as ideias alheias mas só as conheces de vê-las em campo ou, no máximo, de ouvir em palestras ou numa conversa mais sincera e pessoal. Ou seja, reproduzir o modelo do outro (não considero tanto como tu, mas percebo o que dizes) não é reproduzir o modelo do outro. Ou sabes o que estás a querer com determinado conceito ou ficas perdido. É um bocadinho como, na escola, marrar para um teste ou compreender a matéria. Falamos de universos diferentes.

Bom jogo, companheiro.

Ricardo disse...

*É VERDADE

Marco Morais disse...

Pedro,

Não acho o Benfica de RV superior porque é de reboque. É uma cópia. E o tempo vai dar-me razão. Se não der, sou o primeiro a admitir(-te) que estava enganado. E se tiver o seu mérito para atingir o nível que tu desejas para o Benfica, idem. E explicarei porquê.

Depois, talvez por achar isso (que falta um 'bocadinho assim' ao JJ) é que nunca o quis no Porto. Mas isso não invalida que o RV tenha escolhido o mesmo caminho para levar de vencidas a maior parte das equipas da Liga. O mesmo posicionamento, o mesmo plano. Se me quiseres perceber talvez isto te dê jeito: o Benfica de RV jogava no princípio da época, contra qualquer um, da maneira que JJ jogava em jogos de alta dificuldade.

Hoje vai, decerto aparecer, um Benfica mais comedido e a ver o que o jogo dá, antes de soltar Sanches e os laterais. Mas mesmo soltando Sanches e os laterais, há falhas que um adversário mais forte, bem posicionado e com soluções ofensivas, pode aproveitar. Foi nesse limbo que viveu JJ e é nesse limbo que viverá RV.

O que nos faz discutir é que tu desejas que esse Benfica não exista, porque o treinador é diferente e porque tem marcado mais. Tu deixas a porta aberta para os pés-de-barro. Eu assumo os pés-de-barro. Compreendo que fiques desconfiado porque não é um benfiquista a fazê-lo. RV merece o benefício da dúvida, mas eu não posso ir contra as minhas convicções. Depois se elas forem reais, que mérito tenho eu? Assumo o que penso. As falhas são as mesmas, e nos jogos grandes vai haver acertos - ainda para mais porque o modelo não é dele.

A conversa dos desejos, em mim, não faz sentido. Tenho assumido que o Sporting vai ser campeão e que é a equipa mais evoluída da Liga. Também é um desejo meu?

Luís,

Fejsa é impressionante na dividida e tem maior raio de acção. Claro que, por isso, dá mais liberdade ao Renato - que só quando se soltou (com os laterais a seguirem-lhe o caminho) é que o Benfica encontrou o seu rumo. Se vai ser assim nas etapas de montanha? Duvido. Acho que o Benfica vai fazê-lo, se puder fazê-lo. Talvez por isso não compreenda o Pedro quando aponta falhas lógicas no modelo de JJ e tem esperança que o modelo de RV seja diferente.

O facto de o Benfica ter encontrado o posicionamento das épocas passadas faz com que o nível seja muito parecido. Ainda por cima tem sido mais eficaz, o que contribuiu para um nível alarmante de euforia.

Já JJ foi sempre, para o bem e para o mal, refém do seu modelo. Perdeu no Dragão a defender - como já lá ganhou a fazer o mesmo - e perdeu contra o Chelsea (Final da LE) a atacar. Também foi aos quartos da Champions e ficou pelo caminho, pelo menos uma vez, com 10 pontos num grupo fortíssimo. Sim, o Benfica nunca atingiu o nível desejado e por isso compreendo o Pedro, mas pensar que este Benfica, com um treinador de reboque, pode fazê-lo é para mim descabido.

Em conclusão, para mim - como sempre nestes duelos - ganha a equipa que conseguir projectar mais os seus laterais, que conseguir jogar mais pela zona central e mais no meio-campo adversário - preenchendo de excelente maneira a zona ofensiva. Quantos pontos faltaram aqui ao Lopetegui, contra Jesus?

Marco Morais disse...

Só para não deixar isto com 35 comentários (olá António Oliveira, este autocarro não anda para trás),

Mike, pouco conheço do Canelas. Pouco conheço dos Super Dragões. Que se investigue, por alguém que seja competente para o fazer.

Marco Morais disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marco Morais disse...

É isso tudo, Ricardo.

Bom jogo, amigo!