terça-feira, junho 17

A decisão da UEFA

A UEFA entendeu que o FC Porto não deve perder o seu lugar na Liga dos Campeões. Porque o clube não cometeu ilícito algum? Porque afinal não é batoteiro? Não, apenas porque o organismo que superintende o futebol europeu não conseguiu perceber em que pé estão as coisas em Portugal, se já há ou não uma decisão definitiva. Num primeiro momento, foi informado de que o FC Porto tinha sido condenado por corrupção na forma tentada, não tendo recorrido. Como tal, excluiu o clube da próxima Liga dos Campeões. Os portistas, na defesa dos seus interesses, recorreram, apresentando as suas razões. Chamado a depor na condição de perito, João Leal, Director do Departamento Jurídico da FPF, fez uma triste figura, desdizendo o que afirmara por escrito e mentindo de forma descarada e vergonhosa. A UEFA deixou de ter certezas, anulou a decisão anterior e devolveu o processo à primeira instância, para que esta julgasse, face aos novos factos apurados e depois de ouvidos outros interessados, como o Benfica e o V. Guimarães. Afinal, ontem verificou-se novo volte-face: não haverá nova deliberação do Órgão de Controlo e Disciplina da UEFA, pelo que aqueles que, nas próprias palavras do presidente da UEFA, são batoteiros participarão na prova, segundo parece por ter sido dito à UEFA que a justiça desportiva portuguesa não apreciaria o recurso antes do início da época. Fica, de qualquer forma, a possibilidade de o FC Porto vir a sofrer consequências no futuro. Haja coragem do Conselho de Justiça da FPF...

Uma das questões mais importantes do presente caso prende-se com o trânsito em julgado da decisão de primeira instância. Como é evidente, tendo havido uma parte condenada que não usou do seu direito ao recurso, a decisão torna-se definitiva. Qualquer jurista sabe isso. Mesmo os que agora defendem o contrário. Não podemos é, por outro lado, querer que transite em julgado internamente, com o FC Porto a pagar a multa correspondente à condenação e a ser penalizado em seis pontos no campeonato de 2007/2008, que conquistou folgadamente, mas não externamente, por forma a não prejudicar a participação do clube na Liga dos Campeões. Haja, ao menos, congruência.

A FPF fica muito mal em tudo isto. Bastou apertarem com ele, para Gilberto Madaíl confirmar o cobarde que é. E com ele o Director Jurídico. Quanto ao FC Porto, fica com a imagem de corrupto e batoteiro que corresponde à sua estratégia há demasiado tempo, sem a devida punição. Por último, o papel do Benfica. Confesso que me incomoda. Partilho da sua vontade em ver punido quem tanto mal tem feito ao futebol português. No entanto, esta manifestação de vontade em processar a FPF pelos danos sofridos é patética. Se o Benfica quer processar alguém por não participar na 'Liga dos Milhões', comece por escolher como alvo o seu presidente, ele sim o principal culpado por o clube nem sequer disputar a pré-eliminatória de acesso à prova-raínha de clubes do futebol europeu. Este aparente desespero não fica nada bem ao meu clube.

1 comentário:

Anónimo disse...

Obviamente que cada um puxa a brasa à sua sardinha e por vezes é complicado ser imparcial, mas ponderando tudo isso concordo no global com o post.
Na minha opinião de portista o Porto deve ser punido desportivamente (nacional e internacionalmente) quando o juizo final dos tribunais civis der o seu veredicto como o FCP culpado (até lá todos são inocentes). Entretanto estas campanhas nacionais e internacionais da FPF, FCP e SLB em nada beneficiam a imagem do Futebol Portugues.

Saudações desPORTISTAS,
Pepe