quinta-feira, junho 19

Rumo a Viena tirando uma pedra alemã do sapato

Acordo cedo e baralhado... provavelmente disso mesmo, de acordar cedo. Mas esperem... é dia de Portugal x Alemanha, logo vi que algo me mexeu com o organismo, ou talvez não. Mas adiante, que não estamos aqui para discutir os meus horários que se enquadrariam melhor na região dos nossos antípodas.

Como já disse, temos grande jogo hoje, mais que um jogo até. Joga-se algo que toca numa Nação inteira, num povo entristecido que vê no futebol uma forma de extravasar sentimentos, de se esquecer da enorme confusão que reina nesse mesmo país, nas precárias condições que ele nos oferece. Nesses noventa minutos o país vai parar para apoiar os nossos representantes quer se goste ou não deles, ou se goste da maior parte e não do treinador, quer se goste do treinador e não dos avançados... em suma, toda a gente quer acordar, dia 30 de Junho, no país campeão europeu de futebol. Mas para conquistar o título teremos que enfrentar uma das selecções com mais história no futebol mundial.

Com a Holanda e a Espanha a perfilarem-se como as selecções mais fortes deste Euro seria de esperar que os meus receios fossem acordados por estas duas equipas, mas desde o início que sinto que selecções como a Alemanha, e dois jogos mais tarde também a Croácia, são aquelas que nos podem preocupar mais. Espero explicar depois porque razão a Laranja Mecânica e a Roja não me metem medo por aí além. Era um excelente sinal.

As minhas primeiras recordações futebolísticas remontam ao Itália 90, que foi, brilhantemente, ganho pela selecção germânica e, claro está, desde miúdo fiquei com aquela equipa (e pelo simbolismo que carrega uma selecção), com aquele país no goto. Sabia o nome deles todos de cor, sabia que Matthaus (o mesmo que ontem descarregou em Ricardo) era o meu jogador preferido.

Desde 90 que Alemanha mudou muito, nomes como Mathaus e Beckenbauer encontram-se hoje em outras funções, mas algo naquela equipa, naquele futebol frio ainda me agrada profundamente:

"No futebol são 11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha." (Gary Lineker)

Toda a gente saberá porque surge esta frase e obviamente andará longe de estar 100% correcta, mas o que é facto é que esta Alemanha consegue ainda carregar consigo o factor que fez o artiheiro inglês Gary Lineker proferi-la. A Alemanha nunca desiste e será raro alguém ver um jogador mandar uma bola ao poste e ficar especado com os braços na cabeça, ao invés ele não para e fica com uma expressão do género, "não entrou agora entra a seguir!!"

Longe de me aprofundar em contornos tácticos (para isso tivemos o Carlos Carvalhal e o Luis Freitas Lobo ontem na RTPN) sei Alemanha vale pelo seu conjunto, pelo seu fisico, pela sua intenção de jogo (neste Euro longe de andar brilhantemente conseguida), pelo que eu falei no parágrafo em cima e pelas duas linhas de 4 que, com certeza, irá colocar no seu meio campo quando Portugal quiser sair a jogar esperando sempre ganhar na dimensão fisica para soltar Podolski e Schwainsteiger. É um tipo de jogo que nos dificulta imenso a vida e para qual teremos que estar preparadissimos, confiantes e frescos fisicamente.

Não se pense que este meu texto é uma ode à Mannschaft porque, obviamente, sei do valor português, sei da inteligência do mágico Deco, sei do repentismo de Ronaldo, sei da rotatividade de Moutinho, sei da velocidade de Bosingwa, Pepe e R. Carvalho e sei que entrando bem esta equipa pode seguramente bater o pé à Alemanha. O meu ponto principal é o estofo mental que ambas as seleccções terão que ter pois sendo este um jogo a eliminar, a intranquilidade pode cegar e quem for mais esclarecido é quem tem maior probabilidade de jogar as meias finais deste Euro.

Que no fim possamos dizer que o futebol é 11 contra 11 e no final ganha Portugal!

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