segunda-feira, agosto 8

Supertaças que também se ganham a gasóleo

A conquista da 18.ª Supertaça foi conseguida sem deslumbrar. De Super só o nome da mesma, até porque na noite de Aveiro as ausências no onze titular de Otamendi, Álvaro, Guarín, Falcao e James fizeram a berlina de Vítor Pereira rolar a diesel. Sem nunca ser realmente autoritário, o onze portista arrisca falta de qualidade ao 'afastar' Belluschi do relvado. Micael e Moutinho são tão incompatíveis como Kléber e Falcao e por isso, frente aos vimaranenses, valeram os golos de Rolando e uma ideia de jogo consolidada o suficiente para valer vitórias como esta que aqui se comenta.

A pré-época dos dragões não foi, por mim, olhada com atenção suficiente para pormenores sonolentos à Luís Freitas Lobo. O onze tipo (possível face ás ausências) manteve-se e as entradas mais ou menos discretas de Kelvin e Djalma não iam aguçando o apetite para prescindir de outros rituais de Verão. Enquanto Iturbe, Alex Sandro(?) e Danilo(?) - agora compramos laterais ao preço que os vendemos?! - não chegam, o único que colocou 'água no bico' foi Kléber. Esse mesmo que é o substituto natural de Falcao mas que este domingo não o fez esquecer.

Mas mais jogadores houve que não corresponderam no primeiro troféu da nova época. Sapunaru e Fucile foram pouco mais que discretos. Maicon não tem, ainda, qualidade suficiente para não nos lembrarmos do melhor Otamendi. E o melhor meio-campo para atacar os feitos da época passada (sim, a luta vai ser essa) terá que ser muito diferente do tridente Souza-Micael-Moutinho. Juntando a isso a estreia oficial pouco inspirada de Kléber e a metáfora perfeita do que é jogar a diesel por parte de Varela, parecerão que estou a descrever um jogo que acabou em derrota. O que obviamente não foi o caso, porque, como já foi dito, as rotinas e a qualidade individual dos seus jogadores permitem aos portistas ganhar jogos frente a equipas que mudam de sistema 30 vezes por época.

É para mim aflitivo olhar para a maioria das equipas portuguesas e ver que nada de positivo há consolidado. As 'tracções atrás' equipam de série essa mesma maioria que prefere perder por poucos, abordando o ataque 'sempre que se pode' e esquecendo a bola para não 'desposicionar' os jogadores. Cada um 'joga' como quer (e sabe) e tudo o que é legal é legítimo em futebol, mas não compreendo prescindir-se de um modelo que dê identidade às equipas, e clubes, por resultados e jogos completamente desoladores. Depois admiram-se que as pessoas se desloquem aos estádios 'sempre que podem' para não se 'desposicionarem' de melhores espectáculos.

Razão tem Vítor Pereira em dizer que o Guimarães foi diferente do que enfrentou os dragões no Jamor (6-2), mas haverá algum Guimarães igual de semana a semana? De resto, se o novo treinador portista tem que esclarecer alguma coisa será a definição de 'maior velocidade' ou 'com pressa', porque pelo que já foi dito pelo mesmo a posse de bola do novo Porto terá que ser feita com maior velocidade mas, ontem, numa das críticas à má gestão do jogo com bola da sua equipa, Vítor Pereira queixa-se de muita pressa por parte dos jogadores. Em que ficamos? Não terá essa pressa a ver com a maior velocidade pedida? Não sei se já por aqui o escrevi, mas para este Porto manter os níveis de qualidade o controle emocional é chave e as 'correrias' nunca serão favoráveis ao mesmo. Demasiada pressa, demasiados passes errados, demasiados passes errados, mau controle do jogo. Em suma quanto mais velocidade se pede, mais risco se corre em ter jogos a... gasóleo.

2 comentários:

J. disse...

Acho que um dos maiores inimigos do Porto este ano, vai ser a comparação com o Porto do ano passado.

LMGM disse...

J, numa única frase fizeste o resumo perfeito do post do Marco, parabéns.

Marco, no ano passado tiveste 1 autocarro (com um ou dois andares conforme o jogo) este ano vai duplicar (em altura e quantidade...).

A minha pergunta é a seguinte, há alguma táctica para jogar só com 2 defesas e o Helton a libero?