Diz-se hoje que o Sporting vai reduzir o passivo consolidado do clube em 85 milhões de euros com a renegociação do project finance. Não é bem assim.
1) Depois de receber tudo o que falta da alienação do património não imobiliário e da permuta com a CML, o passivo rondará os 200 milhões de euros. Como tal, a "redução" será de cerca de 50 milhões.
2) Não é uma redução. É uma renegociação. Os 85 milhões não vão deixar de ser pagos. O Sporting deixa é de estar tão "acorrentado", ganhando alguns graus de liberdade. No fundo conseguiu-se impôr a visão de que o negócio do futebol necessita de maior grau de risco e, necessariamente, maior investimento para conseguir melhores resultados.
3) Estamos a retirar pressão da parte financeira para a colocar na componente desportiva. Até aqui, havia um mecanismo automático, imposto pela Banca, para de certa forma limitar o risco desportivo. Este mecanismo desaparece. Uma época desastrosa, com más contratações e maus resultados desportivos que impliquem não conseguir receitas para pagar o que se deve, e lá se vão os passes dos jogadores que estejam a servir de garantia.
4) Por fim, os pormenores da operação continuam em segredo mas o DN levanta um pouco o véu: "O outro abatimento virá da emissão de 60 milhões de euros em produtos financeiros, que serão subscritos no mercado e que prevêem a sua transformação, no futuro, em acções da sociedade anónima desportiva (SAD)." Muito vago, vamos esperar para ver...
Ainda assim, globalmente, é uma boa notícia para os gestores do Sporting. Vão conseguir respirar um pouco melhor. Agora, o peso da responsabilidade será maior sobre as suas cabeças. Mais do que nunca, é importante ter à frente da SAD quem perceba de futebol.
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