sexta-feira, novembro 6

Não te escondas Porto

Bem vindos ao costume mais português: ficar contente com os falhanços dos outros como oportunidade para branquear os nossos. O desaire do Benfica ante o Braga está, mais ou menos, dentro da mesma linha que os desaires do Porto a época passada frente ao Leixões e Naval. Assim, a esperança de um Porto mais fraco deu alento aos defensores de Quique como a (falsa) esperança de um Benfica não tão forte faz os portistas (e sportinguistas) sorrirem.

Há coisa de um ano critiquei aqui os benfiquistas por se preocuparem mais com os resultados do Porto do que com as competências da sua equipa. O tempo acabou por me dar razão visto que a fase menos boa do Porto teve o fim menos desejado pelos seus adversários. Este ano os papéis alteram-se e são os portistas que esmiúçam todos os defeitozinhos que puderem encontrar no rival da Luz.

O jogo em Braga dá razão à ideia de que o Benfica não é invencível. Pudera, quem o é? À parte disso não dá razão em mais nada àqueles que esperam uma quebra física, uma lesão ou uma falta de pontaria. O Benfica tornou a mostrar um futebol que chegaria para ganhar mais vezes em Braga do que perderia. Perdeu é certo, mas esse já passou e pouco importa agora, visto que o campeonato é uma prova de regularidade e, pelo menos, aos meus olhos o Benfica continua a equipa mais forte na prova.

Nada disto, tem a ver com o jogo de ontem em Liverpool. A verdade é que uma equipa que ganha 5-0 na Luz tinha argumentos mais que suficientes para ganhar, desta feita, em Inglaterra. Ganhou e ganhou bem, num ambiente sempre difícil (que o diga o Porto que ainda não quebrou o enguiço em Terras de Sua Majestade) foi também sempre superior, perigoso e clarividente.

Olhando para este cenário, o FC Porto terá que estar bastante atento à sua competência e não poderá ficar à espera dos desaires ocasionais de um Benfica que a jogar assim terá poucos. A importância do confronto directo cresce, e de que maneira, aqui. São seis pontos em disputa frente aos velhos rivais e terão que ser ganhos, pelo que não poderá haver a tradicional condescendência jesualdita nos clássicos.

Por falar em condescendência jesualdita, o professor fala como se já soubesse de antemão as dificuldades que a sua equipa iria enfrentar nesta fase da época. Fala num tom tão claro como se essas dificuldades fossem impossíveis de não existir e até sejam uma benesse para a equipa. Bem, premeditadas nunca serão, mas são vistas como normais no seio do grupo. Eu cá para mim acho que já é altura de abrir a pestana pois tudo bem que noutras épocas tenhamos conseguido arrancar para o título com relativa facilidade, mas nessas não havia um Benfica deste calibre. É que os encarnados jogam mesmo à bola e sejam eles bracarenses ou benfiquistas têm razão para sorrir.

P.S. O apuramento, para os oitavos de final da LC, mais fácil dos últimos anos foi conseguido com o pior futebol dos últimos anos. O futebol é mesmo uma coisinha estranha não é? Ainda assim, por mais estranho que seja, o futebol tem uma regra: a sua má prática nunca fica sem passar impune.

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