segunda-feira, maio 21

A(s) vitória(s) do jogo possível

Depois de um fim-de-semana com duas finais, a despedida da época, de clubes, deixa-nos a noção que no futebol tudo é possível. O mais fraco Chelsea dos últimos oito anos (o que teria menos condições para vencer a Champions) vence em casa do Bayern, com uma estatística digna de quem não foi ao jogo, e a Académica de Coimbra 'tombou' o Sporting, provando que a sua segunda parte da época foi influenciada pela Taça de Portugal, que os adeptos em Portugal só correm atrás das vitórias, e que os 'autocarros' continuam a dar frutos em competições a eliminar. O futebol é isto, e, enquanto ele assim for, a discussão entre futebol 'positivo' e 'negativo' não faz sentido.

 Quantas e quantas vezes, ao ver um jogo de futebol, não nos fica a sensação que estava escrito. Ao ver a Final da Champions, neste último sábado, um desaparecido Drogba empata o jogo, aos 88'(!), no único canto que a sua equipa conquistou ao longo de 90 minutos. Depois de um prolongamento insosso, a lotaria dos penáltis dava de novo vantagem ao Bayern para, logo de seguida, a perder novamente. Estava escrito, diz-se, nada se podia fazer. Assobia-se para o lado e segue-se a vida, com a desculpa da contingência, da conjuntura... do raio que parta.

A verdade é que se ao Barcelona se desculpa que insista um jogo todo num plano que já deu mais de uma dezena de troféus ao clube, achei estranho ver um Bayern a tentar entrar para dentro da baliza de Cech com a bola. Esperava, sinceramente, que não acontecesse aos bávaros aquilo que acontecia ao Barcelona de Pep quando perdia jogos. Não perder a bola, evitar transições, é evitar que a outra equipa se parta e se desorganize, e se, nestas últimas épocas, o Barça conseguiu levar a sua avante mesmo com a outra equipa o mais organizada possível é porque tinha rotinas e soluções para o fazer. Já, ver o Bayern fazer isso foi uma surpresa pelo abdicar da luta pela primeira e segunda bola... aquilo em que os alemães são demasiado fortes. O jogo não partiu 'à alemã' e o Chelsea, devagar, devagarinho, foi estando sempre na discussão do resultado final.

 E ao que se chamará sorte (dos diabos!), outros chamarão Drogba e a sua queda para o golo. Não foi à toa que foi o costa-marfinense o titular, não foi, também à toa, que aquele canto foi marcado. A estratégia é e continuará a ser legítima desde que esteja dentro das regras. Assim como era a do Barcelona de Pep, assim como é a do Real de Mourinho. Gostar-se ou não é indiferente desde que ninguém meta futebol acima do controle emocional de cada um.

E algo parecido aconteceu no Jamor. A Académica, que quebrou na segunda metade da época com vista ao sonho da Final, foi feliz e viu a sua estratégia não ser ultrapassada por um Sporting que me pareceu mal preparado para a desvantagem. Ricardo Sá Pinto, treinador que me surpreendeu pela capacidade de comunicação, não conseguiu impor aos seus jogadores os mesmos níveis de atitude conseguidos com o Manchester City, Benfica e Bilbao. O estreante provou do mesmo veneno e viu o 'outsider' mais enérgico nos duelos e mais incisivo a aproveitar espaços. Quando as forças faltaram aos 'estudantes' e quando o pontapé para a frente foi palavra de ordem, o Sporting mais não soube fazer. E isto, é um claro aviso para a época que aí vem. Ricardo Sá Pinto preparou bem a equipa para jogos em que não precisou de assumir o jogo, para os outros poder-se-á dizer que ainda não teve tempo, ou que não sabe mais. Eu escolho a primeira opção e espero um Sporting autoritário e dominador na época que aí vem.

3 comentários:

Miguel disse...

"Ricardo Sá Pinto preparou bem a equipa para jogos em que não precisou de assumir o jogo, para os outros poder-se-á dizer que ainda não teve tempo, ou que não sabe mais."

Marco, é precisamente este o grande ponto de interrogação de todos os sportinguistas para o ano que vem.

Será Sá Pinto capaz de colocar a equipa a vencer os jogos contra as Académicas da vida ou teremos um Sporting de fogachos e brilharetes esporádicos?

Marco Morais disse...

Eu acredito que ele ainda não tenha tido tempo.

A esta altura, a maneira como a equipa ataca, já me revelou algumas ideias interessantes. Mas pode-se dizer que Sá Pinto começou a fazer o trabalho 'de trás' equilibrando a equipa defensivamente.

Mas desde logo, alguns dos intérpretes terão que mudar. Numa equipa que se quer subida e protagonista, os centrais nunca poderão ser Onyewu e Polga, por exemplo.

Se fosse sportinguista acreditaria mais em Sá Pinto do que, por exemplo, em Domingos. Vamos ver. Como já disse, espero que haja Sporting de categoria e bom futebol em Alvalade.

J. disse...

Epá, eu ainda não consigo opinar.
Ainda ando com uma azia...
Que duro golpe nas ilusões de todos os sportinguistas!!!