segunda-feira, janeiro 7

Bússola russa para conquistar Montanha da Luz

Maus prenúncios raramente são razões para sorrir. Isto porque os mesmos implicam mudança e perda de conforto. Ora, como nada se mantém igual neste Mundo a 'chave', ou pelo menos parte dela, para um bom resultado no 'Clássico' do próximo domingo, poderá estar no tão gasto discurso do Governo português nos últimos tempos. Para o ganhar, o FC Porto terá que encontrar na crise a tal oportunidade. E qual é essa oportunidade? Naturalmente a necessidade de transcender-se e de crescer na mesma. Não ter James é não ter bússola, mas haverá, com certeza, outras maneiras de encontrar o Norte.

Há montanhas que parecem impossíveis de ultrapassar. E uma delas pode muito bem ser a máquina de ataque que Jorge Jesus, pela quarta vez, montou no seu Benfica. Sem o jogo colectivo de Aimar e Saviola, secundados por Di Maria e Ramires, os encarnados não foram mais campeões, mas ameaçaram, ou pelo menos nunca desistiram de o ser. O Benfica pós 2009/10 foi sempre mais individual e menos 'tabelador', nunca encontrando soluções em jogadas muito combinativas. Vive da individualidade e talento que lhe sobra nos quatro elementos da frente de ataque e da pressão que os mesmos fazem no momento da perda da bola.

O seu jogo na Luz é por norma frenético e passível de imensas transições devido ao elevado número de más decisões e perdas de bola. Diverte como não há igual na Liga e não encontra grandes opositores em Portugal. Jorge Jesus sabe-o como ninguém e por isso mesmo muda o chip quando encontra um adversário que o faz pensar em demasia. Tímido, o Benfica não 'carrega' em jogos grandes a não ser que se encontre em desvantagem. Até lá tenta fazer aquilo que evita nos outros jogos todos. Posse, circulação, um amornar de jogo que nunca entendeu, nem me parece que vá entender.

É aqui que pode entrar Vítor Pereira. O técnico já por demais deu a entender que não gosta de jogos partidos. A vulgar transição é abominada pelo técnico espinhense e por isso o Porto passa a época toda a fazer aquilo que o Benfica tenta fazer em 'clássicos' e em jogos que fazem JJ coçar a tão afamada cabeleira. É uma vantagem, portanto, o jogo desenrolar-se nos momentos em que o FC Porto está mais à vontade. Sem grandes vertigens, o FC Porto vai tentar adormecer para acelerar quando mais lhe convém, mas... a esse facto opõe-se desde logo o mais que provável desaparecimento de James do 'clássico'. É que é o maestro colombiano que acelera, desacelera e encontra o caminho para as balizas do adversário.

Não ter o fantástico miúdo coloca a nu toda a limitação do banco portista. Já antes do mercado de Inverno, que ainda nada trouxe, o plantel era um 'onze'. Nada mais, nem nada menos, à excepção dos centrais que vão rodando sem que se note algo de melhor ou pior. De resto é o marasmo. Atsu, o único que ia mexendo com o jogo quando entrava pelo mais equilibrado Varela, não vai estar. Iturbe não passou de estrela da especulação e Kelvin tem mais vontade de mostrar tudo numa jogada do que ser paciente em todos os momentos do jogo. Foi assim até agora, em outros jogos, mas todos sabemos que o de dia 13 é o mais especial deles. É aí que a palavra transcendência ganha sentido para um FC Porto que se tem guardado em demasia para um só jogo.

Jogue quem jogar levará na cabeça a montanha que tem de ser ultrapassada, mas também a real crença de que a pode ultrapassar. São coisas que o Governo português, por exemplo, não consegue porque não é uma 'casa' que tenha já ultrapassado alguma coisa. Já o FC Porto tem um vasto currículo de alpinismo e um método especial para montanhas clássicas. Ainda para mais prepara-se para garantir o concurso de um dos dois jogadores da Liga que poderiam algum dia substituir 'El Bandido' (Gaitán é o outro). Ninguém mais que Izmailov estará com vontade de jogar esta partida a um nível superior. Se o 'czar' arranjar dores nas costas será certamente noutro jogo, pois bastará conhecer a  casa nesta semana bastante especial para aparecer na Luz disposto a apagá-la.

9 comentários:

Hugo disse...

Concordo. Do meio campo para a frente, as alternativas são escassas.
Será que não seria boa ideia adiantar o Danilo e recuperar o Fucile para o plantel?

Tasqueiro Emigrante disse...

Eu acredito...

0-1 para o Porto, golo do Izmailov :) eheheheh

Unknown disse...

Já que os meus correligionários não se predispõem a tal, que tal os benfiquistas moverem uma providência cautelar a este negócio Izmailov, até por conta do golo (e como tal dano previsível que causará em parte interessada) que supostamente marcará na Luz? Hein?

Foda-se, este negócio ainda é pior do que o do Moutinho. Se com este último ainda fomos "indemnizados" pelos danos morais, este nem isso...

Será mesmo assim tão descabido mover uma providência cautelar a esta merda? Rogério Alves, please...

J. disse...

Eu penso o mesmo,pela primeira vez na vida, este negocio dá-me vontade de ir a Alvalade de propósito para a apresentação deste gajo e fazer o "Juve Leo".
Que grande merda estão estes gajos a fazer!
Dos mais bem pagos, este Miguel Lopes....

Tasqueiro Emigrante disse...

Agora com a lesão confirmada do James é quase certo que o Izmailov se estreie no banco já no Domingo.

Mas se o Izmailov está apto fisicamente e não tem jogado no Sporting é por questões pessoais dos dirigentes Sportinguistas. E se eles não o querem só têm que o deixar ir embora.

Anónimo disse...

J., segundo li o gajo vai ganhar à volta de 30 mil/mês. 350mil/ano

Ricardo disse...

Fantástico, Marco.

Espero obviamente que o Izmailov não apareça a esse nível, mas a análise é excelente.

Até por isso eu, que costumo defender uma abordagem mais conservador por parte do Jesus nos grandes jogos, tenho as minhas dúvidas sobre o jogo de Domingo. Sem James, o Porto perde a qualidade tanto de rasgo como de encontrar soluções rápidas e eficazes à perda de bola do Benfica. Não fazendo tanta mossa, parece-me que o Jesus pode manter os dois avançados. Diria mais: Rodrigo e Lima de início, ficando Cardozo para a segunda parte.

Outra solução, mais ponderada, passaria por Aimar por um dos avançados. Só tenho dúvidas sobre se estará já apto a entrar pela primeira vez em muitos meses a titular e logo num jogo desta dimensão. Como tenho, aliás, sobre o Izmailov.

Pulha Garcia disse...

Será um jogo muito disputado no meio-campo. O Porto é o favorito (pela história recente, por ter Moutinho e Lucho, e pelos favores da arbitragem que normalmente desequilibram quando em campo o futebol não chega) mas o Benfica tem argumentos muito perigosos para qualquer equipa da Liga.

Aliás, o Benfica na minha opinião até tem jogado melhor, mas tem que conseguir subir um degrau no patamar competitivo. Se quer ser campeão tem que conseguir ganhar ao Porto na Luz, mesmo que contra os árbitros corruptos e os jogadores cedidos amavelmente pelo Sporting. Ambas as equipas podem golear, acredito num jogo com vários golos. E finalmente, espero que o Benfica jogue com 2 avançados. Aconteça o que acontecer é bem evidente que vão entrar em campo as duas melhores equipas da Liga.

Marco Morais disse...

Muito obrigado, Ricardo =)

Também, se fosse treinador do Benfica, optaria por mais um jogador de meio-campo. Se esse for Aimar, será excelente para o Benfica.

Com a equipa 'partida em duas' parece-me que será difícil o jogo ficar como o Benfica mais gosta.

Mas isto que aqui fizemos não passam de suposições. Se Izma vai aparecer a alto nível, se o Porto vai realmente controlar o meio-campo ou se o Benfica vai realmente ser mais conservador, teremos de esperar até domingo para saber.

Um abraço =)