terça-feira, agosto 20

Largos Paços têm 100 jogos?

Não há, nem pode haver, críticas à legitimidade de Paulo Fonseca em querer testar o sistema que levou o Paços de Ferreira à pré-eliminatória da Champions, no FC Porto. Subiu na vida - e não de Mota - com essas ideias e só um enorme volte-face poderá fazer com que o técnico mude de opinião. Será, pois, por essas alturas que a tal legitimidade se perderá, ou de nada valerá, para Paulo Fonseca. À primeira mostra leu-se por aqui que o sistema não iria permitir ao FC Porto controlar as transições adversárias. E jogando o FC Porto em Portugal já sabemos que o 'Mundo Físico' não tardará em deitar abaixo as duas Torres de Babel do meio-campo azul e branco.

Por estas alturas, o FC Porto entra nos jogos com um esquema muito parecido ao do SL Benfica das últimas épocas de Jesus. Dois trincos, um '10' que é bastantes vezes segundo avançado e dois extremos que utilizam os espaços interiores e exteriores para aparecerem. A primeira linha de pressão é feita por Jackson, Lucho, Licá e Varela (ou Josué), para à espera - e a quilómetros - estarem Fernando e Defour. O fosso é enorme e está à vista de quase todos, notando-se à légua a falta de jeito para o sistema se estender em campo nos 'cinco momentos' do jogo.

Não se perceba que tudo é mau no Dragão de Paulo Fonseca, mas tente-se entender que as ambições portistas nunca se sentirão preenchidas com uma equipa com tão forte lacuna no momento da transição defensiva. Os 'Vitórias' foram os primeiros adversários e enquanto que um não apareceu, o outro deu água pela barba ao esquema de Fonseca. É incompreensível, por exemplo, ver Fernando deslocado para um lado quando o '25' portista já deu inúmeras provas que consegue varrer toda a zona defensiva, à frente dos centrais, sozinho. Já para não falar nas vezes em que vemos o brasileiro tentar construir e tentar ser box-to-box.

O esquema, pasmem, safa-se quando não é 'o' esquema. A primeira tentativa, com Josué, invertia o tal triângulo que promete enferrujar a máquina portista e disfarçava o tal controle das transições adversárias. Josué é rebelde e galopava metendo-se de perfil com Lucho. Isto até Fonseca o 'acalmar' relegando-o para o banco e depois para a linha - quando não está Varela. O número 8 portista não deverá ter escolhido o dorsal por acaso e os sorrisos de pré-época deram lugar a uma face bem mais enraivecida. É um facto e até se deve repetir: o esquema só o é quando não o é, e quem pisar aqueles terrenos confirmará sempre, maior ou menor (leia-se Defour no 'maior' e Josué e Lucho no 'menor'), incapacidade, até que o triângulo inverta de vez.

Ao intervalo a preocupação não era muita. Aliás, preocupação é até coisa que não deve ser utilizada em nada até porque, como já referi, o Mundo Físico encarrega-se de restabelecer a verdade destruindo, sem dó nem piedade, aquilo que está mal feito. Sorte a do FC Porto que o pode fazer ainda 'em jogo', tirando do banco o prodígio colombiano Juan Quintero. Antes disso estala uma polémica que devia ser à prova de balas. Penálti claro sobre Jackson e cartão vermelho mais que justo a Kiezsek. Sadinos reduzidos a dez unidades, Fonseca respira e lança o joker portista. Sorte a de Paulo ter tanta maneira tirar as aspas ao seu 'sistema'.

10 comentários:

Pedro disse...

O fcp vai deixar de ter um meio campo tão povoado?
Hum...

Marco Morais disse...

Como assim?

Gonçalo disse...

Marco,

Eu acho que a ideia é fazer subir mais os dois pivots "defensivos" e encurtar esse buraco. O problema, do meu ponto de vista, estará entre estes e os defesas onde vai haver muito mais espaço para mexidas e desmarcações (vide primeiro golo do Vitória onde o Cardozo passeou para desmarcar o 99 do Vitória).
Este modelo também não é alheio ao facto do Fernando estar de saída, seja agora ou em Janeiro, porque depois dele assinar por outra equipa não o vais ver varrer muito mais que o cacifo...

Marco Morais disse...

A ideia do duplo-pivot é sempre essa mas, mesmo assim, a qualidade, e principalmente, polivalência dos dois médios tem de ser muito maior do a de Fernando e Defour.

Espero que não levem isto como a tentativa de fazer já a cama ao PFonseca. No primeiro ano de Vítor Pereira - acabadinho de ganhar a Liga Europa - apontei às exibições na Champions e afirmei que Pereira não tinha capacidade para treinar o Porto.

Esqueci-me - estamos sempre a aprender - que se deve ler potencial e conjuntura e no fim aplaudi um técnico que evoluiu imenso. O que se passa com Fonseca é o coabitar de ideias próprias, com as do clube e com os jogadores à disposição.

Por mim tem toda a paciência do Mundo. Não posso é abdicar eu - tal como ele - do que acredito.

Pedro disse...

"Por estas alturas, o FC Porto entra nos jogos com um esquema muito parecido ao do SL Benfica das últimas épocas de Jesus."

Ou seja um meio campo pouco povoado. Um dos grandes males da táctica de JJ.

Marco Morais disse...

Pedro, não percebi à primeira. O esquema, em momentos, parece-me bastante similar com as devidas diferenças no estilo dos jogadores.

Pedro disse...

No meio deste caos pode ser uma boa notícia para os benfiquistas... ;)

Marco Morais disse...

O Benfica terá sempre de regressar às boas exibições para ter boas notícias. Os dois rivais parecem-me, de momento, claramente mais fracos =)

Gonçalo disse...

parece-me que sem moutinho a mudança do sistema é acertada. quando falas na "polivalência dos dois médios tem de ser muito maior do a de Fernando e Defour" estás a referir-te exactamente ao que?

Marco Morais disse...

Maior capacidade de construção com maior capacidade defensiva. Não dá para ser box-to-box sem isso.