sexta-feira, outubro 27

Uma história de democracia

Este 'post' não invalida o anterior, da autoria do Jorge Borges, nem a ele se sobrepõe, mas permitam-me que, em dia de eleições, recorde um pouco da história do meu clube. Poucas instituições, em Portugal, podem vangloriar-se de um historial de democracia como o Benfica. Ainda o país vivia em ditadura e já no Glorioso os sócios escolhiam os seus representantes de forma livre. Com a minha participação directa, é uma história já com perto de 20 anos:

1987 - candidatos: João Santos, Fernando Martins e Cavaleiro Madeira. Um dia inesquecível! Estive 4 horas na fila para conseguir votar na antiga sede. Fernando Martins era o presidente. Tinha fechado o terceiro anel, mas enfraquecido a equipa de futebol: não havia Humberto Coelho, mas Oliveira; não estava o Chalana, mas o Wando; tinham saído o Alves e o Stromberg e tínhamos o Nunes e o Tueba. Sentia-se necessidade de mudança. JOÃO SANTOS anunciava a intenção de fazer regressar o Benfica europeu. Votei nele (para o conselho fiscal, optei pela lista de Cavaleiro Madeira, pois o meu pai fazia parte dela, e não podia 'traí-lo) e contribuí para a sua vitória. Em 1988 e 1990, o Benfica voltou a jogar a final da Taça dos Campeões Europeus.

1989 - João Santos e Fernando Martins. O antigo presidente voltou à carga, mas o sucesso europeu do novo presidente deu-lhe uma clara vitória: 81%/19%. JOÃO SANTOS tornou a receber os meus 20 votos. Quanto a Fernando Martins, a história recente tratou de fazer-lhe justiça: atrás de mim virá quem de mim bom fará.

1992 - Jorge de Brito, Alexandre Alves e Carlos Cardoso Lopes. Depois de uma vida em que muito contribuiu para o engrandecimento do Benfica, JORGE de BRITO, então vice-presidente, tornava-se finalmente presidente do clube (com a contribuição dos meus 20 votos). Já tinha concorrido em 1983 (derrotado por Fernando Martins).

1994 - Manuel Damásio e José Capristano. O Verão Quente de 1993, em que Sousa Cintra se divertiu a vir roubar jogadores à Luz, foi marcante para a queda antecipada de Jorge de Brito. A crise financeira já era bem visível e a Direcção, cada vez com menos elementos, não resistiu. De entre as listas concorrentes, a de MANUEL DAMÁSIO pareceu-me justificar mais confiança, arrecadando os meus votos.

1996 - Manuel Damásio e Vale e Azevedo. Nesta altura, já era um desencantado com a gestão de Damásio. O populismo do outro candidato prenunciava algo ainda pior. Como estava garantida a vitória do presidente em funções, preparava-me para votar em branco. Ainda me desloquei ao Estádio da Luz, mas como lá estava muita gente e eu tinha um jantar, acabar por abster-me. Foi a única vez.

1997 - Vale e Azevedo, Luís Tadeu e Abílio Rodrigues. Mais umas eleições antecipadas. A crise (desportiva e financeira) estava definitivamente instalada. Os benfiquistas quiseram algo novo e optaram pelo populismo. Receei que a vitória de Vale e Azevedo trouxesse maus tempos. Enganei-me. Foi ainda pior. Pela primeira vez, o candidato que mereceu a minha votação (LUÍS TADEU) foi derrotado.

2000 - Manuel Vilarinho e Vale e Azevedo. O dia mais feliz da minha vida benfiquista. Corremos com ele! Duas horas de espera, na maior votação da história do clube (21.804 sócios), valeram a pena. Os meus 20 votos ajudaram MANUEL VILARINHO. Memorável!

2003 - Luís Filipe Vieira, Jaime Antunes e Guerra Madaleno. Mudava o presidente, mas havia uma intenção de continuidade na candidatura de LUÍS FILIPE VIEIRA. Entendi que era o melhor para o Benfica e votei nele.

2006 - Luís Filipe Vieira. Tem qualidades e defeitos. Nem sempre aprecio o seu discurso e as suas atitudes. Há opções que merecem o meu repúdio (estou a lembrar-me de José Veiga), mas, apesar de não haver adversário, passarei hoje pelo Estádio da Luz, para ajudar a legitimar a reeleição de LUÍS FILIPE VIEIRA, pois considero positivo o seu trabalho de recuperação e consolidadção.

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