O Sporting prepara-se para renovar e rever o contrato de João Moutinho, numa atitude inédita na “era SAD”. Os valores em causa são quase “pornográficos” para o padrão de vencimentos praticado em Alvalade, deitando por terra o comportamento de “clube vendedor”, ao qual estão, em teoria, vinculados pela situação financeira sobejamente conhecida.
É que, ao ascender a este patamar salarial, torna-se difícil, na actual conjuntura europeia, que algum clube possa oferecer números “irrecusáveis”, ficando reduzidas as possibilidades de uma grande transferência.
Sendo eu um confesso defensor da necessidade de contenção de custos a que o futebol português se obrigou, seria natural que repudiasse como excessiva a medida prestes a ser implantada pela SAD leonina.
Contudo, muito pelo contrário, na perspectiva dos interesses do Sporting, sou o primeiro a aplaudir a audácia da iniciativa, pelas razões que passo a explicar.
Parece-me ser esta uma medida de elementar gestão, quer no plano desportivo, quer na vertente financeira, se, na verdade, a intenção dos responsáveis verde e brancos passar por assegurar, a todo o custo, a manutenção de João Moutinho nos quadros do clube.
Mais do que Nani, Djaló ou qualquer outro elemento proveniente da formação, a influência do jovem médio na organização e no rendimento do grupo às ordens de Paulo Bento é preponderante e, provavelmente, insubstituível. Ainda assim, como poderá o clube ultrapassar o eventual assédio dos grandes da Europa?
Ao contrário do que sucede com Ronaldos, Quaresmas, Nanis e companhia, cujas características garantem um impacto mediático instantâneo – com relação directa no valor de mercado -, as qualidades de Moutinho são mais sólidas e refinadas, mas dão menos nas vistas: com apenas 1,70m, será extremamente difícil que um clube de topo esteja disposto a pagar aquilo que o “leãozinho” realmente vale. Quando um “grande” gasta 20 ou 25 milhões de euros, a “embalagem” é quase tão importante como o “produto”.
Assim, se não é possível obter um justo retorno financeiro por um atleta que, desportivamente, é insubstituível, ordena o bom senso que se faça tudo para o manter, e, de preferência, satisfeito.
Para render milhões os leões contam com Nani e seus pares, jogadores que a Academia parece conseguir formar com impressionante regularidade.
Repito que não posso assegurar ser essa a intenção da SAD do Sporting mas, se estivesse investido dessas responsabilidades, não teria dúvidas: vendam-se os outros, desde que João Moutinho fique.
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