sexta-feira, fevereiro 3

Benfica: um clube diferente!?

Uns dias atrás, a través do post “ Sporting: e a falência técnica” lançava vagamente uma comparação entre a realidade (difícil) do Sporting e a de outros clubes nacionais e internacionais. Com a frase “Inocente será aquele que acreditará que o seu clube está melhor ou nem sofre deste problema” atingi algumas susceptibilidades como fácil se pode ver pelos comentários desse mesmo post.

Para que esta análise seja mais ou menos representativa, deveria também ver como andam as contas do Porto e do Braga. Haja tempo e disponibilidade para o fazer. Por agora, vamos então ver o que acontece com as contas do Benfica.
Depois de uma busca no Google este foi o melhor documento que encontrei, sobre este tema por:ser emitido pela SAD do Benfica e; por incluir num documento curto uma análise das últimas 3 épocas.(2008/2009, 2009/10 e 2010/11). Esta época como é óbvio ainda não se encontram os resultados financeiros publicados.

Nestes 3 anos, o Benfica teve bons resultados desportivos, excelentes vendas (considerando Di Maria, David Luiz e Ramirez) e presenças regulares na Champions o que levou , tal como é referido no próprio documento, a um um crescimento exponencial das receitas. Isso a meu ver diz muito do bom trabalho feito pela SAD encarnada.

No entanto, ainda assim o Benfica é, o que confirma a minha percepção, ainda uma sociedade claramente deficitária e não é ainda uma excepção aquilo que acontece com os clubes de futebol em geral.
Só para termos uma ideia, a pesar do crescimento das receitas, o Benfica teve como prejuizos acumulados ( Proveitos – Custos) nestas ultimas 3 épocas mais de 60 milhões de euros( 34.8 em 2009, 18.9 em 2010 e 7.6 em 2011). Números que a meu ver não deveriam deixar ninguém indiferente e estou certo que na SAD do Benfica haja gente neste momento a pensar em como dar a volta a isto.

Este ano já conseguiram a venda de Coentrão e Roberto, e têm ainda a boa campanha da Champions e a mais que possível conquista do campeonato. Logo, bons resultados financeiros em perspectiva utilizando para isso a fórmula que referi no post mais abaixo:
“O campeonato sim, a Champions de certeza mas o mais importante para a sobrevivência do clube é regularmente vender por mais valor daquilo que se compra”

35 comentários:

Tasqueiro Emigrante disse...

Algures pela Inglaterra, um tal de Vale e Azevedo está a rir-se, neste momento, na cara de 6 milhões de portugueses.

Mr. Shankly disse...

Parece-me óbvio que nenhum clube tem uma situação financeira desafogada. Aliás, é recorrente na blogoesfera a crítica à situação financeira do Benfica. O que tem distinguido o Benfica do Sporting tem sido a maior capacidade de endividamento (e consequentemente de investiment9o), que está associada à capacidade de gerar receitas. Mas ainda nem ao equilíbiro chegámos, quando mais ao "turning point". E cada vez me custa mais acreditar que ele exista. Um problema grave é o elevado rácio de endividamento que, associado à subida das taxas de juro faz prever um aumento dos custos financeiros. Por isso é que Vieira já alertou para a necessidade de desinvestir. E desinvestir é vender jogadores e usar o dinheiro para pagar passivo.

Francis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
J. disse...

Bom comentário, Mr.Shankly!e em parte estou de acordo.

Mas eu vou mais longe, um clube de futebol gerido como tal, jamais dará lucro e não acumulará Passivo.

LMGM disse...

Os clubes de futebol sempre viveram acima das suas reais possibilidades a única coisa que faz este assunto nos tempos de hoje ser relevante foi uma inversão de quem aguenta o barco.

Antes era normalmente apenas um mecenas que patrocinava as loucuras dos clubes e os catapultava para periodos de sucesso que em alguns casos os fez crescer para históricas instituições desportivas com milhões de adeptos.

Nos últimos tempos os clubes e seus dirigentes descobriram o crédito e levaram os niveis de endividamento para valores absurdos.

Os actuais mecenas capazes de individualmente aguentar a tesouraria de um clube endividado são raros e muitas vezes não têm nenhuma ligação afectiva com o clube.

Por outro lado os banco já não estão em condições de dar crédito a paixões e querem as suas contas pagas.

Vai ser um tombo feio de se ver.

No caso nacional, boa parte da solução está na união dos clubes contra a exploração de que são alvo por empresários e TV. Se for injectado no futebol metade do valor que ele cria há folga para manter o nivel de competitividade actual. Se continuar nos valores actuais... Vamos jogar com os juniores.

zorg disse...

A fórmula para o equilibrio passa por multiplicar por 5 as receitas televisivas, que passariam dos actuais 8 milhões de euros/ano, para os 40 milhões de euros/ano de que se diz que é o patamar que o Benfica terá estabelecido.

E não é uma fórmula nova, mas sim aquela que foi seguida no resto da Europa, a mesma zona que não teve o privilégio de beneficiar dos serviços inestimáveis de uma empresa como a Olivedesportos.

LMGM disse...

Zorg, parece óbvio, tal como me parece óbvio que isso só vai acontecer com uma acção conjunta de todos os clubes.

Infelizmente quando se fala do estado das finanças dos clubes fica tudo a discutir penalty's e o tamanho e a beleza das pilinhas de cada um.

Ricardo disse...

Se alguém no Benfica está tranquilo em relação à questão financeira só pode ser tonto. O Benfica, como muitos outros clubes, tem uma situação fragilizada e que requer enormes cuidados (o que nem sempre se nota, diga-se).

É lógico que as prestações desportivas ajudam a aumentar as receitas, porque trazem consigo atreladas outras mais-valias: publicidade, merchandising, bilhética, etc. Mas, no fim, e apesar de esse ser um bom ponto de retorno, o que conta é a capacidade de arranjar formas de ir pagando a dívida, enquanto se aumenta a receita. No Benfica, faz-se um trabalho razoável num aspecto, noutro nem por isso.

O que para mim é evidente - e, parece-me, para qualquer pessoa que veja isto com olhos atento - é que as situações de Benfica e Sporting não são comparáveis. Nem pela realidade financeira de um e de outro nem, e isto é muito importante, pelo valor que a marca Benfica tem sobre a marca Sporting.

O Benfica está mal e necessita de uma melhor organização. O Sporting está falido e se não for comprado... acaba. Resta saber se será possível aos sportinguistas manterem um mínimo decente de participação na vida do clube. 30 por cento, por exemplo, já não seria mau de todo.

LMGM disse...

Já agora, o Sporting acaba porquê?

J. disse...

Pois eu Ricardo acho que sim são comparáveis.
Talvez o Sporting esteja em pior situação, mas também ainda nos resta muito a fazer em termos de receitas. Estar na Champions, ter uma gestão desportiva mais acertada, conseguir estar lá mais em cima na classificação.

Mas o que mostra este documento,é o que Benfica mesmo potenciado grande parte das suas receitas - a tal marca Benfica (na Champions, na venda de jogadores e nos bons resultados obtidos) - não consegue ainda ter lucro.
E se não tem lucro, e acumula prejuizos está a um passo também de estar com capitais próprios negativos, logo falência técnica.

Pedro disse...

Vieira tem (admito) tido uma presidência muito interessante no que a captação de novas receitas diz respeito. Sem contar com a venda de jogadores pq essa não é controlável o SLB tem conseguido aumentos brutais de receitas mesmo em períodos de fracasso desportivo. E é este pormenor que faz toda a diferença no SLB. O problema de Vieira é que o passivo não baixa. Por si só o facto do passivo ser alto e não baixar não diz muito. Basta o SLB ter capacidade para cumprir os seus compromissos e um passivo elevado não é problema. A questão é a razão do passivo ter chegado aos números que chegou: Sempre foi defendido pela Direcção e seus acérrimos defensores que o passivo atingiu os 300 milhões devido à construção do novo estádio e centro de estágios. Ora quando Vieira numa entrevista há uns anos à RTP (penso eu) garantiu que o estádio estava quase pago e que o centro de estágios foi pago com o acordo publicitário feito, pq raio o passivo não baixou?

J. disse...

Pedro,o Benfica acumula prejuizos.

Logo a tendência é que o passivo suba e não baixe.Alias, o que os clube fazem muitas vezes é renegociação do Passivo. Isto é, o que deviam pagar amanhã, como não têm dinheiro pedem para pagar depois de amanhã na esperança de ai já poder ter esse dinheiro.
O problema é que como podemos ver, raro é o clube que dá sucessivamente lucro. Logo a tendência é endividar-se mais e mais, e passivos a crescer.

Ricardo disse...

LMGM, como clube autónomo? Parece-me lógico. Se a única situação passa por aceitar ser comprado por um investidor externo, o Sporting, como instituição representada por sportinguistas, deixa de existir. O clube Sporting nunca vai acabar literalmente, é evidente, o que vai acabar é a possibilidade de manter a autonomia sobre o seu destino. Dependendo do investidor, a questão põe-se da seguinte forma: haverá pouca ou quase nenhuma participação dos sportinguistas nos destinos do seu clube? Não vejo outra forma de sair desta situação que não seja a venda a algum magnata. Tu vês? Diz-me qual é.

Atenção, não tem de ser necessariamente mau, até pode ser vantajoso na luta com os dois rivais, porque se de repente entram milhões atrás de milhões no clube, em termos desportivos é normal que a equipa saia da mediocridade dos últimos anos e ganhe até vantagem sobre os rivais, que, ainda assim, e mesmo sendo despesistas, têm naturalmente limitações enormes.

O que digo é que, enquanto clube dos seus associados, o Sporting terá de acabar. Ou então refundar-se, começar do zero. Mas não me parece que alguém, sofredor pelo clube, alguma vez queira uma solução desse tipo.

Ricardo disse...

J., aceito a tua teoria de que, a continuar este caminho, o Benfica mais tarde ou mais cedo chegará à situação do Sporting. Só que será num período bem alargado, que nem sequer se põe em causa agora nem nos próximos 10 anos. Isto se nada se fizer em relação ao caminho que se está a levar, entenda-se.

Francis disse...

O grande problema dos clubes é o passivo acumulado. Hoje em dia em resultados operacionais conseguem equilibrar a tesouraria, mas o custo da divida é elevadíssima. A construção dos novos estádios foi, salvo seja, um descalabro.
Como diz o Zorg o Benfica tem a vantagem de poder agora negociar os direitos de transmissão, vamos ver é quem é que quer comprar. A Olivedesportos claro que quer, mas quem mais ? Não me parece possível que sejam feitos na Benfica TV, pois isso limita o seu mercado. E não permite um encaixe de dinheiro significativo.

Mike Portugal disse...

Ricardo,

Acho que há aqui uma confusão qualquer. O SCP não vai ser comprado por ninguem. Pode vender parte da sua percentagem na SAD a algum investidor.

O teu clube está tão dependente de vender jogadores e fazer boas prestações na champions (que não é o mesmo de simplesmente entrar na champions) como o FCP e o SCP. Nenhum deles se aguenta (ainda) sem a champions e vender jogadores.

LMGM disse...

Ricardo, desde que os clubes passaram a SAD's que deixaram de ser geridos pelos sócios, pode não parecer mas é a realidade.

A solução já está aplicada, chamou-se VMOC's, o Sporting está a tentar recomprar VMOC's através de um investidor (para ter liquidez e não para sair da falência técnica), esse investidor será tanto dono do Sporting como foram tantos e tantos Presidentes anteriores que com avais pessoais e injecções de dinheiro garantiram a tesouraria do clube.

A diferença é que o cheque com que um dia Sousa Cintra resgatou o Sporting era de 150 mil contos, hoje é de 150 milhões de euros.

Na época também diziam que o Sporting ia acabar, que não chegava ao novo milénio. Aquilo que ninguém disse (mas era verdade) era que Sousa Cintra durante uns anos foi dono do Sporting.

J. disse...

Acho que aos poucos estamos a entrar numa nova era.
Se já até os bancos apresentam prejuízos....

Miguel disse...

"e isto é muito importante, pelo valor que a marca Benfica tem sobre a marca Sporting."

Ricardo, este é um mito, não por ser mentira (a marca Benfica de facto vale mais) mas porque a diferença entre ambas não justifica as diferenças que se julga.

Achas mesmo que a SportTV vai pagar 40 milhões ao Benfica e apenas 12 ao Sporting e ao Porto?

LDP disse...

"o Benfica teve como prejuizos acumulados ( Proveitos – Custos) nestas ultimas 3 épocas mais de 60 milhões de euros( 34.8 em 2009, 18.9 em 2010 e 7.6 em 2011)"

J, mas nao vez aqui uma tendencia, digamos, positiva? Ainda que a palavra de ordem seja "prejuizo", em apenas dois anos ele baixou de 35 milhoes para 8.

Miguel disse...

LDP, só é positiva na medida em que em vez de ir a correr para o abismo está a ir "só" em passo acelerado.

Continua a abrir o buraco em vez de o fechar! :)

Pedro Almeida disse...

Sinceramente não acho que a situação de Porto e Benfica seja tão má como a do Sporting, se por uma lado são marcas maiores que per si geram mais receitas, a verdade é que os activos de ambos são bem mais valiosos que os do Sporting.
O Porto tem Hulk, James Rodriguez, Alvaro Pereira, Moutinho, Iturbe...quanto conseguirão se venderam estes cinco? 100?
O Benfica tem Gaitan, Rodrigo, Nolito, Cardozo, Javi...quanto conseguiram se venderem estes cinco? 100?
Que jogadores tem Sporting que se comparem? E além disso que % dos passes é que pertence mesmo ao Sporting?

Tendo dito isto acho que a única saída para o Sporting é mesmo a fuga em frente, não ir pelo corte de despesas, mas sim tentar investir cada vez mais na melhoria da equipa e tentar fazer mais valias na venda.
Bem sei que parece missão impossível, mas a alternativa é passarem a jogar apenas no campeonato de Maritimo, Braga, Guimarães, etc.

Unknown disse...

Eu acho que olhar para os resultados líquidos por si só é insuficiente para caracterizar a situação de um clube ou mesmo de uma empresa.
Um dos pontos mais importantes é olhar para o resultado operacional excluindo transacções de jogadores e a verdade é que o Benfica tem tomado algumas medidas correctivas nos desequilíbrios estruturais que afectam a sociedade. Posso estar equivocado, mas tenho a sensação de no documento ter lido que na época transacta teríamos chegado ao even, ou seja, as receitas operacionais equivaleram os custos operacionais, o que por si só é um bom sinal.
O problema no entanto é mais complexo, quando se inclui a transacção de jogadores e ao contrário do que se poderia pensar, os resultados deixam de ser positivos, pois a táctica de comprar quase tudo o que mexe e alguns jogadores a valores principescos cria 2 alvos de destruição de valor:
amortizações e custos salariais elevados.

Unknown disse...

O modelo dos clubes passa pelo seguinte, por exemplo um clube adquire um passe dum jogador por 4M€ e faz um contrato por 4 anos. Isso implica que o passe do jogador vai ter amortizzações anuais de 1M€.

Das duas uma, ou existe renovação de contrato e aí há uma reavaliação do passe e são calculadas novas amortizações anuais, ou o jogador sai do clube e se fôr vendido, tem que se comparar o valor de venda com o valor líquido do passe, para se avaliar do lucro, porque nos anos anteriores já foram suportados os custos de amortização, ou se fôr libertado sem custos, ou já o jogador foi todo amortizado ou então tem que se amortizar pela totalidade o valor líquido do passe à altura da rescisão.

Correndo o risco de parecer muito técnico e enfadonho, é importante perceber que uma parte significativa dos custos dos clubes são as amortizações dos passes dos jogadores.
No caso do Benfica, as amortizações são ainda mais elevadas.

Há cerca de 2 anos, com a inclusão da Benfica Estádio na SAD, algo que era necessário porque a SAD estava como a do Sporting, com capitais próprios negativos, ou seja em falência técnica, a Benfica SAD aumentou o seu capital social de 75M€ para 115M€. Mas ao fazer isto, aumentou significativamente as amortizações, pois além dos jogadores, temos agora o Estádio, a superfície comercial e o Centro de Estágio a serem amortizados anualmente.

Para agravar a situação, os custos de financiamento dispararam e o Benfica, tal como o sporting, o porto e todos os outros que entraram com estádios para o Euro 2004 estão colossalmente endividados pelos financiamentos dos project finance.

A 30/6/11 a Benfica SAD tinha o capital social praticamente todo coberto por prejuízos acumulados, pelo que os capitais sociais são quase 0, ou seja estamos à beira da falência técnica.

é certo que no exercício deste ano vão entrar os proveitos (80%) da venda do Coentrão e com a passagem aos oitavos da Liga dos Campeões, quer as receitas já efectuadas, quer o valor a distribuir pelo Market pool vão ajudar claramente o exercício.

Unknown disse...

Mas eis que um novo risco se aproxima, as equipas B. Segundo o último Relatório e contas a SAD tinha mais de 70 atletas nos seus quadros e as notícias têm constantemente informado que mais não sei quantos jogadores têm assinado contratos com o Benfica.

Pelo contrário, são muito poucos os que saiem, felizmente Balboa e Luis Filipe já saíram, mas quantos outros que nem nos lembramos ainda nos pertencem e com quantos vamos ficar depois da criação da equipa B ?

Ao analisarmos as fontes de receita e compararmos com os valores internacionais, vemos que o Benfica tem um peso anormalmente elevado em Bilheteira e Quotizações, apresentando valores que roçam os ridículos em Patrocínios e TV, ou seja, são os sócios que verdadeiramente têm suportado o Benfica, enquanto patrocinadores e operadores televisivos se têm apropriado da marca Benfica sem pagarem o que por isso deviam e é aqui que o trabalho tem que ser feito do lado das receitas.

Do lado das despesas é fundamental controlar os custos salariais, pois o revolving dos empréstimos, o recurso a cedências a factorings e a descontos comerciais, por imposições de tesouraria, têm levado o Benfica a suportar custos financeiros verdadeiramente insuportáveis.

Com o fim de alguns empréstimos, é essencial a emissão de um empréstimo obrigacionista que mesmo pagando 6 % é claramente inferior aos outros custos, mas para isso mais uma vez é necessário que os sócios se cheguem à frente para garantir o sucesso da operação.

LDP disse...

Miguel, se no final de uma época apresentas um prejuizo de 35 milhoes de euros e duas épocas depois, o prejuizo correspondente a 2011 é de apenas 8 milhoes, como é que podes falar em acelerar em vez de abrandar? Queres explicar qual é o raciocinio lògico que sò tu foste capaz de construir?

Sei que é duro e muito preferiam que o Benfica estivesse tao mal como o sporting, mas...lamento. é que nem voces acreditam nisso embora continuem a repeti-lo.

Unknown disse...

Com isto quero dizer que efectivamente embora não esteja na situação do lagartame, que teve que dar como dacção receitas de bilheteiras, de tv, de patrocínios e 20 % das vendas de passes, ou seja, tem a maioria das receitas hipotecadas à banca vivendo numa permanente situação de ausência de tesouraria, e de já ter os capitais próprios negativos em 180 M€ (não sei se é a situação do grupo sporting, se a da SAD e consequentemente se têm alguns activos fora da SAD, embora mesmo que tenham é provável que estejam honorados e como tal pouco se altere a situação), andamos a csminhar na mesma situação a passes largos e a venda de passes de jogadores mais que uma obrigação é uma necessidade de sobrevivência.

Com as regras do fair play financeiro a aproximarem-se e consequentemente a queda dos valores de transferências, o modelo actual é um grande risco e ou o Benfica começa a ter uma prospecção mais eficaz (Makukula, Balboa, Sidnei, Kardec, Airton, Filipe Menezes, Eder Luis, Franco Jara, só para mencionar os mais caros) e a reduzir significativamente o número de atletas a contrato, para cerca de 50 incluindo as equipas A e B, ou o modelo não funcionará mesmo.

É preciso arrepiar caminho

Unknown disse...

O mais nefasto nestes modelos, é que os clubes que antes dos estádios eram donos de tudo, hoje em dia, não são donos de nada e apresentam prejuízos constantes porque pagam rendas da utilização das instalações e suportam modalidades que são cronicamente deficitárias por muito que vendam o contrário aos sócios.

Em 2009, o Sport Lisboa e Benfica devia várias dezenas de milhões de euros à Benfica Estádio, que sendo sua teve que entrar nos activos da SAD para esta sobreviver e limpar parte significativa das dívidas do clube.

Miguel disse...

Ldp, presumo que não percebeste que entre "correr" e "passo acelerado" está subjacente o abrandamento. ;)

Quanto ao demais, o Bcool973 está certo em tudo o que diz. Partilho a 100% o comentário. Aliás, já aqui escrevi um post relativo ao fair play financeiro. Acho que apenas por ignorância os nossos media ainda não abordaram o assunto.

J. disse...

Seja como for, quando postei isto temi aqui um bombardeamento de comments non sense que muito estiveram por aqui esta semana.

Mas não, acho que se discutiu bem sobre este tema.
Os meus parabéns a todos!
:-)

LDP disse...

peço desculpa, miguel. ler blogs no iphone na diaginal por vezes tem destas falhas..

LDP disse...

*diagonal

Pedro disse...

Lá está...o Bcool973 fala das amortizações do Estádio, área comercial e centro de estágios mas Vieira afirmou, claramente, que ou já estavam pagos (Centro de estágios) ou quase pagos (estádio). É aqui que toda a estratégia empresarial de Vieira choca pq não bate uma coisa com a outra...

Unknown disse...

Pedro,
uma coisa não implica a outra.
Podiam até estar pagos, porque isso é uma óptica financeira, o que não implica que não tenham custos (e não são custos de manutenção) económicos. Quando compras um bem, ele tem uma determinada vida útil, ou seja ele desvaloriza-se ao longo do tempo e portanto quanto mais ele se desvaloriza maior o custo de o repôr. Assim sendo imóveis normalmente são amortizados a 20 anos.

Quanto ao pagamento, tenho dúvidas que eles já estejam pagos, pois normalmente os break-even points são relativamente afastados do ínicio dos projectos e além disso com o grande aumento dos custos de financiamento que não seriam expectáveis à data do project e consequentemente não teriam sido contabilizados é provável que o break-even point se afaste ainda mais do início.

O que eu quero dizer não é que o Benfica está na falência técnica, até porque este ano tem condições desportivas e porque neste exercício entrará a alienação do Coentrão 24 milhões - custos de empresários e direitos de formação.

Convém entretanto ressalvar 2 pontos que originam que seja necessária uma maior atenção à contratação de novos jogadores. Devido ao contrato com o Benfica Stars Fund, o Benfica é obrigado a colocar no mercado qualquer jogador que esteja no fundo quando faltarem apenas 18 meses de contrato, daí a renovação com o Ruben Amorim, mas daqqui a 1 ano voltará a questão a pôr.

Daí as renovações do Gaitán, do Cardozo e as que se falam do Javi e do Rodrigo.
Mas mais, aparecendo propostas que atinjam determinados valores (valores de referência) o Benfica é obrigado a vender os jogadores que estejam no Fundo ou a recomprar os passes ao Fundo no valor equivalente às propostas.

A questão é que nas renovações existe sempre 2 fontes adicionais de despesa:
1-o valor mensal do salário invariavelmente aumenta
2-existem prémios de assinatura

Isto significa que a manutenção de uma equipa de bons valores ao longo dos anos tornará os plantéis mais caros. Quando estamos a falar de qualidade (cardozo, javi e rodrigo) é natural que assim seja e até aplaudimos pois implica que existirá maior conhecimento dos jogadores e uma equipa forte durante mais tempo.

O que não se justifica é a miríade de jogadores banais sob contrato que o Benfica tem actualmente, e se alguns deles foram "exigências" de treinadores, acredito que nem quique nem jesus são responsáveis pelos muitos emprestados que o Benfica paga mensalmente.
O pior de tudo é que o Benfica não aliena esses passes imediatamente para não perder o investimento todo, mas acaba por fazê-lo ao fim de alguns anos a pagar salários - jorge ribeiro, yebda, adu, etc.
Será que não é preferível assumir logo o erro da contratação e libertar recursos (sim porque o dinheiro que se enterra, enterra porque não tem retorno, em salários mensalmente acaba por pesar ao fim dum ano) ?
É que Halliches não aparecem por aí todos os anos ...

Unknown disse...

Um último comentário pois parece-me que já me excedi em muito sobre a questão das transmissões televisivas.

Fala-se em 40 milhões com uma facilidade, só porque se repetiu até à exaustão a imbecilidade da estátua dos 30 milhões. O mercado português de publicidade, à semelhança de outros sectores está também em recessão.

O que seria normal era que os valores das transmissões baixassem relativamente ao que se praticava há 2 ou 3 anos. Porque é que isto não acontece e pelo contrário até aumentaram os valores ?

A generalidade de clubes e SADs como estavam em grandes dificulddades económicas, mesmo que não de tesouraria, negociaram em pacote 7/8/10 anos de transmissões com o recebimento do valor actual de parte significativa dessas receitas, ou seja venderam "n" anos e receberam antecipadamente parte desses anos.
Isto implicou que quem comprou teve 2 descontos, o de quantidade e o financeiro (antecipação de pagamento).

Portanto, com o fim desses contratos, leoninos sem dúvida, mas imprescindíveis para a salvação dos clubes na altura da assinatura, mesmo que os condenassem a longo prazo dada a irresponsabilidade dos dirigentes, o valor da renegociação das transmissões teve que ser muito superior aos praticados anteriormente.

No caso do Benfica, o valor anual pelos 15 jogos é 7,5 milhões, ou sejam 500 mil euros por jogo. Com audiências superiores a 1 milhão de espectadores em Portugal é muito fácil rendibilizar este produto mesmo numa conjuntura de crise.

O grave da questão é os clubes portugueses ao não dominarem os seus conteúdos não verem as suas transmissões internacionalizadas de uma forma séria.
É certo que a PPTV (quem comprou os direitos de transmissão) já tem parcerias internacionais, mas esse mercado está claramente mal explorado.

A liga portuguesa é das mais mediáticas a seguir às big 4 - Inglesa, Espanhola, Italiana e Alemã, sendo mais reconhecida que a Francesa, embora o PSG possa dar um aumento de notoriedade dada a contratação de estrelas.

Esta falta de internacionalização é perniciosa por 2 aspectos: porque não se conseguem maiores receitas da venda dos direitos, e porque sem entrar em determinados mercados não conseguem os clubes aceder a patrocinadores de outros mercados.

Imaginem que a Liga Portuguesa começava a ser transmitida no Japão, na China, na Indía ou no Brasil em larga escala.
Será muito mais fácil aos clubes portugueses acederem a patrocinadores que tenham interesses nesses mercados.
Mas isso implicaria que por um lado teríamos que adaptar os horários aos horários desses países (a Liga inglesa já faz há vários anos e a Liga Espanhola está a começar a fazer) e por outro as equipas teriam de começar a disputar jogos, fosse durante pré-épocas ou durante pausas na competição nos países em causa.

O ponto importante é que sem uma mudança de paradigma que passe pela internacionalização da Liga Portuguesa dificilmente se atingirão os valores em causa. Esperar por uma oferta de 20 ou 25 milhões por época é o melhor que realisticamente se conseguirá obter.

Pode o Benfica viver sem os 7,5M€ que recebe anualmente da PPTV?
Provavelmente se fizer uma gestão mais rigorosa ao nível dos recursos humanos.
Pode viver sem 20 ou 25 M€ que porventura terá já negociados ?
Claro que sim, mas perderá muita capacidade competitiva e tem que acabar com a treta da equipa B que neste momento mais não serve do que uma desculpa para continuar a contratar jogadores medianos.