quinta-feira, maio 17

Bilhetes para a final

A forma como se atribuíram bilhetes para a final da Taça de Portugal demonstra na perfeição a pior face de Portugal. Repare-se:

- A Associação de Futebol de Lisboa ficou com 10% da lotação. Teve o desplante de anunciar que não ia colocar à venda um único bilhete. Num país de cunhas e trocas de favores só pode ser normal terem abarbatado os bilhetes todos para consumo interno.

- A Federação Portuguesa de Futebol ficou com 20% da lotação. Anunciou com toda a pompa que vendeu os bilhetes em 15 minutos. Pelo que me contaram, com o procedimento encontrado, fizeram com que milhares de pessoas se pendurassem no site a fazer F5 desde as 9 da manhã lançando o caos nos servidores. Porque não fazer algo mais limpo e transparente, seguindo o exemplo da UEFA, em que todas as pessoas podem candidatar-se a um bilhete havendo depois um sorteio a posteriori? Será dificil copiar os bons exemplos ou é preferível privilegiar a confusão?

- Quanto aos clubes organizaram-se como puderam. Se em Coimbra as coisas decorreram de forma mais calma, havendo até relatos de vários sportinguistas que se tornaram sócios da Académica e compraram o bilhete com relativa facilidade, as condições em Alvalade assumiram contornos dantescos sobretudo porque grande parte dos bilhetes também desapareceu para núcleos e grupos de apoio. No meu entender o critério para atribuição dos bilhetes deveria privilegiar a fidelidade e a emoção e menos o aspecto financeiro. Ou seja, o critério ideal seria privilegiar os adeptos que nunca tivessem faltado a qualquer jogo. Todavia aceito o critério de privilegiar quem mais pagou pelos bilhetes de época. Não concordo, mas aceito.

Como seria de esperar, tendo em conta a forma "normal" como as coisas acontecem neste País, teria de arranjar bilhete com conhecimentos. Lá me consegui safar... desta vez (Visigordo, pode ser que te volte a encontrar por lá :-)). Mas deixo-vos uma situação de um casal  que não falhou um único jogo do Sporting em Alvalade este ano. Um único. E não vai ao Jamor.

7 comentários:

Anónimo disse...

Acho que a melhor solução seria a que apontas, à imagem da UEFA, com preferência para sócios dos dois clubes.

Mas não acho que por ires aos jogos todos devas ter preferência por quem apenas viu metade. São competições distintas e um sócio é um sócio, independentemente do número de jogos a que assistiu (até porque existem condicionantes que não podem ser tidas em conta, mas se falamos em justiça, não as podemos ignorar).

Mas lá está, "Será dificil copiar os bons exemplos ou é preferível privilegiar a confusão?".

Sabes qual é a resposta. Todos sabemos.

Infelizmente existe muita gente que está contente com este tipo de organização que existe no nosso futebol e apenas por isso as coisas continuam a ser como são.

J. disse...

Acho que o teu primeiro parágrafo resume tudo.
Se calhar, esse sistema de compadrio já está tão enraizado no nossa sociedade, que o futebol é só mais imagem daquilo que somos.
A cunha, o favorzinho, os contactos, os esquemas....enfim, o MEC explica isto tudo muito bem!!!
:-)

Tasqueiro Emigrante disse...

90% das pessoas estão bem profissionalmente devido a cunhas e compadrios.

São poucos os exemplos em que isso não acontece.

Ou se tem sorte ou então tem que ser o facto C.

O futebol não é excepção e como tal desenrascasse quem pode.

LMGM disse...

Vão existir muitos bilhetes à venda na mata... Eu lá estarei e levo a minha capa académica!

Pedro disse...

Aqui já não concordo com o Luis. Claramente que os clubes devem compensar a fidelidade. Quem compra cativo tem que ter prioridade. Sempre. Depois o sócio. Se sobrar alguma coisa então segue-se o adepto.

Visigordo disse...

Caro Miguel, em princípio, se nos deixarem, estaremos pelo mesmo sitio. Espero ver-te por lá.
Em relação aos bilhetes de que falas, atribuídos à AFL e à FPF, dizer que não foram postos à venda é um eufemismo teu. Quem os quisesse encontrar durante esta semana era entrar nos OLX que grassam na internet e encontrá-los a preços entre os 70 e os 110 euros e ver estampado nos bilhetes a origem deles.
O conselho que daria a esse casal é que não deixasse de ir, porque diz-me a experiência que há sempre bilhetes à venda até à hora do jogo. E quanto mais próxima a hora do jogo, mais baratos eles vão ficando. A meia hora do início da partida já devem estar a preço de custo ;)
Quando a procura excede um muito a oferta, o critério para atribuição de bilhetes pelos clubes devia, de facto, ter como primeiro factor decisivo de atribuição a assiduidade aos jogos em casa. Já me custaria a aceitar um critério que avaliasse quem tinha pago mais pelos bilhetes de época. Prefiro o caos que foi a venda dos bilhetes em Alvalade a um sistema que premiaria unicamente o factor económico de que cada um pode gozar.

Miguel disse...

Mas o sistema implementado pelo Sporting não premeia quase unicamente o factor económico e a cunha?

Do que veio a publico apenas sobraram 720 bilhetes para os detentores de gamebox!

Os restantes foram escoados pelos lugares especiais & lugares de leão (critério económico) e claro, pelos amigos e compadres e grupos de apoio e nucleos...