quarta-feira, julho 12

Emoção e Razão

Lia há dias no fórum Artinova uma discussão sobre as desvantagens, actualmente, de ser sócio do Sporting face aos que não o são. Realmente, o que é que leva as pessoas a serem sócias de um clube? Apesar do preço dos bilhetes ser mais barato, se se somar o preço das quotizações mensais facilmente se verifica que quem quiser apenas pagar o mínimo para ir ao estádio, racionalmente, é mais vantajoso ser não sócio. O que é que leva então uma pessoa a tornar-se sócia de um clube? Basicamente é uma questão afectiva, emocional.

Vários estudos confirmam que os clubes de futebol vendem é emoções, de preferência “consumidas”em grupo por tribos de adeptos, desejosos de partilhar sentimentos e experiências quase religiosas com os seus clubes do coração. É a busca da emoção, da partilha, de viver experiências em comunidade com outros correligionários que faz com que as pessoas vão aos jogos e fazem com que comprem os produtos relacionados com o clube. As receitas de bilheteira, royalties de merchandising, publicidade, etc são consequência dessa procura de experiências. A indústria do futebol é uma indústria de emoções. Mas não só!


Tive acesso às apresentações de Miguel Bento e André Rocha, directores de marketing de Benfica e Sporting respectivamente, no ultimo congresso da APPM, precisamente sobre o tema do consumo de produtos relacionados com o futebol. Num mercado onde a emoção é o driver da compra em 90% dos casos, o que é que se pode fazer para aumentar, expandir o mercado? A resposta proposta por ambos assenta em “racionalizar” o consumo destes produtos. Ou seja, conseguir vender os podutos àqueles para quem a componente racional da compra é mais importante do que a componente afectiva de ser sócio porque é o clube do coração. Para aqueles cujo argumento para não ser sócio é: “Eu não sou parvo, não dou dinheiro a chulos. Para quê pagar mais para ser sócio se posso ir à bola por menos dinheiro?”.

O Benfica foi pioneiro com o seu kit. Quem usufruir em pleno das vantagens oferecidas acaba por “pagar” aquilo que dispendeu. O FC Porto apresenta hoje um conjunto de vantagens muito atractivas nas quais se destaca a possibilidade de fazer chamadas grátis entre os sócios do FC Porto na TMN. O Sporting, acredito, será o próximo a tentar conferir racionalidade a um negócio onde, para uma certa franja, ela é importante. É um passo que os clubes, profissionais, deverão dar. Basta ver a dependência que os 3 grandes têm das receitas de quotizações para se perceber que só têm a ganhar se conseguirem captar associados por outra via.

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