sábado, julho 22

O que fazer a McCarthy?

Deve ser esta a questão que preocupa os dirigentes do FCP.
Ontem tive de passar uma vista de olhos pelo relatório de contas do FCP, para esclarecer uma dúvida, e voltei a bater com os olhos, em 2 ou 3 pontos interessantes que na altura me chamaram à atenção mas para os quais não dei o devido “tratamento”
A última comunicação diz respeito ao penúltimo trimestre da época passada, com o ano fiscal do FCP a terminar em 30 Junho.
Nesse trimestre o FCP conseguiu a “proeza” de baixar os seus custos com o pessoal em mais de 25% e ainda assim terminar o trimestre com um resultado negativo de 17.5 m€.
Como nota o relatório refere que sendo um trimestre intercalar não se pode fazer grandes conjunturas sobre o resultado final do exercício, diz o relatório de contas do trimestre:
“As contas a apresentar a 30 de Junho de 2006 poderão ser influenciadas pelas mais valias de transferências de jogadores a concretizar no último trimestre, variável que tradicionalmente tem um impacto económico e financeiro significativo.”
Ora, embora as contas ainda não tenham sido apresentadas, pode-se facilmente especular e antecipar algumas coisas.
Em primeiro lugar a ausência de vendas do FCP este ano. Algo que deve ser preocupante, uma vez que é assumido pela própria SAD que “As mais valias resultantes da venda dos direitos desportivos de jogadores têm representado uma parte substancial dos proveitos da F.C.Porto, SAD e numa perspectiva mais ampla, de muitas sociedades deste sector de actividade que assim equilibram os seus resultados de exploração.”
Dos jogadores que saíram após a apresentação do último relatório conhecido, ou seja no último trimestre do ano fiscal passado, há a registar Diego (6 milhões), Sonkaya (Emprestado à Académica), Hugo Almeida (emprestado ao Werder Bremen), Ivanildo (Emprestado ao U. Leiria), Cesár Peixoto (emprestado ao Celta de Vigo) e mais uns tantos empréstimos (Paulo Machado, Bruno Vale, Maciel, Areias, Helder Barbosa e Postiga)
Ou seja 6 milhões pela venda de Diego foi a única verba significativa realizada, muito pouco atendendo ao valor obtido no ano passado “No exercício 2004/5 os proveitos decorrentes desta actividade, ou seja, as mais valias líquidas que resultam de transferências (ao valor da venda têm que ser subtraídos os custos inerentes a cada negócio e o valor residual desses activos) somaram 31,2M€, ou seja, 40% dos proveitos operacionais do período. Estão aqui contabilizadas as transferências dos jogadores Pedro Mendes, Derlei, Carlos Alberto, Costinha, Maniche, Seitaridis e outros com menor expressão.”
É fácil concluir, igualmente, que os 6 milhões obtidos pela venda do Diego, tenham sido em parte canalizados para as aquisições entretanto já firmadas este ano. João Paulo (Leiria), Diogo Valente (Boavista), Ezequias (Académica) e Sektioui (AZ Alkmaar), mas agora para dar a prenda final pedida por Adriaanse, as coisas estão mais complicadas.
Ou seja do plantel que se mantêm, o Porto não têm muitos activos que lhe permitam equilibrar os seus resultados, Ricardo Costa (falou-se em 5 milhões para França), Lucho, Quaresma e McCarthy (fala-se hoje em 5 milhões para Inglaterra, mas o seu empresário já veio dizer que o contrato é para cumprir até ao fim, não admira sendo o último ano de contrato de McCarthy com o Porto)
Estamos então numa encruzilhada?
Eu acredito sinceramente que sim.
No ano passado (época 2004/2005) o resultado consolidado deu-nos um valor negativo de – 2 milhões de € (quase na totalidade gerado pela SAD), em contraste com o resultado positivo (anormal) obtido em 2003/2004 de 24.8 milhões (fase ao efeito Mourinho e desmantelamento da equipa campeã da Europa), antes em 2002/2003 o resultado final do exercício tinha sido uns respeitáveis – 18,1 milhões de € negativos, na minha opinião no ano passado só não atingiu valores próximos deste muito por culpa dos 31.2 milhões de € que o FCP realizou em valias líquidas de transferências de jogadores (como está referido anteriormente), agora este ano tendo em conta o resultado do penúltimo trimestre que já atingia – 17,48 milhões de € negativos, a não venda de qualquer activo significativo, excepto Diego, e a não perspectiva de venda de mais nenhum jogador (Ricardo Costa e McCarthy seriam provavelmente os únicos que Adriaanse estaria disposto a abdicar, mas o segundo já veio dizer que não sai), permite concluir que este ano 2006/2007 será fulcral para as finanças do FCP.
Uma boa participação na Liga dos Campeões é essencial, assim como a quase obrigatoriedade em antecipar receitas ou proceder a aumentos de capital.
Em Março já celebraram um contracto com a TBZ com duração de 10 anos e com receitas mínimas de 1.35 milhões ano, há pouco mais de uma semana anunciaram o novo cartão de sócio, numa clara colagem à iniciativa do Benfica e procurando captar mais associados. Será que chega? Julgo que não.
Uma hipotética má época do FCP este ano, coloca em causa o actual plantel, e a permanência das duas jóias da coroa Lucho e Quaresma, uma vez que não há mais nenhum jogador capaz de, por si só, geral verbas significativas, e atenção que Lucho só é detido em 50 % pelo FCP.
Cumprimentos,
Rui Horta


email enviado por Rui Horta

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