quarta-feira, março 11

Fear Factor

Chego atrasado ao sector, o que me impede de ir direito ao assunto que faz manchetes hoje. A derrota do Sporting em Munique (e na eliminatória) é o assunto em destaque, mas antes queria fazer referência ao fim-de-semana de Liga.

O Sporting foi o primeiro e venceu, sem dificuldade, um pobre Paços sem qualidade. O Sporting jogou como quis e contra uma equipa daquele calibre, basta marcar. Até quando se dá a iniciativa do jogo a estas equipas se corre pouco risco de sofrer.

O Porto jogou bem em Leixões. Há pormenores que podem definir um jogo e, neste caso, foi o penalty (tão evidente como desnecessário), e um erro de Laranjeiro que viraram a balança de um jogo que podia ser muito difícil.

O Benfica foi o do costume. A falta de qualidade das equipas que enfrenta confere ao seu jogo "pequeno", aura de vencedor. Entrega o jogo ao adversário e fica à mercê da sua qualidade. Ganha o jogo mas a jogar assim arrisca-se ainda a perder muitos pontos, assim tenham qualidade as equipas que vai enfrentar. As bolas paradas são a sua maior arma mas parece-me que a sua debilidade estará em bolas a meia altura na área. À atenção de quem os vai enfrentar.

Ganharam os 3 grandes, permanecendo tudo igual, todos podem ganhar a Liga.

Concluída que está a revista ao fim-de-semana, é tempo de falar sobre o tema marcante. Em primeiro lugar, só acontece a quem lá anda! A diferença de qualidade e orçamento das equipas pode explicar muito do que se passou mas para mim há um factor que explica melhor. A abordagem ao jogo.

Toda a gente apregoa que o medo não tem lugar no futebol, mas no meu entender é um dos factores mais a ter em conta. Que fazer para se ser destemido contra os mais poderosos? Como equilibrar a balança se temos menos dinheiro e jogadores com menos qualidade? Para mim, a resposta é perder a vergonha! Que tinha o Sporting a perder contra o Bayern, numa eliminatória já perdida? A preparação e abordagem aos jogos foi mal feita. Quer dizer, P. Bento não sabia que poderia estar a perder contra o Bayern em casa? Um, dois golos e é o descalabro? A estratégia não contemplava essa hipótese e entregou a eliminatória de mão beijada aos Bávaros.

Repare-se na diferença de atitude do Sporting frente ao Benfica e frente ao Porto. É abissal! Que razões estão por trás dessa diferença? Porto e Benfica não lhes metem medo está mais que visto, mas porque razão alguém no futebol deve meter? Não é como se jogassem com uma arma apontada à cabeça. Alguém acredita que esta é a verdadeira equipa do Sporting? E se não é porque razão desceu a este nível? Ainda que isto possa acontecer a todos, aqui há um culpado que se chama Paulo Bento.

Repare-se, também, nas (poucas) grandes campanhas de equipas portuguesas na Europa. Será, imensamente, certo dizer que todas elas metiam o "cagómetro" no congelador e enfrentavam os adversários olhos nos olhos. Essa mentalidade tem que ser regra, pois que importa perder com o Manchester e Barcelona? será que alguem que os enfrenta não espera isso? então porquê o medo? porque se abdica de jogar normalmente e se deixa o medo apoderar da equipa?

Não temos dinheiro, somos pequeninos, mas temos duas pernas como os outros e há coisas que o dinheiro não compra. Não é com medo que se equilibram as coisas.

Tudo o que escrevi se aplica hoje também ao meu clube. Que se esqueça o jogo com o Leixões, que se esqueça o jogo da primeira mão. Hoje, não tem nada a ver, com nada anteriormente feito, mas os espanhois pensam de maneira diferente. Fizeram dois bons jogos (pelo menos os resultados assim o indicam eu não vi os jogos) e vêm com a moral em cima dizendo que se jogarem metade do que fizeram contra o Barça e Real ganham à vontade. Pois bem, que venham e que a nossa mentalidade seja acabar o serviço que lá deixamos (muito) incompleto. Quero um Porto que não se acanhe, guerreiro, corajoso, que sacuda as "estrelas" colchoneras, que queira e que saiba, muito mas muito, ganhar!

Não quero a atitude dos jogos contra o Benfica e Sporting, quero um Porto dominador, pressionante que saiba aquilo que pode controlar e o que não, que saiba distinguir os momentos do jogo e que acima de tudo, nunca, mas nunca, deixe de lutar. Nem que haja frangos, más decisões, nem que o vento nos marque um golo, mostrem que querem, muito! isso para mim chega!

Que regressem as noites de festa ao Dragão.

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