domingo, março 29

Quinas sem calibre

Já desde há muito que para onde Queiroz se desloca, como treinador principal, pairam as dúvidas. Dúvidas resultadistas.

Campeão de sub-20, por duas vezes, com mérito, o professor incute nas suas equipas uma intenção positiva e atacante mas que só deu resultados nesses dois campeonatos, nos quais a memória me trai pelo que não consigo arranjar explicação para essas maravilhosas vitórias. Apenas aposto, que as condições peculiares de um Mundial, a forma dos jogadores (normalmente uma selecção campeã tem sempre jogadores en racha) e a sorte terão alguma coisa a ver com isso.

Queiroz, chega de novo à selecção, depois de ter ajudado o Manchester a ser campeão da Europa. O seu trabalho de fundo, foi peça-chave nessa conquista, e diz a maior parte da crítica que é aí que ele é bom pois quando tem que liderar a orquestra sozinho não tem unhas para agarrar na batuta. O seu regresso está também ligado a uma necessidade de renovação da equipa e a uma crise de identidade bem portuguesa, a falta do golo.

Precisávamos de ganhar à Suécia, por tudo. Pelos 3 pontos, pela confiança que isso nos daria e para ganharmos uma equipa. Faltaram os golos... outra vez campeões do Mundo sem balizas. Quem nos manda só formarmos extremos? Basta serem rápidos e encostam-nos à linha... vocês sabem do que é que eu estou a falar.

O empate contra os nórdicos, naquelas condições, não tem muito que se lhe diga. Fomos "melhores", muito "melhores", mas a bola não entrou! Não tem que se bater no ceguinho... Simão atira centímetros ao lado, Deco também, Ronaldo falha por cima, mas em nenhum momento deixamos de querer ganhar. A imagem que melhor retrata esse facto é o louco sprint de Ronaldo já nos descontos, para ganhar uma falta perigosa. Questões tácticas e técnicas sempre haverá, erros também, como o facto de não termos um livre estudado (que pode muito bem decidir estes jogos) ou insistir, estupidamente, em cruzamentos sem nexo, sendo que, o único que poderia resultar é o cruzamento para trás, e esse só foi utilizado uma vez.

Assim, lá aparece Queiroz, à bela imagem portuguesa a sofrer nos descontos, já com a calculadora na mão. Triste sina a deste professor, que ficou a ver Scolari colher os frutos com a melhor equipa de sempre, e ele com uma (bem) mais fraca, joga à bola, mas não ganha!

Sei que digo muito mas não digo nada, nem eu sei sequer. A desilusão é muita pelo resultado e a dúvida é imensa. Por um lado, é possível passarmos, bastam aparecer as vitórias, e Eduardo passa a ter estofo, Pepe é um bom trinco, Ronaldo já rende, Duda é o melhor, mas por outro, a margem de erro é miníma e não há confiança para que o regresso do prof. à Africa do Sul seja uma realidade. Faltam referências. Bem sei que antes de o serem não o são, mas o melhor caminho para isso são as vitórias e elas com H. Almeida, ou com adaptações não têm surgido, mas eu ainda sou do tempo que com N. Gomes ou até Postiga elas surgiam. Liedson? se vier já vem tarde.

De qualquer maneira, são estes desafios que distinguem os bons dos maus. Se ainda conseguirmos chegar ao Mundial, concerteza que nesse estoico caminho ganharemos uma equipa, senão o conseguirmos também não vamos lá fazer nada.

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