quarta-feira, setembro 14

Mais um surto de 'trinquite'

Continua a senda das invenções. E se em Jorge Jesus ou em Domingos pouco me incomoda, em Vítor Pereira irrita-me em demasia. Pouco a pouco lá vão chegando, mas muito lentamente, dá ideia, às vezes, que vivem num Mundo à parte, num Mundo em que os tais jogadores que eles escolhem são compatíveis. A meu ver só na cabeça de Vítor Pereira, como na de Jesualdo e, ao início, na de Villas-Boas é que Belluschi não tem lugar no onze portista.

É grande a minha embirração com os treinadores do Porto por causa de um só jogador. Muito provavelmente o argentino Belluschi é o jogador que mais vezes mencionei no Sector e muito provavelmente também vai continuar a sê-lo, infelizmente por más razões: as ideias parvas (epá, já não há outro nome) dos treinadores portistas.

A 'trinquite' (doença que afecta o cérebro da maioria dos treinadores portugueses fazendo-os montar as suas equipas com quantos trincos tiverem no plantel) começou com Jesualdo e era tão grave que estava bem vísivel à vista de todos. Tão vísivel quanto a mudança de futebol do FC Porto quando Belluschi tinha a sorte de poder espalhar o seu perfume em campo. Depois foi o 'Group One' a gastar a pré-época com Micael ao lado de Moutinho. Os resultados, como se sabe, foram excelentes... para os adversários. Chega o jogo da Supertaça e o madeirense lesiona-se, obrigando André Villas-Boas a apostar em Belluschi. Os resultados são os que se conhecem.

A meio da época, mais coisa menos coisa, a veia goleadora de Guarín catapultou-o para o onze e desta vez, os males não se notaram porque o poder de fogo do colombiano dava em golo e isso deu-lhe moral para mostrar o seu talento atacante. A moral estava em alta e golos e assistências aliavam-se ao enorme desempenho defensivo de Guarín. A juntar a isto uma lesão de Belluschi fê-lo perder o comboio definitivamente. E na Estação a espera parece ser longa, porque o condutor sofre mais uma vez da doença que mencionei acima.

O condutor é Vítor Pereira, homem que fala grosso mas que se encolhe em campo. O homem quer posse, fala de posse, diz que tem posse e que essa posse resolve, mas para quem viu o jogo de ontem, até à expulsão de um dos centrais dos ucranianos, só pode achar que o homem é meio, senão todo, maluco. O Porto não jogou um caracol e muito por culpa da embirração, mais uma, do homem com Belluschi. Alguém viu o meio-campo do Porto na primeira-parte? Eu sinceramente não vi. O que vi foi um Shakhtar que até ao golo de Hulk - um golo fortuito que podia ou não acontecer - tinha o jogo perfeitamente controlado.

E isto porque o homem quer posse e embirra com a posse mas não deve saber para o que a posse serve, senão saberia porque razão não há assistências para golo, ou criação de oportunidades, vindas do meio-campo do Porto quando não joga Belluschi.

E para quem pensa que tudo isto é maluqueira por um só jogador, imaginem um Porto vencedor da Taça Uefa e da Champions com dois Maniches em campo. Ou então um Real Madrid campeão da Europa sem Zidane. E até um Benfica campeão sem Aimar? Conseguem visualizar? Eu não consigo, mas pelos vistos Vítor Pereira consegue imaginar dois Moutinhos e o Porto a fazer coisas interessantes na Europa. Que me cale, é o que desejo.

7 comentários:

To Ginja disse...

Concordo em parte... o Belluschi é o jogador mais "mágico" que existe no plantel do porto mas dizer que é indiscutivelmente titular, não me parece. Se há coisa que o FC Porto tem é um meio campo capaz de se adaptar a qualquer forma de jogo (tanto defensivamente como ofensivamente). Se há coisa que eu discordo em absoluto, é que o Defour e o Moutinho são identicos. Não são eles nem são os outros medios do FC Porto. Por isso, acho que o Porto tem essa capacidade de diversificar o seu jogo, mediante os medios que tem em campo. Sem dúvida que ontem, Defour e Moutinho asseguraram um pressing forte e, ao mesmo tempo, sabiam ocupar espaços na defesa, nomeadamente para tentar responder mais eficazmente ao Contra Ataque forte dos Ucranianos, sem perder ofensividade.

O Porto teve posse de bola e soube proteger-se eficazmente do Contra Ataque adversário (não evitando alguns sustos, logicamente,pk tambem o adversário não é um Vitória Setúbal)... Mas parece-me obvio, como foi referido: a posse de bola não ganha jogos, é preciso saber jogar com a "posse". E isso, o Porto está a voltar aos tempos do Jesualdo: As vedetas (quaresma, Anderson, Hulk, Lisandro, Lucho) que resolvam!!

Gonçalo disse...

Acho um bocado exagerada a tua análise ao jogo... só vi o Shakthtar melhor nos minutos iniciais, depois o FCP agarrou o jogo. E se o golo do Hulk é furtuito então o que é o golo deles? ou uma penalidade falhada? ´

Quanto a Belluschi 100% de acordo contigo. Parece que a orquestra fica logo afinada.

Gonçalo disse...

fortuito

Marco Morais disse...

Tó Ginja,

O Porto não tem que se adaptar a qualquer tipo de jogo, tem sim de jogar com os jogadores que mais garantias ofereçam para o melhor tipo de jogo.

Parece-me demasiado evidente que Belluschi tem de ser titularíssimo nesta equipa pois a diferença de produção do meio-campo é enorme.

Gonçalo,

Estive a rever o jogo antes de escrever o post e continuei com a mesma ideia. O Porto não produziu o suficiente para 'agarrar' o jogo como tu dizes que fez.

Tens razão quando dizes que o golo do Shakhtar também é fortuito mas a forma como os ucranianos atacaram não me pareceu importante. Pareceu-me importante foi a forma como o meio-campo do Porto não conseguiu desbloquear jogo e criar oportunidades de golo.

O Shakhtar, dada essa nossa inoperância, teve-nos controlados até ao golo (que é raro nos livres batidos por Hulk, daí o meu 'fortuito').

jamsilva disse...

Nao me parece correcto classificar o golo de hulk como fortuito (o que seria entao o do shaktar?).
nao ha mts jogadores com capacidade de meter uma bola daquelas. pelo que vi no resumo passados uns minutos meteu outro remate muito parecido mas desta vez o redes apanhou.

Compreendo o que dizes sobre o argentino. O perfume qd esta em campo é outro. Mas tb acho que o porto sempre se deu bem a jogar com um trinco, alias tanto PAssunçao como Fernando foram jogadores de destaque nas equipes de JF e VBoas.
Penso que o azar de Belluchi foi simplesmente o facto de o _Guarin estar em grandissima forma no ano passado. A certa altura os 10 minutos finais de guarin eram sempre melhores que os 80 de belluchi, inclusivamente o colombiano marcou 2 ou 3 golos consecutivos vindo sempre do banco. e depois aconteceu o pior possível ao argentino... a lesão.
Perante isto acho perfeitamente natural que a força e a potencia do Guarin se tivesse imposto ao perfume de Belluchi.

Mas no fundo no fundo vejo a questao como uma questao de abundancia. E ainda bem que temos dois jogadores com caracteristicas muito diferentes que podem fazer a mesma posiçao com resultados acima do normal.

Pedro disse...

Não percebes puto de futebol. Simples.
Podes rever 30 vezes o jogo,mas como tens essa cabeça consumida vais acreditar sempre no mesmo.

Muda de clube.

To Ginja disse...

O Bellushi, para mim, não é titularíssimo no Porto... concordo que o jogo do Porto fica muito mais bonito e esclarecido com ele em campo, mas não deixa de ser bonito ter o Defour a tomar conta do lugar dele e o Guarin tira aqueles pontapés da carteira e resolve um jogo, sem se dar por ele.

E ter o Bellushi a saír do banco, é uma mais valia muito grande tambem, quando ele entra e apanha já equipas desgastadas pelos minutos e, tambem, pelos cartões. Portanto, dependendo dos jogos e dos adversários, sou apologista de o deixar no banco.

Se jogamos com "posse", como diz o Vitor Pereira, temos de perceber:

A) Se essa posse é contra um Shaktar (muito forte no Contra Ataque), temos de ter um gajo no meio campo que consiga rapidamente recuperar tácticamente o seu posicionamento defensivo... e o DEFOUR adequa-se perfeitamente;

B) Contra um Benfica Benfica (que tambem gosta de ter posse mas que em nossa casa vai tentar o Contra Ataque tambem), admito que o Bellushi será de jogar de início, porque aqui tem de funcionar porque o Futebol do Benfica é a espaços Curtos, e o Bellushi não sendo um jogador tacticamente posicional, é voluntarioso para pressionar forte e atacar o portador da bola.

Contra um Feirense, e partindo do pressuposto que é para mandarmos no jogo, nem faz sentido jogar um Fernando ou um Sousa...

Contra um Barcelona ou um Manchester United, tem de jogar um Guarin porque há que caír na realidade e perceber que, contra essas equipas, quem vai mandar são elas, que tém ainda melhores jogadores que nós.

Obviamente que isto é uma opinião de um "leigo" no futebol... eu acho que todos os medios do Porto tém lugar no 11, e, à excepção do Moutinho, nenhum tem "lugar cativo".