quinta-feira, maio 31

Europeu 2004: Portugal.

Guardo fantásticas recordações deste Europeu. Grécias à parte, o país vestiu-se das cores nacionais e respirou-se futebol durante um mês inteiro, sem grandes polémicas e muito desportivismo.

Estive no Mundial da Alemanha em 2006 e, apesar de haver muita festa na rua, gente de todos os países, houve também violência e faltava ali algum romantismo. Coisa que houve de sobra no nosso Euro.

A carreira de Portugal foi fantástica e nesta altura, a exigência era já enorme, apesar de ser apenas o terceiro Europeu consecutivo da Selecção Nacional. Scolari uniu os portugueses e a equipa respondia em campo.

Contudo, começámos mal. A Grécia, essa besta, estragou a festa no jogo inaugural, vencendo-nos por 2-1 e complicando logo ali a nossa passagem aos quartos-de-final. De seguida veio uma vitória fácil sobre a Rússia, por 2-0 e o jogo decisivo contra a poderosa Espanha. Com alguma sorte, mas muito trabalho, o golo de Nuno Gomes bastou para continuarmos em prova. E que prova.

Frente à Inglaterra, um dos jogos mais fantásticos de sempre desta competição. O empate de Postiga, numa jogada fabricada por dois suplentes (Simão e Postiga), a poucos minutos do fim. Aquela cavalgada mosntruosa do Rui Costa, a bomba desferida à entrada da área, depois de deixar no chão dois ou três ingleses. A bola a bater na trave e a entrar sem pedir licença. O relato do saudoso Jorge Perestrelo, que ouvi vezes sem conta. Impossível um gajo não se emocionar, ainda hoje.

Lampard no último minuto empata, após um canto. Vai tudo para penáltis. Beckham manda para as nuvens e o estádio cai pela primeira vez. Simão e Ronaldo marcam. Rui Costa manda por cima, como é possível depois de ter feito o que fez? Deco e Maniche não vacilam. Postiga, parece contrariado e dá um toquezinho na bola. Impressionante a calma do rapaz. Muita classe tem este gajo. Ricardo tira as luvas! E defende, caralho! Defende sem luvas! Épico? Não. Ainda falta. Ricardo pega na bola e quer chutá-la com os pés. Perdeu a cabeça definitivamente, embalado pela defesa com as mãos nuas. O estádio está em silêncio, tal é o barulho. Foda-se, se o gajo marca, morro aqui.

A Holanda veio depois e já qualquer equipa nos parecia fraca e acessível. Ninguém punha em causa a vitória. Maniche marca o 2-0 num lance brilhante e o golo holandês foi sofrido apenas por compaixão.

Finalmente a final. Pela primeira vez na nossa história. Em casa. Acabou-se o sonho num instante. Embrulha a bandeira e guarda o cachecol. Ganhámos tudo e não ganhámos nada. A Grécia, como é possível? Foi. Deixou para trás a Espanha e a Rússia, a França (detentora do título) e a República Checa, que praticou o melhor futebol da competição.

Contudo, penso que todos os portugueses se orgulharam como nunca da nossa Selecção e da organização exemplar de toda a competição. Foi um mês em cheio.

9 comentários:

Riga/V-1-Boy disse...

eu quando vi o penalty do postiga, achei que o gajo era maluco fazer aquilo no 5º penalty com as coisas empatadas.

o ricardo nem era para ser ele a marcar o penalty, era para ser o nuno valente.

o golo do maniche na meia final só foi visto em directo por quem estava no estadio. é que a tv ja so mostrou a repetiçao( eles estavam a mostrar a repetiçao do lance que deu o canto, este foi marcado tao rapidamente, que apanhou o realizador distraido)

Peyroteo disse...

Foi fantástico. Ainda hoje me irrito quando vejo pessoal a dizer: "como é possível perder uma final em casa com a Grécia?" para desvalorizar o trabalho feito. Mas a verdade é que para chegar a uma final é preciso vencer vários adversários. Engraçado também termos perdido duas vezes com os gregos. Na primeira era porque Scolari tinha posto os jogadores errados. Mas a verdade é que, já com os jogadores considerados certos, voltamos a perder.

Riga/V-1-Boy disse...

peyroteo

a grecia na fase eliminar ganhou os 3 jogos exactamente da mesma forma.

mas a questão é que dizem há era uma equipa defensiva, mas era uma equipa defensiva que nem sequer permitia que as equipas advesarias rematassem á baliza ( o gr grego fez durante o campeonato todo um total de 7 defesas)

Antonio Silva disse...

Peço muita desculpa mas não consigo sentir orgulho duma selecção que falha EM CASA duas vezes seguidas com a Grécia.

Anónimo disse...

É o ganhar e perder, normal num jogo como o futebol. Perder bem, não envergonha e não põe em causa o esforço e dedicação de uma equipa. Há que dar os parabéns ao vencedor e querer fazer ainda melhor da próxima vez.

Como não sentir orgulho daquela equipa que nos fez sonhar como nunca? Existem mais coisas para além de ter perdido "duas vezes com a Grécia". Aliás, muito mais coisas.

Peyroteo disse...

António, não concordo nada. Parece que Portugal só fez dois jogos nesse Europeu. E o resto? As vitórias sobre Espanha, Inglaterra e Holanda não contam?
E a Grécia não venceu só Portugal. Eliminou vários adversários fortes. E provavelmente venceria qualquer outro na final.

Pedro Almeida disse...

Eu percebo o António, também não consigo sentir orgulho dos títulos internacionais do FCP depois de ter ficado provado por escutas telefónicas que eles compram árbitros e funcionam como uma associação criminosa.

LDP disse...

[drum solo]

Antonio Silva disse...

Ficou provado o quê? Ainda a mesma léria.