segunda-feira, setembro 3

Vencer sem convencer.

Exactamente cinco anos depois de se ter estreado com dois golos com a camisola do SLB, frente ao mesmo Nacional da Madeira, Cardozo voltou a bisar, deixando claro, pela enésima vez, a natural apetência que tem por golos. Aquele que era, até à vinda de Sálvio, o jogador mais caro de sempre da história do Clube, já pagou bem o investimento feito. Retomando uma conversa antiga, pouco resta a acrescentar, a menos que se continue a insistir no vazio. E compará-lo com Lima é apenas idiota.

Por falar em Lima, mais uma vez, "honrámos o compromisso" e entregámos mais dinheiro àquele clube cujos adeptos recebem os nossos jogadores com bolas de golfe e cujos jogadores revelam um nível de agressividade doentio, sempre que os defrontamos. E claro, até o bacano que desliga a luz da pedreira deve ter recebido os subsídios por inteiro, sem cortes.

Em relação ao jogo de ontem, pouco há a dizer de novo. Uma equipa sem crença, sem agressividade (o Nacional ganhava todas as segundas bolas), sem conseguir sequer criar perigo através de bolas paradas. Uma equipa sem futebol.

O colectivo do SLB não existe. Tudo o que resulta deve-se, exclusivamente, à qualidade (imensa) dos jogadores. Ontem, mais uma vez, foram poucos os lances de envolvimento. A equipa não tem intensidade, não tem constância e, claro, continua a revelar uma incapacidade gritante em controlar adversários.

Ontem, como quase sempre nos últimos dois anos, o futebol encarnado foi incapaz de envolver o adversário, deixando, frquentemente, que este atacasse, muitas vezes em igualdade numérica. Os calafrios foram bastantes e apenas por inépcia dos madeirenses não foram efectivos.

Javi ou não Javi
Penso que este é um falso problema. A saída de Javi era inevitável mas, mais do que a qualidade técnica e táctica do espanhol, fará falta a garra, a entrega e a paixão que entregava ao jogo. Sabemos que Javi era bastante irregular no passe e que, mesmo com ele, a equipa revelava uma acção desequilibrada, incapaz de controlar o meio-campo advesário. E esse problema mantém-se, independentemente de jogarmos com Javi ou com Matic. É um problema estrutural da equipa.

Jesus continua a revelar-se desastrado e a escolha de Witsel para o lugar de Javi é um autêntico gozo. Aliás, e correndo o risco de ser ofendido, preferia mil vezes que o City tivesse optado pelo belga. Apesar de ser, de facto, um belo jogador, continua a mostrar muito pouco. Witsel tem de ser mais preponderante no jogo do Benfica. Ontem, apesar de prejudicado na primeira parte pela escolha híbrida do híbrido treinador, e de ter subido de produção na segunda, pouco fez. Aliás, acho que numa época inteira, Witsel teve muito poucos momentos de grandeza - a menos que derivem a conversa para conceitos como "pêndulo", "joga sem se ver", "importantíssimo", etc.

Quem merece rasgados elogios é Sálvio. Tal como já referi, é uma enorme contratação. O argentino garante golos, assistências e muita garra. Nível altíssimo de eficácia, brilhantismo a desfazer-se de adversários e inteligência superior.

Enzo Perez tem sido uma surpresa agradável. O regresso fez-lhe bem e o futebol que pratica é de qualidade. Desmarca, passa e remata com eficácia. Não é um extremo, atenção.

Defensivamente a equipa esteve mal. Maxi tem falhas que todos conhecemos mas compensa com o facto de ser... Maxi. Melgarejo fez um bom jogo e para o campeonato chega. Também não é por ali que não se ganharão os jogos. Os centrais estiveram pouco concentrados e com falhas inadmissíveis.

Na frente, Rodrigo esteve pouco inspirado. Ao contrário de Cardozo, procurou pouco o jogo atrasado e é ele que o deve fazer, até para potenciar a sua capacidade de rasgar a defesa contrária.

Matic é um jogador que me agrada. Penso que até tem mais passe do que Javi. Mas se continuarmos a jogar em inferioridade numérica no maio-campo, Matic (ou outro qualquer) será apenas um excelente bode expiatório para a malta do assobio.

Não gostei de Nolito. Contudo, quando vi que estaria a caminho de Madrid, fiquei complemante passado. O espanhol está a ser vítima de um treinador francamente incapaz e, apesar do esforço que faz, pode perder preponderância no futebol da equipa.

Resumindo, foi um jogo que podia ter sido mais complicado, caso o Nacional fosse... um Braga, por exemplo. A equipa está manifestamente sem ideias e as coisas parecem não estar a evoluir. Claro que podemos sempre pensar que marcámos 10 golos em três jogos e que apenas sofremos dois. Mas não há como estar optimista, a menos que não se tenha visto os três jogos realizados até agora.

15 comentários:

Pedro disse...

Não concordo nada com a análise ao Witsel. Tem sido gigante no nosso meio campo. O problema é que Jesus teima em colocá-lo longe da zona de decisão e é por isso q sentes q ele aparece pouco.

Matic é bom e técnicamente dá 10 a zero a Javi. O problema é que o espanhol era fabuloso tacticamente e conhecia as rotinas da equipa como ninguém. Mas a questão é mesmo essa, seja Javi, Matic ou Witsel o problema defensivo do SLB não é individual mas sim colectivo. E é um problema q perdura e vai perdurar. Ontem, se sofressemos golo na primeira parte, com a tensão q existia nas bancadas, não sei o que seria...

Pulha Garcia disse...

Luís,

normalmente concordo com as tuas análises mas não desta vez. Acho excessivamente crítico o teu tom. É verdade que jogamos com baixa intensidade (na minha opinião, ainda estamos órfãos do Ramires e com isto resumo as nossas duas últimas temporadas, com mais uns roubos de azul pelo meio). Mas temos um bom plantel e um jogo colectivo muito razoável. Witsel é excelente, lamento que não o reconheças. Ontem esteve bastante bem e só não esteve melhor porque na posição 6 é difícil aparecer a alimentar o ataque.

A equipa está a aquecer, tem que melhorar vários aspectos (Maxi, fora de forma, Matic tem que estar mais certinho e chegar primeiro à bola, Aimar está fora de forma, Carlos Martins não correu (apenas caminhou), excesso de jogo directo da parte dos centrais, etc. Acho que não devíamos ter vendido o Javi mas a verdade é que somos uma das equipas mais fortes da Liga e temos legítimas aspirações ao título. Vamos acreditar e apoiar. Se jogarmos mais rápido e aproveitarmos bem todas as nossas soluções (Gaitán por exemplo ainda não fez minutos) temos muitas hipóteses.

Pedro Almeida disse...

Durante quase toda a primeira parte o Benfica conseguiu jogar em 2-1-7.
Chegou a ver-se o Benfica com 7 jogadores à frente da bola e depois quando a perde os centrais e o Witsel que se desenrasquem.
Os laterais jogam a extremos.
Os extremos jogam a extremos.
O Martins tentava apoiar os pontas de lança.
O Witsel andava perdido sozinho no meio do campo.
O Luisão e o Garay chutavam a bola lá para a frente.

Os pré-adolescentes devem adorar esta táctica, é o futebol total, tudo prá frente.

Vamos golear muitas equipas assim, tenho a certeza, agora ganhar campeonatos tenho a maior das dúvidas.
Nem é preciso um Hulk para fazer miséria daquela defesa em igualdade/superioridade númérica.

Peyroteo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Peyroteo disse...

O tempo o dirá mas acho o plantel do Benfica algo desequilibrado, com excesso de opções nas alas e no ataque e poucas alternativas no meio campo e na defesa. O lateral esquerdo é um extremo, o lateral direito não tem suplente. Os centrais suplentes estão a milhas dos titulares. No meio campo só Matic e Witsel é que podem fazer alguma coisa defensivamente e mesmo assim atacam melhor do que defendem.

J. disse...

Até agora, depois do jogo com o Braga levam 8-0 em 2 jogos.
Fica dificil criticar.
Logo se verá!!!

Pedro disse...

Peyroteo, o Maxi tem como alternatica o jovem Cancelo que actua na equipa B e a lateral esquerda está com Melgarejo e Luisinho. Na teoria os lugares estão preechidos. Se são boas opções, isso já é outra discussão. ☺

Anónimo disse...

J., tento não criticar por criticar. Olhando apenas para os resultados, está tudo óptimo. Mas, mesmo assim, repara: contra uma das três equipas mais ou menos do nível do SLB, empatámos. E não jogámos bem. Apenas repelões.

Contra o Setúbal, a jogar com mais um, tudo ficou mais fácil. Não só porque temos jogadores que são do melhor que o clube já teve, como do outro lado estava uma equipa fraca, muito fraca. E mais uma vez, o futebol praticado, no geral, foi fraco.

Ontem, depois de uma primeira parte miserável, em termos globais, melhorámos um pouco mas, a meu ver, fruto da qualidade individual. O adversário também é fraquito e tem apenas um ponto. Contudo, rematou muito e podia ter marcado um ou dois golos.

Posto isto, fica difícil estar optimista porque no único teste complicado, falhámos na exibição e no resultado.

Anónimo disse...

Pedro, Witsel é um excelente jogador, isso não se questiona. A proponderância é que é, a meu ver, escassa para tanta qualidade.

Sálvio, por exemplo, tem momentos de pura classe individual, assim como Cardozo, Nolito ou Perez, por exemplo. Penso que lhe falta ser mais efectivo nas acções que toma.

Pulha, "Mas temos um bom plantel e um jogo colectivo muito razoável." Temos um EXCELENTE plantel. Jogo colectivo é muito fraco.

Repara que ontem os centrais bombeavam bolas a torto e a direito. Sinónimo de falta de ligação entre os sectores.

Tirando os golos, houve muito poucas jogadas colectivas. Contra o Nacional.

Almeida, pois, concordo.

Peyroteo, qual é o excesso de alas? Enzo não é extremo, nem o César.

Temos os puros Ola, o Gaitán (que nem era) e mais ninguém. Ora, o holandês, nem calça. O argentino é extremamente irregular.

Depois temos Nolito, que não é um extremo como os anteriores, dá outras soluções bem distintas.

O César é para jogar a 10. Mas JJ nem sequer joga muito com o 10, como se tem visto. Aimar e Martins são inconstantes fisicamente.

Djaló já não mora cá.

Sálvio é um extremo de qualidade insuspeita.

As laterais: Melga é o lateral esquerdo, não será por aí. Emerson era mau tecnicamente, este puto sabe o que é uma bola e isso vai permitir-lhe evoluir naquele lugar. Além disso é rapidíssimo.

Substituto para Maxi? As alternativas que existem são reais e chegam.

Peyroteo disse...

Pedro, acho que o Luisinho só foi contratado para preencher uma quota mínima de portugueses. Tendo um lateral esquerdo de raíz e apostar num extremo/avançado para a posição quer dizer alguma coisa em relação ao nível de confiança que o Jesus tem no Luisinho.
Quantos aos B's, no caso do Benfica vai servir mais para dar minutos a jogadores da equipa principal do que apostar em jovens da formação.

Peyroteo disse...

Luís, entre alas puros e adaptados, podes ler o meu comentário como um excesso de soluções ofensivas comparando com as soluções defensiva. Parece-me um desequilíbrio evidente.

Pedro disse...

Peyroteo, como eu disse, isso é outra discussão.. ☺☺

Anónimo disse...

Temos três guarda-redes.

Temos três centrais (pelo menos).

Temos três laterais.

Na equipa principal, haverá outras soluções na equipa B.

JJ é um treinador ofensivo e é nesse patamar que se destaca a equipa.

Luisão e Garay vão jogar sempre (nem sequer se discute). Temos o Vitor para tapar buracos.

Nas laterais, temos dois defesas esquerdos e parece que a aposta em Melga é mesmo uma realidade.

Maxi não se lesiona, e mantém a forma. Joga sempre.

Se isto é o correcto? Se calhar não mas, para o teimoso que lá temos deve servir.

Peyroteo disse...

Para uma equipa que joga em várias competições, é capaz de ser pouco, isto partindo do princípio que não existirão lesões.

Anónimo disse...

Penso que até a abertura do mercado é tranquilo e aí pode fazer-se alguma alteração. Claro que se há lesões é tramado.

O problema nos centrais, por exemplo, é simples, nem Garay, nem Luisão podem ir para o banco. Para lesões temporárias está lá o Vitor (que aprecio). Fisicamente é uma posição menos exigente, por isso, penso que o cansaço não é problema.

Nas laterais, nos jogos em que Maxi poderá descansar, qualquer um serve (Taça da Liga, adversários menores na Taça). De resto, joga sempre.

Na esquerda temos dois.

Na equipa B temos substitutos para uma situação do estilo ficarmos sem Melga e Luisinho por lesão. Se são bons? Epá...