Ninguém terá ficado verdadeiramente surpreendido com a decisão de Luís Filipe Vieira, ontem anunciada, de recandidatar-se ao cargo de Presidente da Direcção do Sport Lisboa e Benfica. A sua estratégia "agarrem-me, senão eu fujo" não terá impressionado muita gente e acabou por acontecer o que se previa e já havia sido antecipado nos últimos dias. Até pode ter havido motivos pessoais a fazerem-no hesitar, mas acabou por seguir o rumo aguardado. E penso que fez bem.
Já aqui referi que Luís Filipe Vieira não é o meu modelo de dirigente, mas também já revelei que, há três anos, votei na lista por ele liderada. Até à data, não me arrependi. Apesar do estilo, por vezes incomodativo... Apesar da insistência em José Veiga... De um modo geral, a sua actuação tem sido positiva. E, desde já, adianto que me inclino para nele manter a minha confiança (apesar de José Veiga, reforço...). A menos que apareça alguém com um projecto arrebatador - o que duvido -, o actual presidente poderá contar com os meus 20 votos. E também, estou convencido, com os da esmagadora maioria dos benfiquistas que forem às urnas (ou utilizarem, inovação de louvar, os meios electrónicos colocados ao seu dispor).
Referi que a recandidatura é uma boa decisão. Eis as duas principais razões que me levam a pensar assim:
- a continuação de um trabalho no Benfica que, ainda que não agrade a todos, se sente estar a meio. Muito foi feito nos últimos anos: novo estádio; novos (dois) pavilhões; novas piscinas; finalmente, o centro de formação; investimento nas diversas modalidades; embora com algumas interrogações, fortalecimento da equipa de futebol (mesmo com Veiga...); aumento exponencial do número de sócios (e um crescimento que se afigura sustentado...); concretização de uma série de parcerias comerciais e fomento de novas iniciativas. Sente-se que ainda é o princípio de algo que se deseja mais grandioso e seria uma pena que uma das principais faces desta estratégia trilhasse outros caminhos, deixando o projecto órfão;
- a luta pela regeneração do futebol português. Tomando-se como sinceras as intenções tantas vezes apregoadas pelo presidente do Benfica (e a confirmá-lo aí está a entrega do tal dossiê aos órgãos competentes do futebol), teria de procurar levar a batalha até ao fim. E fazê-lo na companhia de quem também apareça como prejudicado pelo 'statu quo' vigente (ontem, foi bem claro ao colocar os dois grandes clubes de Lisboa no mesmo saco). É certo que não lhe fica bem gritar pela 'revolução' ao mesmo tempo que apoia um dos principais arguidos do processo 'Apito Dourado', mas terá agora tempo para provar que isso se deveu a equívocos que não se repetirão. Na entrevista de ontem à RTP, procurou explicar as razões do apoio à candidatura (e eleição) de Valentim Loureiro para Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga, mas fê-lo com argumentos pouco convincentes. Também não combina bem a regeneração com a presença a seu lado de alguém da estirpe de José Veiga. A quem, aliás, para decepção minha, reafirmou apoio e confiança. De qualquer forma, agora que a Comissão de Disciplina da Liga decidiu abrir um inquérito, não poderia virar costas.
PS - Helton foi convocado para representar a selecção do Brasil. Também com esta decisão de Dunga ninguém em Portugal terá ficado admirado.
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