Passámos as últimas semanas a falar do pior que o futebol português: caso Mateus, escutas telefónicas, jogos de influências, etc. Ou seja, falámos sobretudo de dirigentes. Com o regresso da nossa Liga no último fim-de-semana, seria tempo para voltarmos ao que verdadeiramente interessa: os jogos, as tácticas, os golos, as jogadas, o talento. Era tempo de substituir os dirigentes pelos treinadores e jogadores (também lá andam os árbitros, mas, enfim, não se pode ter tudo). Uma ocasião para ficarmos mais felizes. E alguns terão ficado. Mas, infelizmente, não os benfiquistas. A exibição da sua equipa foi tão fraca que só pode ter provocado ainda maior desânimo, reforçando a questão que, com maior ou menor assiduidade, cada um de nós se coloca: mas, afinal, por que dou eu tanta importância a isto?
Já tinha havido avisos, mas os "três" do Sporting e do AEK tinham sido a brincar. Agora os do Boavista já foram a doer. O sistema mudou, mas a dose manteve-se. A equipa não consegue fazer três ou quatro passes seguidos com qualidade, não pressiona o adversário, não tem mecanismos de funcionamento colectivo. Os jogadores pouco se mexem e a lentidão e a apatia não são compensadas com movimentos constantes da bola. Esta quando está nos pés dos benfiquistas também não parece ter vontade de rolar. E se a isto juntarmos uma série de erros individuais (o jogador que não pára bem a bola com o peito quando se isola; o 'central' que revela péssimo tempo de salto, etc.), temos uma imagem muito sombria. Quando se perde um jogo por 3-0 e um dos melhores jogadores é o guarda-redes pouco há a acrescentar. Terá sido apenas um acidente de percurso? Gostaria, mas não me parece. Espero enganar-me, mas não vislumbro perspectivas de melhoras. É certo que o trabalho do treinador tem sido prejudicado pela impossibilidade de reunir com frequência os seus jogadores mais valiosos (férias tardias, lesões, selecções,...), mas terá ele unhas para esta guitarra? Já modificou o esquema de jogo, mas os defeitos persistem. Simão vai voltar, mas não pode ser visto como o salvador da pátria. Nem Rui Costa (o que pode fazer quando é marcado em cima e à sua volta tem Manu, Katsouranis, Petit e Miguelito?!?).
Para além do desastre desportivo, num só jogo, o Benfica conseguiu ter dois 'capitães' expulsos. Se não pode aceitar-se a 'entrada' de Nuno Gomes quando já tinha visto um 'amarelo', a atitude de Petit só pode motivar a nossa repulsa. O que fez é inadmissível e indigno de quem veste aquela camisola. A frustração por uma pesada derrota não pode justificar semelhante comportamento. Apesar de não poder falar-se de tentativa de agressão, como referiu um imbecil jornalista de televisão, a Liga tem de castigá-lo de forma exemplar, sob pena de reinar um sentimento de impunidade. Mas as coisas não deveriam ficar por aqui: fosse eu dirigente do Benfica e Petit seria já varrido da lista dos capitães de equipa. Não esqueço a sua galhardia em campo, mas há episódios que não podem ser ignorados. Não é qualquer um que tem dimensão para capitanear uma equipa.
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