quinta-feira, outubro 8

Vota Queiroz

Assim meio que retraídos (para não dizer desconfiados e com medo) entramos na jornada dupla que vai definir as contas de acesso ao Mundial 2010. Portugal regressa a tempos antigos em que a calculadora era acessório indispensável nestas antevisões e, curiosamente, com um dos ícones desse malfadado objecto. Muitas unhas se vão roer, com muitos nervos à mistura que com muitos fados de Amália dariam banda sonora perfeita para as preces que irão ocupar, e muito, Nossa Senhora de Fátima neste próximo Sábado e Quarta-Feira seguinte.

Soa a maldição. Já há vídeos no youtube que teorizam que Portugal é alvo de mal-olhado. A bruxaria está na moda é certo mas que razões plausíveis haverá para nos encontrarmos a duas jornadas do fim do apuramento para o Mundial dependentes do que outras selecções, teoricamente mais fracas, possam fazer?

Chamemos-lhe "erro do azar". O momento decisivo nesta qualificação foi no jogo Portugal x Dinamarca. A selecção ia convencendo, jogando um futebol que Scolari nunca conseguiu e no café onde via o jogo (perfeito indicador do agrado ou desagrado pela selecção ou clube preferido de quem vocifera) já, vejam só, se teciam loas a Queiroz. Eu, confesso adepto anti-Scolari, estava agradado com a exibição, mas havia algo que me deixava confuso: a selecção ganhava por 1-0 mas continuava a atacar sem ter presente a perda de bola. Houve uma altura, em que Ronaldo queria marcar, Nani queria marcar, Deco queria marcar... enfim. Todos, porventura, contagiados pelo novo futebol que Queiroz nos havia trazido. Não houve um berro que equilibrasse a equipa, nem que a fizesse acordar para o erro que estava a cometer. Seguia partida por entre ataques desnecessários em vez de especular mais e resguardar as transições dinamarquesas.

O jogo acabou 2-3, e a confiança abalada. Ora a partir daí, foi um "ai" até que a pressão se adensasse por entre "jogadores novos", "renovações" e "regressos ao passado queirozianos". Toda a gente sabe que quando mais queremos a bola não entra e num calendário onde se tem uma semana em muito, muito, tempo para se trabalhar o quadro fica negro. Parece azar e que o brujo Pepe também terá colocado alfinetes no Jamor, mas não, tudo tem uma razão. E qual será esta? seria evitável para Queiroz este cenário? será que a sua faceta mais banana não contagiou e alastrou esta situação? sim ou não, intimamente ligado a ela(s) está.

Agora vai-se ouvir que resta a sorte ou o azar, mas o que resta é a força lusitana e a abstracção do que poderá ser ou não. Não importará o derby escandinavo por não se conseguir controlá-lo. O que imporará é certamente é ir com tudo para cima da Hungria, sentirmo-nos confiantes, únicos, incríveis, os melhores do mundo! toda a atitude que não for esta não interessará, nunca interessa!

Não interessam losangos ou 3 avançados, interessa intenção, convicção, método, confiança. Nunca a houve neste apuramento que a tenhamos este fim-de-semana. Estarão a pensar: bem, se não houve este tempo todo há-de mesmo ser agora. Meus caros, isto é como as eleições, passam-se anos sem ouvirmos nada de nada e de repente pinta-se em 15 dias o melhor retrato possível. E como? com "intenção", "convicção", "método" e "confiança". Que estas, ao menos, sejam verdadeiras e com resultados.

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