segunda-feira, setembro 30

Sem cilindros em V funcionará o GTI de Paulo?

A necessidade de uma resposta 'cabal' é, por estes dias, a necessidade de Paulo Fonseca no FC Porto. A horas de receber o Atlético Madrid os indicadores que vêm sendo dados pela equipa não são, de forma alguma, esclarecedores sobre as hipóteses azuis e brancas, numa fase-de-grupos em que os bons resultados em casa são uma enorme prioridade. Se o poderio colchonero e russo não bastasse já para colocar a Dragão de guarda, às más exibições fora de casa somou-se, nesta passada sexta-feira, uma segunda-parte horrível frente ao Vitória de Guimarães. Os alertas vão sendo dados e os opositores ao sistema de jogo instaurado por Paulo Fonseca vêm na pouca solidez do FC Porto 'fantasmas' que podem atirar os dragões para níveis bem mais humildes em relação à última época.

Já de há muitos anos para cá que o futebol portista se mede pelas competições europeias em que está inserido. Um mau campeonato é por norma significado de fraqueza na Europa e a um bom campeonato é exigido que a equipa se apresente com bom nível pelo Velho Continente a fora. Se nos reportarmos às duas épocas mais próximas, veremos que, com Vítor Pereira na equipa, uma primeira época de várias indefinições não deixou sequer a equipa passar da fase-de-grupos da Liga dos Campeões. A Liga Europa acabou, depois, por também não ser solução confirmando, com a goleada às 'duas-mãos' do Manchester City, a real instabilidade da equipa.Na segunda época do espinhense, as cabeças no lugar e uma equipa "à imagem" do herdeiro de AVB, fizeram com que o 'sonho' voltasse a estar presente. Para mais, faltou à equipa a solidez mostrada no Dragão, pois nos jogos fora (PSG e Málaga) o 'controle' apregoado por Vítor, pura e simplesmente, não apareceu.

E esses são indicadores fundamentais. Primeiro, o de que a equipa será, imediatamente, posta à prova na Champions. E segundo, o de que os jogos fora serão a principal base desse duro-teste.

E a julgar pelas exibições fora-de-portas, ao FC Porto falta-lhe o controle, falta-lhe 'asfixiar' o adversário para que os adeptos azuis se possam sentir 'em casa' nas deslocações da sua equipa. E o responsável? esse é claramente aquele a quem todos irão elogiar se a tendência se inverter, ou aquele a quem todos pedem agora satisfações pela quebra no rendimento geral de uma equipa que ambiciona, sempre, altos voos.

Assim duas legitimidades impõem-se mas também... chocam. A de que o técnico pode, e deve, testar o sistema que o fez subir a pulso no futebol português, e a de que os adeptos têm o direito de querer a equipa a 'atacar com mais um' e de 'defender com mais um' também. Confusos? Passo a explicar:

O triângulo invertido de Vítor Pereira levava a que Moutinho fosse mais um a chegar à área e levava também a que o internacional português fosse mais um, na hora da perda da bola, a pressionar e a não deixar sair o adversário. Isso levava a que a criação de oportunidades do adversário fosse reduzida a números 'nulos'. Lembram-se da recepção ao Málaga? Lembram-se da recepção ao Benfica e ao PSG? O Porto não criava por aí além, mas com o controle, em muito ajudado pelo triângulo invertido, criava sempre mais... que o adversário.

Com Fernando e Defour, com Lucho, sozinho e facilmente anulável, a organização ofensiva reflecte-se na falta de um elemento na chegada à área e na falta de um elemento no momento da perda da bola, tornando assim o 'duplo-pivot' no 'lugar do morto' no fraco GTI que tem sido este FC Porto. Jogue quem lá jogar (esta sexta-feira foi Lucho) ele imediatamente desaparece nas imediações de um Fernando que sempre foi inútil na construção de jogo azul e branca.

O cenário é assim difícil para Paulo Fonseca que, como dissemos acima, tem a tal legitimidade para querer fazer valer o seu sistema. A atenuante é que essa 'experiência' tem tempo limitado. Nenhum sistema se perpetua pelo infinito e, mais, nenhum sobreviverá à falta de resultados. E se bem que esses têm sido até óptimos, ninguém em boa vontade esperará que tanta má exibição não seja castigada com perdas de pontos. E é aqui, como explicámos, que a Champions League entra. Este Atlético não é aquele que Jesualdo trucidou em 2009 e é até mais forte onde este FC Porto é mais fraco.

Tem a palavra Paulo Fonseca. E se o técnico esconde alguma na 'manga', o jogo da terça-feira será o ideal para a mostrar. Sob pena de ser julgado como um.. bluff.

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12 comentários:

Peyroteo disse...

Duvido muito deste Porto. Ainda não apanhou um adversário realmente complicado e mesmo nos jogos que fez até agora, raramente foi convincente.
Vai ser um jogo interessante para saber o que pode fazer este Porto.

Hugo disse...

Vai ser uma espécie de tira-teimas para ver o que vale este Porto.
Não me recordo de ver um Atlético tão forte, nem mesmo aquele que conquistou uma dobradinha com o Pantic,Kiko e companhia

LMGM disse...

Gostei da tua analogia automóvel porque desde que o Paulo Fonseca tomou conta da tua equipa que uma imagem parecida não me sai da cabeça. A de um gajo com boa pinta a quem confiaram um Ferrari e que resolve ir com esse carro sacar piões como fazia com o seu Clio GTI.

Também não me sai da cabeça um tal de Paulo Sérgio que um dia me caiu no regaço, não é que eles sejam maus, mas correm nos campeonatos de turismo...

Anónimo disse...

Paulo Fonseca parece-me uma má fotocópia do Vitor Pereira. Digo isto porque este, pelo menos, parecia verdadeiro.

O discurso de PF parece-me sempre demasiado ensaiado e, mesmo assim, já são gaffes atrás de gaffes.

A equipa não joga um charuto, isso é evidente. Mas CL é CL. O FCP tem uma história que não deixa antever... facilidades para os espanhóis.

Mas este receio que anda no ar, entre postistas, é também sitomático: falta confiança, porque tem faltado futebol minimamente convincente.

Peyroteo disse...

Cá em Portugal, quando falta o futebol ao Porto, safam-se de outro maneira. Lá fora é mais complicado! :)

Francis disse...

Peyroteo, já ontem há uma frase muito reveladora do PF na conferencia de imprensa, «Não tem sido difícil dar resposta às exigências do calendário» . Eu, se fosse FCPê, não estaria nada descansado com este jogo.

Francis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Francis disse...

Pela minha parte enfio a viola no saco depois desta 1ª parte alucinante. Ganda jogatana de bola. FCPorto merece estar na frente.

Marco Morais disse...

E pela segunda?

Para não lembrar que na primeira o Porto durou... 15 minutos.

Hugo disse...

Nem sei o que dizer. Só lamento ter ficado acordado para ver isto

Francis disse...

O Porto devia ser "italiano" na 2ª parte. E o Helton lá deu o peru da ordem na LC. Pronto.

Marco Morais disse...

Italiano não digo. Dava era jeito segurar a bola e não deixar o jogo partir. Atlético Madrid foi mais forte, isto é uma lição de humildade e, claro, é futebol. Amanhã cá estamos =)