A campanha que o jornal O Jogo tem feito a favor de FSF chega a ser comovente. Veja-se este isentíssimo artigo de opinião:
Finalmente!
JOÃO SANCHES
Hoje é, enfim, dia de eleições no Sporting. O futuro do clube passará, nos próximos três anos, pela mãos e pela cabeça de um dos seguintes três candidatos à presidência:
1. Filipe Soares Franco: por ter dito que não se candidatava à presidência do Sporting se o seu projecto – de alienação de património não afecto ao uso desportivo – não fosse aprovado por maioria qualificada em assembleia geral (AG), ficou refém, durante algum tempo, da sua própria palavra. Isto apesar de o resultado da votação – faltaram cerca de dois pontos percentuais para os indispensáveis dois terços – desde logo ter prenunciado uma inevitável inflexão no discurso. Resistiu até perceber que, por um lado, faltava vontade a Miguel Ribeiro Telles para ser presidente do clube e, mais ainda, que este, por se rever no dito projecto, só admitiria regressar a Alvalade como ajudante de execução; por outro lado, concluiu que não poderia ser insensível aos diversos movimentos de pressão em torno da sua pessoa – entre os quais uma petição subscrita por cem sportinguistas dos mais diversos quadrantes da sociedade – e aceitou concretizar a candidatura que já tinha preparada ainda antes da AG. Expôs-se e foi desconsiderado pelos seus principais críticos e adversários, mas a coragem que o levou a engrenar a marcha-atrás no discurso, pondo os interesses do clube em primeiro plano, pesou esmagadoramente mais do que o resto. Um dos seus inquestionáveis méritos, antes e durante a campanha eleitoral, foi o de apresentar, explicar e detalhar, de forma objectiva e sustentada, o projecto desportivo que tem para o Sporting – e que hoje será escrutinado.
2. Sérgio Abrantes Mendes: conquistou apoios importantes entre velhas glórias do Sporting, sendo Manuel Fernandes, inequivocamente, a principal referência de sportinguismo da candidatura. Lançou diversas ideias passadistas e utópicas, antes de compreender como era importante concentrar-se no futebol, domínio em que "aproveitou" algumas das ideias de Filipe Soares Franco para impulsionar o futebol. Opôs-se – e opõe-se – ao cenário de venda de património não desportivo, mas foi incapaz de explicitar vias efectivas – e não dependentes de situações eventuais – para o clube corresponder às obrigações que firmou com os parceiros bancários e, simultaneamente, obviar aos problemas financeiros do Sporting. Viu fantasmas onde eles não existiam e, em várias das distorções que fermentou, foi, sobretudo, vítima das suas palavras. Na ponta final da campanha, elevou a rudeza de linguagem, lançando uma série de insinuações com base... sabe-se lá em quê.
3. Guilherme de Sousa Lemos: o candidato desconhecido, como o próprio se intitula. Revê-se nos princípios de gestão de Filipe Soares Franco, mas diverge na ideia de vender património imobiliário. Teve dois grandes méritos: com muito esforço, conseguiu cumprir as formalidades indispensáveis para concretizar a candidatura e entrar na história eleitoral de um clube centenário como o Sporting; tão ou mais importante do que isto, apresentou uma lista de empresas que se predispunham a participar no financiamento de algumas das modalidades ditas amadoras, fazendo, por exemplo, aquilo que Abrantes Mendes não fez, não obstante o ruído que este criou em torno do eclectismo.
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