Não sou um particular adepto de trocas de treinadores. Entendo que, em regra, as "chicotadas psicológicas" não resultam, mas admito a existência de excepções. Aliás, nos últimos anos, houve dois treinadores a quem nada mais restava do que a porta de saída: Manuel José, em 1997, que deveria ter tido a dignidade de se demitir depois de uma vergonhosa actuação em Vila do Conde e esperou para ser corrido e ter direito a uma vultosa indemnização; Jesualdo Ferreira, que, em 2002, deveria ter saído logo depois de um lamentável Benfica-Académica, evitando-se uma posterior derrota na Póvoa de Varzim e a humilhante eliminação na Taça de Portugal frente ao Gondomar. Vem toda esta conversa a propósito da situação de Koeman. Ao contrário do Luís, não anseio pela sua saída. Não vou aqui analisar o seu trabalho ao longo da época - deixá-lo-ei para outro 'post', depois de a época terminar -, mas apenas deixar duas ou três notas relativas à sua permanência ou saída.
Em primeiro lugar, haveria a vantagem de termos um treinador que já conhece o futebol português e que, tendo 'dois dedos de testa', saberia o que fazer para evitar uma época nas competições nacionais como a presente. Mas existe um enorme inconveniente: embora entenda que não devem ser os adeptos a decidir o futuro dos treinadores - se assim fosse, todos seriam despedidos mal aparecessem os primeiros desaires -, parece-me que Koeman já não tem margem de manobra. Consegue acabar a época praticamente sem ter tido de confrontar-se com os já famosos 'lenços brancos' (já Adriaanse, apesar de preparar-se para fazer a 'dobradinha', não pode vangloriar-se do mesmo), mas tal deve-se essencialmente aos sucessos europeus. Tivesse o remate de Beto, frente ao Manchester United, saído ao lado da baliza e, partindo do pressuposto de que os resultados na Liga não seriam diferentes, a esta hora benfiquista algum conseguiria vê-lo à frente. Daí que pense que manter o holandês será uma manobra arriscada, sobretudo a confirmar-se esta possibilidade de ingressar do PSV Eindhoven, a qual representaria uma saída airosa para toda a gente (e se o campeão holandês se dispusesse a indemnizar o Benfica, melhor ainda!).
Caso se mantenha na Luz, Koeman será uma espécie de José Peseiro de 2006/2007: os adeptos tolerá-lo-ão até ao primeiro desaire. Bastará uma substituição impopular num jogo com o V. Setúbal ou um desaire em casa diante da Académica para até se verem lençóis brancos. E isso penso que nenhum benfiquista quer. Aliás, no nosso clube houve casos recentes de treinadores que já iniciaram a época como mal-amados face às épocas precedentes: Artur Jorge, em 1995/96; Manuel José, em 1997/98; o próprio Jupp Heynckes, em 2000/2001. O resultado foi o mesmo em todos os casos: meia-dúzia de jornadas bastou para que fossem substituídos e em nenhuma dessas épocas o Benfica foi campeão. Não serão exemplos suficientes para se saber o que deve ser feito?
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