segunda-feira, maio 15

Os 23

Tenho evitado escrever sobre este tema, mesmo quando há muito sabia correcta a lista publicada pelo jornal "Record".

Faço, em primeiro lugar, um ponto prévio: tenciono apoiar a Selecção Nacional e deposito nela todas as esperanças legítimas de um português: que ganhem, por todos nós.

Dito isto, não posso concordar com aqueles que vêem no silêncio o remédio para todos os males, na crítica a obra de papagaios e profetas da desgraça.

Não me digam, tão pouco, que todos teremos de esperar até ao final das competições para avaliar, seja de que forma for, o desempenho de quem conduziu e geriu o projecto. Pelo contrário, a crítica responsável é legítima, serve justiça a quem sai prejudicado e mostra um espírito alerta a quem se crê impune.

Li, nos comentários resultantes de um post anterior, um argumento fortíssimo que ajuda a justificar as opções do seleccionador - o próprio recorreu, há minutos, ao mesmo preceito: dizem esses amáveis visitantes que não podemos esquecer a existência de um importantíssimo europeu Sub-21, a realizar no nosso país.

Pois... Só lamento que Scolari prive essa selecção de Cristiano Ronaldo... Mais, Ricardo Carvalho, Deco, Simão e Figo deveriam ser poupados, excluídos dessa competição menor que vai ter lugar na Alemanha, de forma a que pudessem participar na formação técnica dos pupilos de Agostinho Oliveira...

Onde vão estar Rooney, Walcott, Mertesacker, Odonkor, Podolski ou De Rossi - entre tantos outros? Na Alemanha, claro... Já Quaresma e João Moutinho, o melhor que têm a fazer é ir para Melgaço...

Não brinquem comigo: em ano de Mundial, não há competição Sub-21, 31, 13 ou 99 que interesse. Em 2006, o futebol internacional começa e acaba na Alemanha, ponto final.

Aqui fica também um breve registo sobre as escolhas, matéria que, confesso, me provoca alguma irritação.

A chamada de Ricardo Costa é, à partida, absurda, mas transforma-se num atentado à inteligência depois de justificada por Scolari. Apesar de lento, conflituoso, desprovido de sentido de posicionamento e especialmente talhado para erros decisivos, o rapaz foi, segundo o seleccionador, muitas vezes internacional, além de capitão das selecções olímpica e de Sub-21.

Estou certo que, para dizer uma coisa destas, Luiz Felipe Scolari não pode ter visto um único encontro da referida selecção olímpica, nem lido nenhum relatório sobre o que se passou em Atenas ou, antes ainda, no processo de escolha de José Romão. A participação de Ricardo Costa naquele desastre mereceu honras de "starring role", dentro e fora do campo.

Como recompensa.. venha o Mundial.

Mesmo se, por uma questão de princípio e filosofia, sustento a posição de Scolari quanto à construção de um grupo, independentemente da forma pontual deste ou daquele jogador, parece-me difícil de aceitar a presença de nomes como os de Costinha ou Nuno Valente. Estará qualquer deles em condições de participar em sete encontros no espaço de um mês?

Provavelmente, não...

Há, contudo, um factor mais importante. Se a construção desse grupo é um passo importante para alcançar resultados, torna-se essencial que seja composto pelos melhores elementos ou, pelo menos, com os que possuem as características adequadas aos processos comuns. Ou seja, é difícil de compreender as presenças de Hugo Viana e Boa Morte.

Scolari entendeu prescindir de Quaresma para apostar no avançado do Fulham. Este é um dado incontornável, que prejudica as hipóteses da formação lusa. Boa Morte só acrescenta alguma coisa à equipa se esta actuar em contra-ataque, pois apenas no aproveitamento de espaços largos, nas costas da defesa, se torna útil. A manifesta incapacidade para combinar em espaços curtos ou entender o futebol apoiado deveriam torná-lo incompatível com as Quinas mas, em vez disso, já tem bilhete para solo germânico.

A minha discordância vai, como alguns de vocês saberão, bem mais longe, mas prefiro cingir-me às opções que, manifestamente, arriscam epíteto de má gestão e incompetência.

Restam-nos, por outro lado, os principais aliados de Scolari, que tantos e tão bons resultados lhe trouxeram no passado: a Madonna de Caravaggio, a macumba, Gilmar Veloz e a Nike. Não... Esperem... Estes dois últimos - pelo menos - vão estar pelo Brasil...

Embora me pareça pouco provável que Deus se meta nestas coisas, o melhor que os portugueses têm a fazer é rezar...

Até já, que vou começar por uma Avé Maria...


JEAN-PAUL LARES

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