segunda-feira, maio 22

Santos da casa...

Já que o Luís não consegue, permitam-me que alinhave umas quantas ideias sobre a contratação de Fernando Santos pelo Benfica. Desde logo, não entusiasma, não empolga, gera reacções que vão do encolher de ombros, ao prudente "veremos", passando por alguma indignação contida e por uma esperança que sempre existe quando aparece alguém novo. Tem a seu favor o facto de ser português - apesar de dois anos fora, sabe como as coisas funcionam e tem maior conhecimento dos adversários do que um estrangeiro -, mas simultaneamente não resumir a sua experiência ao nosso futebol, ser trabalhador, sério, ambicioso e, já agora, benfiquista. Mas se este último fosse o critério decisivo, até eu poderia ter sido convidado. Tem contra si o facto de ser português - em regra, as adeptos são mais impiedosos e menos pacientes com os treinadores nacionais -, de surgir depois de serem avançados nomes de treinadores de topo (ao aliciarem-nos com Eriksson, Santos sabe a pouco, ainda que, sabe-se lá, possa ser melhor solução) e de haver algumas dúvidas quanto à sua capacidade de levar o Benfica a ser campeão.
Chega ao Benfica depois de um trabalho no AEK que aparenta ser notável. Pegou há dois anos numa equipa à beira da falência, de onde os jogadores fugiam e que parecia destinada a descer de divisão, deixando-a na Liga dos Campeões, à frente do todo-poderoso Panathinaikos e só batido pelo crónico campeão Olympiakos. Em Portugal, quem pode ter uma opinião mais fundada são os portistas e os sportinguistas. No FC Porto, conseguiu ser campeão, mas também foi o único treinador que em Portugal, contando com o Jardel no seu 'plantel', perdeu o campeonato (o Jardel do 2.º ano no Sporting já não contava...). No Sporting, teve a equipa a praticar bom futebol durante bastante tempo, foi quem mais luta deu ao FC Porto no segundo ano do Mourinho, mas as últimas imagens é que ficam e ninguém lhe perdoa ter perdido o 2.º lugar para o Benfica quando, a quatro jornadas do fim, tinha seis pontos de avanço. Daí que haja quem se manifeste com gargalhadas ao conhecer o nome do novo treinador do meu clube. Mas isso, confesso, não me incomoda. Até podem servir para disfarçar algum incómodo. Até porque há adeptos 'leoninos' que entendem que o seu trabalho no Sporting foi positivo (Miguel 'dixit').
Em suma, tirando um cunhado meu, que está nas suas 'sete quintas', depois de anos a insistir que esta era a solução ideal para o Benfica, não conheço outro benfiquista particularmente entusiasmado. Eu conto com trabalho e empenho - disso não duvido -, mas também preciso de competência e... resultados.

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