quinta-feira, março 9

SLB, ou mais uma noite cheia de glória.

Foi uma noite fantástica e memorável. Uma vitória incontestável. Dois golos simplesmente fantásticos. Anfield Road "recolheu aos balneários" a cantar "Benfica" e, julgo, mesmo os nossos adversários se "vergaram" perante o sucesso "encarnado".

O jogo foi bom, emotivo. O Liverpool começou melhor, fazendo o que lhe competia. Um erro de Nuno Gomes quase "empurrava" os "Reds" para o primeiro golo mas Anderson evitou que a bola rematada por um adversário encontrasse outra direcção que não a do poste. O SLB fazia o que tinha que fazer. Defender, aguentar a pressão, jogar com a equipa curta, mas subida.
O verdadeiro sufoco nunca se fez sentir, apesar da oportunidade de Crouch, a única verdadeiramente clara.

A partir dos 25', o jogo começou a ficar mais equilibrado, muito por culpa da solidez defensiva dos "encarnados" que, agora, lançava perigosos contra-ataques. Geovanni esteve muito activo e tentou sempre roubar bolas aos defensores do Liverpool. Simão imitou o brasileiro neste capítulo e isolou-o para o golo, mas o lance foi, erradamente, anulado pelo fiscal de linha. Era o sinal.

SLB ameaça e marca.
Pouco depois, Geovanni recebe a bola de Nuno Gomes e remata à barra. A baliza tremeu e Simão, na recarga, quase marcava. Mais uns minutos e chegou o golo. Simão, "à la Simão", mandou uma verdadeira "bomba". A ironia quase poética deste golo traçou o destino do jogo.

Na segunda parte,
o Liverpool voltou empenhado mas a pressão só durou pouco mais do que 10 minutos. Os "encarnados" controlavam o jogo, desenhando alguns lances perigosos, em contra-ataque. Nuno Gomes ainda se isolou mas o fiscal de linha lá levantou a bandeira. Mal.

Nos últimos 15 minutos só deu SLB. Nuno Gomes falhou o passe que isolava Léo mas, pouco tempo depois, Beto remata, desmarcado por Simão, e a bola encontra Miccoli que, brilhantemente, faz o segundo. Mi-Mi-Miccoli.

Foi mais uma página gloriosa, num estádio mítico, com um ambiente único.

SLB, um a um:
Moretto - Falhou dois cruzamentos, que me lembre. E a sua actuação só não foi brilhante por isso.
Léo - Impressionante. Garra, qualidade de passe, antecipação, velocidade, defensivamente perfeito e, subidas que desequilibraram. Isto tudo com 1,60m.(?).
Luisão - Os primeiros vinte minutos mostraram-nos um Luisão algo inseguro. Mas, a partir daí, arrancou para (mais) uma exibição de classe. Cortou dezenas de bola.
Anderson - Durante 90'+3 não falhou uma única vez. E ainda fez alguns cortes fantásticos, especialmente durante os primeiros 25' de jogo. Esteve francamente bem.
Alcides - O mais fraco do sector defensivo. O Liverpool não atacou muito pela esquerda e Alcides teve tempo e oportunidade para descontrair. Jogou bem, é certo, mas houve situações de perdas de bola pouco compreensíveis.
Beto - O melhor jogo do brasileiro. Simples, prático, eficaz. Perdeu algumas bolas mas, para quem tinha pela frente as "estrelas" do Liverpool, fez o seu papel com acerto. Ainda teve tempo (e pulmão) para subir e rematar. É dele a assistência para o segundo golo do SLB.
Manuel Fernandes - Gostei bastante. Deu muita luta no meio campo, nunca desistiu dos lances e perdeu, parece, definitivamente, a displicência na altura de passar a bola aos colegas.
Robert - Teve alguns bons passes. É claramente um jogador de poucas corridas mas, em certas alturas do jogo, foi precisamente essa a sua melhor arma.
Simão - Excelente. Na luta defensiva, na procura constante de espaços na frente. O golo é uma obra de arte, só ao alcance de alguns. Combinou bem com Robert, Geovanni, Léo e Gomes. Estará de volta o nosso melhor jogador?
Geovanni - Enfim, há situações que não se compreendem. Geovanni tem que jogar a ponta de lança. Pressiona bem os defesas, qualquer bola ganha se transforma num drible em direcção à baliza adversária. O lance em que remata à barra revela uma qualidade inata num ponta de lança: repentismo no remate. Esteve fantástico e terá sido, na minha opinião, o melhor dos "encarnados".
Nuno Gomes - Não foi muito feliz em Anfield Road. Se estivesse nos seus dias teria marcado ou dado a marcar. Viu um "amarelo" injusto e esteve sempre esforçado.
Karagounis - O grego parece mesmo talhado para entrar a meio dos jogos e não de início. Só assim pode fazer diferença a sua força e capacidade de segurar a bola. A experiência que tem é muito importante: mal tocou na bola, levou-a para a linha final, para ganhar um canto. O futebol do SLB ficou mais ""trabalhado" e trouxe o toque de calma que a equipa precisava.
Ricardo Rocha - Entrou, cumpriu na esquerda um papel que conhece bem. Ajudou a defender o chuveirinho inglês.
Miccoli - Deu outra velocidade ao ataque e acabou com o jogo, com um grande golo. Entrou bem e parece totalmente recuperado.

Koeman afinal não colocou três trincos. Arriscou e fez bem. Não quis apenas defender e deu à equipa a estrutura ideal para poder ter a ilusão de marcar golos. Na Europa, o holandês tem dado cartas.

As últimas três vitórias do SLB, na Liga dos Campeões, só podem encher de alegria e orgulho os adeptos "encarnados". Dois "gigantes" que foram derrubados, um deles o actual campeão europeu.

Na sexta feira não tenho preferências para o sorteio. Não acreditava que chegássemos tão longe e, por isso, não quero meter-me com o que aí vem.

Os "heróis" desta caminhada:

BENFICA - Moretto; Alcides, Luisão, Anderson e Léo; Beto e Manuel Fernandes; Robert, Nuno Gomes e SImão; Geovanni.
Suplentes: Quim, Nélson, Ricardo Rocha, Karagounis, Karyaka, Miccoli e Marcel
Treinador: Ronald Koeman

Adenda: Petit merecia ter vivido por "dentro", esta vitória.

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