As manchetes dos desportivos de hoje não são nada agradáveis para o meu clube, mas acabam por não me espantar, uma vez que espelham a extrema inabilidade até hoje revelada por Ronald Koeman para gerir o chamado 'capital humano' que tem ao seu dispor. E prefiro tocar na ferida agora que estamos na mó de cima, para não cheirar a desculpa esfarrapada por maus resultados. Uma das mais importantes tarefas de um treinador é a gestão dos recursos humanos à sua disposição, de modo a conseguir ter todos os jogadores (ou a esmagadora maioria) motivados. Há quem seja particularmente competente nesse aspecto (Mourinho ou, até, Scolari, quanto aos jogadores que convoca), mas também há quem não demonstre grande jeito para essa tarefa. E os dois treinadores holandeses que temos no nosso futebol, Adriaanse e Koeman, são disso exemplo. Há uns tempos, admiti que o treinador do FC Porto pudesse vir a ter grandes problemas pela estratégia de encostar alguns jogadores: Quaresma e Diego no banco; Postiga na equipa B; Jorge Costa na bancada, entre outros. Afinal, isso não se concretizou, pois Adriaanse arrepiou caminho em relação a alguns (Quaresma e Diego) e livrou-se de outros (Jorge Costa e Hélder Postiga). As vitórias e a liderança do campeonato fizeram o resto. Como é evidente, é mais fácil fazer ondas quando os resultados não são bons.
Mas voltemos ao Benfica, que é o que aqui interessa. Desde o início da época, têm sido vários os exemplos da má estratégia de Koeman. A certa altura, afirmou que o Benfica contava com três grandes defesas-centrais, como quem diz "Alcides, tem paciência, mas aqui não tens hipóteses". Com meia-dúzia de treinos, Miccoli remeteu, no jogo de Alvalade, Nuno Gomes para o banco de suplentes. No mesmo jogo, Karagounis foi titular depois de fazer apenas um treino (!) com os colegas. Também Quim não deveria andar muito satisfeito, depois de ouvir o treinador dizer que era suplente por Moreira ser mais novo, factor que nunca poderia alterar. Nuno Assis e Dos Santos sabiam que não eram muitas as hipóteses de jogar.
Na fase das lesões, as coisas pareceram melhorar. Koeman teve de chamar alguns dos "proscritos", os quais até deram boa conta do recado: Nuno Assis foi titular em alguns jogos com desempenho positivo; Alcides sentiu-se útil, ainda que como defesa-direito, e o próprio Dos Santos foi sempre convocado e até chegou a ser utilizado (em Setúbal, depois da lesão de Ricardo Rocha, toda a gente - ou quase - terá percebido que a equipa melhorou com a sua entrada). Porém, com o novo ano, tudo piorou. A forma de Koeman retribuir o sacrifício de Quim, por ter jogado em deficientes condições físicas, foi sentá-lo no banco assim que Moretto chegou; dois dos outros reforços (Manduca e Robert) foram logo convocados, deixando de fora Nuno Assis e Karyaka, e utilizados, deixando no banco Mantorras e Karagounis; Dos Santos ficou a perceber que, na melhor das hipóteses, é a quarta opção para lateral-esquerdo, depois de Léo, Ricardo Rocha e Nélson; Karagounis, depois de uma boa segunda parte em Setúbal, voltou para o 'banco' (esta pode aceitar-se porque foi para permitir a entrada de Simão, mas poderia ter entrado na segunda parte, como forma de lhe dizer "Está descansado que conto contigo!"). Perante todos estes incentivos, Koeman apenas diz que os suplentes têm de trabalhar para inverter a situação. Não admira, pois, que Quim queira sair e Karyaka manifeste o seu descontentamento. E não serão os únicos a não estar satisfeitos...
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