terça-feira, janeiro 31

Eleições Sporting I - Património


Sem que muita gente se tenha apercebido e, para isso a brilhante vitória na Luz ajudou e muito, em Alvalade já se vive ambiente de eleições. Dias Ferreira e Filipe Soares Franco perfilam-se como os mais fortes candidatos a ocupar a presidência do Sporting. Ambos partilham convicções opostas sobre os mesmos temas, ambos têm deixado divididos os adeptos sportinguistas.
Paralelamente a isso, há tempos tivemos a oportunidade de ter uma discussão via e-mail sobre diferentes temas e a qual publicaremos aqui no blog.
Começaremos pelas questões levantadas pela venda do património. Vender, não vender ou vender apenas o necessário. Dois pontos de vista aqui....
Dizer que devemos livrar-nos de todo o património não afecto às finalidades do Sporting é redutor. As finalidades são meramente desportivas, mas em torno delas existem áreas de negócio específicas do Clube e que não devem ser alienadas.A FanLab, por exemplo, não é um equipamento desportivo, e todavia serão poucos ou nenhuns os que defendem que seja vendida. E porquê? Justamente porque opera numa área de negócio - a exploração da marca Sporting que é própria do Clube e tem um lugar na sua esfera de actividades.A minha posição sobre isto é pois muito simples: devemos livrar-nos do património afecto a áreas de negócio totalmente estranhas a um Clube desportivo. E isto implica distinções:
- O edifício do Visconde é o exemplo prototípico de uma área de negócio estranha ao Clube. É um edifício de serviços, não serve nenhuma finalidade específica do Sporting nem explora a sua marca. Admito que seja vendido, com uma ressalva: faria sentido que o piso ocupado pelos serviços do Sporting permanecesse nosso. Por uma questão de princípio (para não sermos inquilinos em nossa própria casa) e também porque a venda de tudo nos obrigaria a pagar uma renda certamente elevada.
- A Alvaláxia é um caso diferente. Parece evidente que não tem qualquer viabilidade enquanto espaço comercial apenas vocacionado para os dias de jogo (aliás, parecia evidente desde a primeira hora, e o estranho é que alguém tenha pensado o contrário). Nesse sentido, a solução da Alvaláxia será transformar-se num centro comercial como os outros, livrando-se da sua conotação clubista. No entanto, e sem conhecer os números, parece-me má ideia vender à pressa e em baixa. O desenvolvimento na área do antigo estádio (qualquer que ele seja; um dia se descobrirá) será certamente um boost à potencialidade do centro comercial, e permitiria uma negociação em condições mais favoráveis.
- O bingo é um caso especial. Tem profundas tradições no Clube, ao qual sempre esteve associado. O facto de ser "o bingo do Sporting" foi sempre uma marca distintiva, o que me leva a pensar que tem o seu lugar na esfera de actividades do Clube. O que acontece é que não pode ser tratado de acordo com a "lei do menor esforço", que é aquilo que faz FSF. O bingo passou de um lucro de 1,5 milhões de euros anuais para uma exploração deficitária. A solução do presidente é fechá-lo. A solução do bom senso seria reavaliá-lo, tentar perceber as causas de tão abrupto decréscimo de receitas e corrigi-las. Nem sequer parece muito difícil, dado que o declínio do bingo coincidiu com a sua mudança de instalações.
- A clínica CUF e o Holmes Place são casos de fronteira. Não tenho conhecimentos que me permitam concluir se a marca Sporting é ou não um elemento determinante na respectiva exploração comercial. Se não for, nãome repugna que sejam vendidos. Sobre a questão do património há que ter presente o seguinte: durante uma década a edificação destas infra-estruturas foi o holiest of holies do Projecto. Sempre que se apontava o desinvestimento desportivo, logo aparecia alguém a justificar-se com o esforço empreendido na construção civil, que não só nos daria equipamentos desportivos de primeiro plano como nos proporcionaria rendimentos imobiliários fundamentais para o crescimento e sustentação futuros do Clube.
Já se percebeu - como foi avisado em tempo - que isto era mentira. Os equipamentos desportivos que temos, são os que os nossos rivais têm; e o património imobiliário é uma manada de elefantes brancos deficitários.Significa isto, em linguagem prosaica, que o Sporting comprou um Porco inteiro e vai comer apenas os ossos, deixando para outros o lombo. Ou seja, metemos mãos a edificar património, endividámo-nos para isso, deixámos de fazer outros investimentos, e agora vamos vender com pequena mais-valia (se é que haverá alguma), para que no futuro outros, mais competentes, rentabilizem esses espaços.Os equipamentos cuja venda FSF propõe custaram 35 milhões de euros a construir (números de Rui Meireles em entrevista). Em cima disto terão sido pagos juros que não posso contabilizar. Se o valor da venda for aplicado na redução do passivo correspondente àqueles equipamentos, como é anunciado, que mais-valia será esta, que nos permitirá pensar em pavilhões e pistasde atletismo? Não brinquem (ainda mais) com a inteligência dos sportinguistas, por favor.

"um sportinguista preocupado"

"No que diz respeito à tua análise à possível alienação do património imobiliário, concordo, na generalidade, com o que é exposto sobre oVisconde de Alvalade, o Alvaláxia, o Bingo, a Clínica e o Holmes Place. Devo, contudo, fazer algumas ressalvas relativamente às conclusões: Penso que ninguém equaciona a venda do referido património sem consideráveis mais-valias, razão pela qual não se torna absurdo o esforço financeiro realizado para o edificar. Aí estará o cerne da questão, já que, caso seja possível um encaixe de capital significativo, o referido património poderá,por via indirecta, produzir parte dos efeitos pretendidos inicialmente. Ou seja, sendo a estrutura de gestão incapaz de gerar os proveitos um dia idealizados através da exploração das áreas construídas, a venda poderá ser a solução racional. Não posso ainda concordar com a ideia de que o Sporting possui estruturasdesportivas e património edificado equivalente ao dos rivais: o centro de estágio utilizado pelo FC Porto não lhe pertence e o usufruto bem pode estar dependente da vontade política de um futuro "ocupante" da CM de Gaia,enquanto a futura casa encarnada no Seixal deve ser a única no mundo acontar com três primeiras pedras, mas as outras teimam em não aparecer. Emúltimo lugar, é preciso não esquecer que ainda existem mais-valias porrealizar no âmbito do acordo de permuta de terrenos efectuado a quando da adesão à organização do Euro' 2004”


JEAN PAUL LARES

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu