Está a começar a segunda volta do campeonato, podendo fazer-se uma previsão para o que a época ainda nos reserva. Para já, a certeza de que os 65 pontos que há um ano garantiram o título ao Benfica serão insuficientes para coroar o novo campeão. Aliás, isso era previsível e meio campeonato bastou para o FC Porto somar 40 pontos. Por outro lado, a constatação de que, se os portistas perdessem, na segunda metade da prova, os mesmos pontos que perderam na primeira, para ser campeão, o Sporting teria de ganhar todos os jogos. Tempos difíceis, portanto, para os leões. Atrevo-me mesmo a prever uma luta a dois até final do campeonato, pelas razões a seguir expostas.
FC PORTO e a Quaresmodependência - O FC Porto teve dois grandes méritos na primeira metade da época: o trauma de uma frustrante participação na Liga dos Campeões não se ter reflectido na Liga portuguesa e, nesta, não ter perdido pontos com as equipas da segunda metade da tabela (o Marítimo - 9.º lugar - é o pior classificado que conseguiu roubar pontos aos dragões). Existe, no entanto, o reverso da medalha: das 5 equipas que lhe sucedem na classificação, só derrotou o Nacional. Fica, por isso, a questão de saber como se sairá nos jogos decisivos da segunda volta, em que estará em Alvalade e na Luz, entre outros campos e também da importância que essas partidas terão. Há, ainda, outra questão: viverá a equipa numa excessiva Quaresmodependência? Não há mal nenhum em aproveitar ao máximo o talento de um jogador, mas estar na sua dependência representa um risco elevado (lesões, castigos, abaixamentos de forma). É evidente que o 'plantel' conta com outros valores seguros para o ataque, mas Quaresma tem garantido ultimamente muitos pontos. O FC Porto de Mourinho foi capaz de desmentir a Decodependência, conseguirá o actual demonstrar que o ataque não é (quase) só Quaresma? As respostas a estas questões poderão ser a chave para a recuperação do título de uma equipa que, com seis pontos de avanço, é a favorita.
BENFICA e a regularidade na irregularidade - A participação do Benfica tem sido caracterizada por uma estranha regularidade na irregularidade: três jogos iniciais sem vitórias quando o treinador não parecia saber o que fazer com os jogadores que tinha; cinco vitórias consecutivas, assim que as coisas estabilizaram; quatro encontros sem triunfos, na fase das lesões; nova série de cinco vitórias seguidas (ainda em curso). Se fizer uma segunda volta semelhante, é certo que não revalidará o título. Estou convencido de que aquilo a que chamei regularidade na irregularidade pertence à história. O 'plantel' parece mais forte... desde que Simão não saia. Só não aponto o Benfica como principal candidato porque já tem seis pontos de atraso. E está proibido de perder mais, num momento em que se aproxima um 'derby' com o Sporting.
SPORTING e a imaturidade - Jardel, João Pinto, Paulo Bento, Pedro Barbosa, Rui Jorge, entre outros, já pertencem à história. Beto parece ter a porta de saída aberta. Sá Pinto caminha para o final da carreira. O Sporting parece rodeado de imaturidade. Tem jovens com enorme potencial, mas que não parecem capazes de garantir estabilidade. E nem tal deveria ser-lhes exigido, quando parecem tão... desacompanhados. Até porque não podemos esquecer o que já passaram desde o início da época: afastamento da Liga dos Campeões; eliminação traumatizante na Taça UEFA; substituição do treinador, do presidente e dos dirigentes da SAD; episódios menos agradáveis com alguns jogadores (agressões em treino; atrasos). Não será demais para estes jovens e, até, para um treinador que está a iniciar a carreira? Por este e outros aspectos (atraso pontual e menor valia do 'plantel' quando comparado com os dos rivais), não acredito no Sporting campeão. Trabalhar bem na formação e ter um 'ponta-de-lança' fora-de-série não me parecem suficientes para chegar ao título. Ainda que Romagnoli possa vir a ser o motor que faltava.
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